Correndo descalça - Amy Harmon

>>  sexta-feira, 17 de agosto de 2018


HARMON, Amy. Correndo descalça. São Paulo: Editora Verus, 2018. 349p. Título original: Running barefoot.

“Olhei para baixo e pensei depressa, tentando procurar um motivo para impedi-lo de ir, para prolongar a despedida.. Senti a repentina proximidade e olhei para ele, para o rosto que agora estava bem perto do meu. Seus olhos eram negros, e a respiração era quente no meu rosto molhado. Ele se inclinou cauteloso, os olhos cravados nos meus, e se aproximou até eu não enxergar mais formas e cores. Samuel inclinou a cabeça para a direita, e eu levantei a boca na mais breve insinuação de um beijo que nunca aconteceu. Os lábios dele passaram bem perto dos meus e encontraram minha testa. Senti o beijo, fechei os olhos e deixei escapar um suspiro. E ali ficamos por vários segundos. Até ele se afastar de mim. Samuel segurava meus presentes nos braços e meu coração na mão.” p. 112-113

A Amy Harmon escreve new adults, mas de certa forma, diferentes da maioria dos autores do estilo. Seus livros são mais singelos, mais românticos que sensuais e tem uma presença grande de religiosidade. Já li da autora Infinito + um e Beleza perdida e adorei os dois. Hoje conto o que achei do novo livro dela no Brasil, Correndo descalça.

Josie Jensen amadureceu muito cedo. Perdeu a mãe para o câncer muito nova, aos 8 anos era a única mulher em uma casa com mais três irmãos e o pai. Depois disso, ela deixou de ser criança. Aprendeu a cozinhar, a organizar a casa, a cuidar das roupas. Tudo apenas com a ajuda da pequena comunidade onde moravam em Levan, Utah. Josie aprendeu receitas e a cuidar da horta da família. Como resultado, Josie era uma menina muito precoce. Ela se apaixonou por música ouvindo o piano da nova vizinha, um casal idoso que iria passar algum tempo na cidade. E logo se tornou aluna de Sonja Grimaldi, Josie ia todas as tardes na casa dela para estudar.

Como tudo aconteceu muito rápido, Josie também virou mulher muito cedo, aos 10 anos. Ela desenvolveu um corpo que as meninas de sua idade ainda não tinham, e constrangida, escondia os novos seios nas roupas largas e velhas que herdava dos irmãos. Ela era tímida e tentava se esquivar das provocações dos meninos da escola, e do olhar invejoso das meninas para o seu corpo.

Foi no ônibus escolar que ela conheceu Samuel Yates. Samuel era um garoto calado e revoltado, descendente de índios navajos com um pai branco. Ele perdeu o pai cedo e foi forçado a sair da casa da mãe, que se casou novamente com um homem violento, e veio morar com os avós paternos em Levan. Apesar de 5 anos mais nova, Josie e Samuel logo ficam amigos no ônibus. Ela uma menina de 12 anos, ele um rapaz de 17.

Josie ensina a Samuel amar as palavras, ela que andava sempre com um livro nos braços. Eles conversam sobre música, sobre sonhos. Elas ajuda um menino revoltado e fechado, a se abrir, a procurar por seu lugar no mundo. E o sonho de Samuel, é se tornar um fuzileiro naval. E assim, um ano depois, ao se formar na escola, ele parte. Ele deixa Josie para trás, apaixonada e com o coração partido. Ele sabia que ela era nova demais, que nada poderia acontecer.

Os anos passam, muita coisa muda. Os sonhos de Josie acabam sendo também deixados para trás. E quando eles se reencontram, agora já adultos, cabe a Samuel ensinar a Josie sobre a vida, sobre o amor, e sobre a importância dos sonhos.

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Mais uma vez a autora acerta a mão, um romance lindo, profundo e que emociona. Mas por um motivo e outro, foi o que menos gostei dela, entre os três que li. Eu gostei do livro, do enredo, só não foi meu favorito entre os dela. 

Primeiro vamos ao que eu adorei no livro. Eu curto muito a narrativa da Amy Harmon, seus romances evoluem aos poucos, têm conteúdo. Eu gosto desses new adult mais leves no quesito sexo, que não focam na vida sexual dos protagonistas e sim em todo o restante. E  a autora também sempre fala muito sobre Deus, sobre religião em geral. Seus personagens sempre falam de fé e sempre têm a igreja presente na vida deles. Fica bonito, sem ficar forçado. O relacionamento evolui bem, eles se conheceram ainda crianças e tudo acontece aos poucos. Eu torci muito pelos dois desde o início. Impossível não amar Josie e Samuel, e não querer que ficassem juntos.

Agora o que me desapontou. Esse livro é focado apenas nos protagonistas, e isso foi uma falha e tirou até a emoção do livro em determinados momentos. Josie se apaixona na adolescência, tem um namorado, depois algo acontece. Era tudo muito triste, mas eu não consegui me emocionar. A autora em nenhum momento constrói direito o personagem e o relacionamento deles (pode ter um pouco haver com o leitor não deixar de torcer por Samuel, mas mesmo assim não gostei). Até porque em outros livros dela, os coadjuvantes roubavam a cena! Nunca vou esquecer Bailey (o melhor amigo da protagonista de Beleza perdida). A mesma coisa com o pai dela, os irmãos, eles aparecem menos do que deveriam.

A autora também insere nos livros diversos contos indígenas, histórias de compositores famosos, etc... e no final, conta tudo em um capítulo! Gente isso me irrita demais! Nada contra as histórias todas contadas no meio do livro, eu até gosto, mas enche de páginas aleatórias para depois economizar no final, não me conformo!

Bom, foi o que menos gostei dela, mas eu indico mesmo assim. É um romance fofo, uma história muito bonita e bem contada. Quem leu me conte o que achou, leiam!

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Avaliação (1 a 5): 3.5

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