Uma coisa absolutamente fantástica - Hank Green
>> quarta-feira, 14 de novembro de 2018
GREEN,
Hank. Uma coisa absolutamente
fantástica. São Paulo: Editora Seguinte, 2018. 341p. Título original: An
abolutely remarkable thing.
Não,
você não leu errado. Tampouco escrevi errado. Este livro foi escrito por Hank
Green, irmão do nosso conhecido e amado John Green. Você já deve ter ouvido
falar dele no canal que os dois possuem no YouTube, “Vlogbrothers”. Se não ouviu, você pode
conhecer o trabalho dele agora como autor, com seu primeiro livro Uma coisa
absolutamente fantástica. Quando vi o nome do autor na lista de livros, mal
prestei atenção no título. Já quis de cara conhecer o trabalho e ver se Hank
escreve como o irmão. Melhor? Pior? Eu te conto.
April
May (isso mesmo) é uma garota que trabalha como design. Trabalha muito,
trabalha duro, e não tem o seu trabalho realmente reconhecido. Ela namora Maya
(apesar de nem assumirem o namoro, nem dizerem que moram juntas, elas “dividem”
um apartamento), uma moça negra que é decidida, centrada, totalmente o oposto
de April. Seu melhor amigo é Andy Skampt e, juntos, os três formam um belo trio
na faculdade. Hoje todos formados, Andy tem um canal no YouTube com um amigo;
April trabalha como design ganhando muito mal; e Maya é a única dos três que
parece ter um trabalho de verdade.
Um
belo dia, voltando do trabalho de madrugada, April se depara, na porta de um
prédio, com uma escultura imensa, de aproximadamente 3 metros de altura.
Impressionada não só com o tamanho, mas também com a temperatura e a textura do
objeto, April liga para Andy para que ele vá filmar a escultura a quem dá o
nome de Carl.
Andy
aparece, fica igualmente impressionado, faz as filmagens em que April aparece
apresentando a escultura e eles publicam na internet.
O
que eles não contavam é com a repercussão que o vídeo traria, tampouco com a
reviravolta que sofreriam em suas vidas por causa dessas imagens.
Por
terem sido os primeiros a registrarem o Carl, eles se tornaram famosos e
começaram a ganhar vários seguidores, a serem chamados para entrevistas,
programas de televisão. Claro que ganharam também muitos haters, o que é
absolutamente normal no mundo midiático e de quem tem uma vida pública em
geral. Acontece que aqueles que odeiam April May são especialmente maldosos e a
vida dela pode estar correndo risco de vida.
Entre
ficar famosa, rica e lidar com fãs, haters, namoros malsucedidos e lobos em
pele de cordeiro, April vai perceber (ou não) que talvez tenha entrado um pouco
de cabeça demais nesse mundo dos holofotes.
O
livro é narrado em primeira pessoa pela April e, de cara, ela já te fala que
está contando como ela chegou ao ponto em que estava.
Do
início ao fim da história passei por vários momentos em que curti e torci por
April, e outros em que queria matá-la por ser tão infantil, egoísta e
egocêntrica. A fama deve fazer isso com as pessoas, não é possível.
Gostei
muito de Maya e de Miranda, que é uma personagem secundária que aparece um
pouco depois da descoberta dos Carls e tem um papel fundamental para ajudar a
entendê-los.
Andy
é um nerd fofo. Contudo, apesar de ele ter ficado famoso junto com April e ter
passado pela maioria das situações com ela, sua parte principal ficou para o
final. Quando você acha que o livro está acabando e que Andy não vai ter o
merecido final, ele acontece. Então, não se desapontem antes da hora.
Robin
é o assistente gatinho de April, superprestativo.
Os
pais de April não aparecem muito, mas causam empatia nos raros momentos em que
aparecem, ainda que não se mostrem os pais mais preocupados do mundo.
O
livro tem uma carga nerd muito grande. Preparem-se. Em alguns momentos eu
fiquei um pouco pra trás nos raciocínios, principalmente nas explicações
técnicas. Não foram muitas as vezes em que isso aconteceu, mas tudo estava
totalmente dentro do contexto.
Além
disso, o livro me lembrou um pouco Jogador nº 1 em determinados momentos. E tem
várias e varias e várias referências às musicas do Queen!!!
Achei
muito legal a mensagem que o livro traz sobre como as pessoas lidam com as
redes sociais, e sobre como aqueles que se tornaram visados na mídia por alguma
razão lidam com essa fama que é cada vez mais temporária, de modo que a pessoa,
com receio de perder o que conquistou e cair no esquecimento, faz coisas que
por vezes podem prejudicá-la.
Há
também as tão famigeradas fake news, que estão tomando conta da vida das
pessoas, modificando pensamentos, conceitos de vida e influenciado opiniões,
atitudes, sem as pessoas ao menos pesquisarem se aquilo é realidade ou falso.
Você
observa que em tais momentos há um tom de experiências retiradas das próprias
vivencias do autor com a internet e o mundo dos youtubers e dos fãs e haters.
O
desfecho, ainda que tenha dado indícios desde o início do que poderia
acontecer, me surpreendeu de certa forma e cheguei a me emocionar. Acredito eu
que o final deu a entender de que haverá uma continuação. Ou não, você decide
por conta própria se vale a pena uma continuação. Não quero dizer com isso que
o final ficou totalmente em aberto. Não é isso. Mas os indícios estão ali. Há
coisas a serem exploradas.
Dito
tudo isso, leitoras e leitores, trago a notícia de que eu me encantei pela
escrita de Hank Green. Digo mais, a forma como ele escreve é totalmente
diferente da do irmão. Tem identidade própria, o que é maravilhoso. Deste modo,
não há como dizer qual dos dois é melhor. Digo que os dois são ótimos de formas
diferentes.
Espero
ler mais livros do autor. Que venham outras histórias absolutamente fantásticas
como esta!
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Avaliação
(1 a5): 4,5