Céu sem estrelas - Iris Figueiredo
>> quarta-feira, 25 de julho de 2018
FIGUEIREDO, Iris. Céu sem estrelas. São Paulo: Editora Seguinte, 2018. 357 p.
Ah, eu e meu amor pela literatura
nacional! Algo que não tem explicação e, ao mesmo tempo, a meu ver, faz todo
sentido. Acompanho os autores nacionais desde sempre, alguns mais do que
outros. A Íris foi uma das primeiras que comecei a acompanhar e, de certa forma,
abriu espaço para outras. Adorei Confissões
online, primeiro livro que li da autora, e foi com grande alegria e
expectativa que acompanhei a notícia de que a Editora Seguinte lançaria seu
novo título: Céu sem estrelas. Não
via a hora de o livro chegar para, finalmente, saciar minha curiosidade. Será que
superou minhas expectativas? Veremos!
Cecília é filha única e vivia com a
mãe, Luciana, e o padrasto, Paulo. Ela não sabe quem é seu pai. Sua mãe não é
uma pessoa muito amorosa, e ao longo da vida Cecília se viu indo e vindo da
casa da avó, para onde ia sempre que a mãe não sabia lidar bem com a
maternidade. Cecília tem verdadeiro ódio de seu padrasto desde que descobriu
que ele não era a pessoa mais santa da Terra, desde então ela só queria que ele
ficasse bem longe de sua mãe.
Na semana em que completa 18 anos,
várias coisas ruins começam a acontecer na vida de Cecília e, após uma briga
feia com a mãe, ela se vê sem ter para onde ir. Se for para a casa da avó
materna, a chance de encontrar a mãe será enorme. O que fazer?
Então, ela vai viver na casa de sua
melhor amiga Iasmin, que tem um irmão mais velho, Bernardo, por quem Cecília
nutre um amor platônico desde sempre.
Ela acha que algo jamais aconteceria
entre eles, afinal, ele é lindo e rodeado de amigos, enquanto ela é desleixada
e gorda. Ele jamais olharia para ela.
Ela não poderia estar mais errada. Bernardo não só está muito interessado, como
não consegue prestar atenção em outra coisa quando Cecília está por perto.
Enquanto se desdobra para lidar com um
romance de que ninguém sabe e que ela não tem certeza se vai dar certo, Cecília
ainda tem que lidar com outros conflitos emocionais. Será que sua mãe a odiaria
para sempre? Será que ela seria sempre abandonada pelas pessoas que ama? São
medos que a acometem de forma tão terrível que provocam sensações e reações com
as quais ela não sabe lidar (e, na verdade, não sabe nem do que se trata).
_________
Vamos começar, uma vez mais, falando da
narrativa. Tenho uma relação de amor e medo (rs) por narrativas alternadas
entre os protagonistas da história. Fico com medo de duas coisas que na verdade
estão ligadas: 1) não conseguir distinguir quem está narrando; 2) não conseguir
vislumbrar o personagem da forma como deveria, por ser de outro sexo.
No caso desse livro, meus medos foram
totalmente superados logo no primeiro capítulo, narrado por Bernardo, de modo
que amei a narrativa feita tanto por Cecília quanto por ele.
Simpatizei muito com Cecília e torci
demais por ela! Sofri muito com ela nos seus momentos mais agoniantes, em que
não pensava que haveria salvação, esperança. Queria só que ela enxergasse a luz
no fim do túnel e fosse feliz. Não é fácil, eu sei.
Bernardo. Top Piriguetagem 2018, sim ou
com certeza? Não tem como não se encantar por esse garoto fofo, que só quer ser
um cara bom, alguém completamente diferente de seu pai, que é um grande babaca
com a mãe.
Iasmin é uma boa amiga, mas como toda
pessoa apaixonada, tornou-se mais distante não só dos personagens como também
do leitor. Esperava um pouco mais dela.
Rachel, personagem um pouco mais
secundária, é um amor de menina, queria tê-la como amiga.
A avó de Cecília é uma mulher
maravilhosa! Fiquei com vontade de ir correndo abraçar a minha!
Não posso dizer o mesmo da mãe da
Cecília. Que mulher horrível! Que vontade de passar a cara dela no muro de
chapisco! Como alguém faz as coisas que essa mulher fez com a própria filha?
Sinceramente.
A família de Bernardo e Iasmin aparecem
menos na história, mas isso não me deu menos vontade de falar poucas e boas com
o pai deles.
Houve determinados momentos em que tive
que respirar muito fundo, fechar o livro, dar um passeio, para só depois
retomar a leitura.
Houve outros momentos em que xinguei, chorei,
ou quase chorei, fiquei sem fôlego.
Chegou um momento em que jurei que não
haveria mais nenhuma esperança e nada mais daria certo. Já passei por muito
livro assim ao longo deste ano, poderia ser mais um.
Mas o desfecho, apesar de ter um tom
mais de recomeço que de desfecho, não me decepcionou. Pelo contrário. Terminei abraçando o livro.
Os únicos desfechos que criaram um pouco
mais expectativa para mim foram o de Iasmin e o da mãe da Cecília. Alguns
acontecimentos ocorridos ao longo da história me fizeram esperar mais pelo
final das duas.
Mesmo assim, não consegui encontrar
razão para que este não seja mais um livro cinco estrelas na minha estante.
Para mim, que já tinha lido Confissões online e já gostava da escrita da
autora, acho que evoluiu muito! A Íris está de parabéns.
Os temas tratados na história, como a
depressão, a transição para a vida adulta, as inseguranças, os medos, são
trazidos pela autora de modo denso e leve, ao mesmo tempo, nos colocando num
carrossel de emoções.
Por fim, preciso comentar sobre o fusca
azul que tem na contracapa. Ele é um personagem importante na história, de
início como uma simples brincadeira vinda lá da infância (quando via um fusca
azul passar na rua, você gritava “Fusca azul!” e socava o coleguinha? Sim, é
essa brincadeira). Depois, o fusca se tornou uma metáfora no contexto do livro.
Vocês tinham que ver minha missão para conseguir uma miniatura de fusca azul
para tirar uma foto com o livro para divulgação desta resenha no Instagram do
Blog. Se eu consegui cumprir essa missão, vocês vão ter que ir até o
@blog.viagemliteraria para conferir!
Portanto, indico para todo mundo que
curte livros do estilo. Leiam!
Avaliação (1 a 5): 5