Viagem Cinematográfica: O Paciente – O Caso Tancredo Neves

>>  sexta-feira, 21 de setembro de 2018



Data de Lançamento: 13 de setembro de 2018 (1h 40min)

Direção: Sergio Rezende
Elenco: Othon Bastos, Esther Góes, Leonardo Medeiros



O Caso Tancredo Neves está nas páginas da História brasileira, e é por estas páginas que eu conheci e acompanhei. Não sou da geração que ficou emocionada em frente à televisão à espera dos boletins médicos e informativos. Não sou da geração que foi para as ruas pedir o direito de votar para presidente (ou simplesmente não foi, por que era do outro lado), apenas para depois ver o último presidente eleito por voto indireto, o primeiro civil após a ditadura militar, falecer sem tomar posse.

Eu posso não ser da geração que se emocionou com o agradecimento fervoroso de Dona Risoleta Neves, posso não ser da geração que acompanhou um dos maiores cortejos fúnebres que o país já viu. Eu posso não ter chorado Tancredo, mas eu sou da geração que sabe a importância da história, especialmente pela tendência que os eventos terem de ser circulares.

Eu sou da geração que aprendeu sobre a abertura política e a chapa Tancredo-Sarney nos livros de história e com excelentes professores, pude me apaixonar por movimentos cíveis, de rua, pelo poder da voz popular, pelo poder da Democracia. Eu sou da geração que pode não necessariamente concordar com partidos e certamente discorda de diversos políticos, mas que defende veementemente a liberdade política.

Digo isso pois todos esses sentimentos afloram na sessão desta excelente produção, conduzida com uma sutil firmeza pelo diretor Sérgio Rezende, que teve seu trabalho em muito facilitado pela atuação precisa e seriamente conduzida por Othon Bastos.

O filme foca nos últimos dias de vida de Tancredo, desde o primeiro contato com o médico da Câmara até sua morte. Em ano eleitoral, foi uma grata surpresa encontrar um filme sobre a vida e história de político com roteiro praticamente apolítico, o que suporta a escolha do título: “O Paciente”. Aqui temos uma pessoa doente, que porventura também é o presidente do Brasil, e que esse status provavelmente foi o culpado para seu trágico destino.

Independentemente da sua geração, pré ou pós Tancredo, esse filme toca. E faz isso sem ser sentimental, o que talvez seja sua grande proeza. Bem conduzido, bem editado, e muito bem atuado, conseguimos nos envolver nessa página da história Brasileira, lendo-a com outra visão, outra cabeça.

Seja qual for seu estilo, sua idade, seu gênero e, especialmente, sua posição política, esse filme vale a pena. E este é seu grande triunfo: conseguir agradar todas as tribos. Um pouco como o próprio Tancredo Neves.


Avaliação: 3,5


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