Viaje com as Séries: Kurt Seyit ve Şura
>> sexta-feira, 25 de maio de 2018
Uns dos meus talentos mais secretos e sub explorados
é minha capacidade de encontrar ótimos programas fora da modinha. Me chame de
exploradora dos confins da Netflix, mas isso já me rendeu programas incríveis,
de alta qualidade e extremamente viciantes. Inclusive, na maioria das vezes
esses programas fogem do eixo EUA-Reino Unido-Brasil, que é o nosso porto
seguro ao procurar entretenimento.
(Um parênteses cabe para ressaltar a exceção que foi
La Casa de Papel, série espanhola que
virou programa obrigatório entre os assinantes brasileiros).
O meu talento “fuxiqueiro”, tendo um controle
remoto como arma, já encontrou séries icônicas, como a inigualável dinamarquesa
Rita, que conta a história de uma
professora com métodos nada tradicionais no serviço público dinamarquês, a hoje
famosinha Dark, alemã que explora as
teorias da relativização do tempo e espaço, e outras mais.
Hoje vou falar do meu atual vício, razão das
minhas maratonas e que me deixa até com os olhos cansados – típico de uma boa
maratona Netflix. É a série turca Kurt Seyit ve Şura (que se traduz
como “O Lobo Seyit e Sura”), produção
apresentada na Netflix como temporada única, mas originalmente foi produzida na
televisão turca como 2 temporadas, adaptadas do romance “Kurt Seyit ve Şura” e com
alguns pedaços e inspirações da continuação, “Kurt Seiyt ve Mürvet”.
Os livros que inspiraram a série são romances
baseados em fatos e pessoas reais, escritos por Nermin Bezmen, neta do Kurt Seyit Eminof, personagem principal dos
romances. A autora passou mais de 4 anos pesquisando sobre seu avô, sua família
e a história e época em que viveram, e, com sua criatividade e instinto
familiar, juntou as linhas em uma história de amor e luta bastante sofrida, mas
muito pura e bonita, sem falar em cativante.
A série, como o próprio nome indica, tem 2
protagonistas: O Tenente do Exército do Czar, Seyit Eminof, turco da Criméia, apelidado
de Kurt (lobo) por seus instintos na batalha e espírito galanteador com as
mulheres, e Alexandra Verjenskaya (Apelidada Şura, com pronúncia “chúra”), uma
jovem nobre russa, recém introduzida à sociedade, mais nova de 3 irmãs de uma
rica família oligarca. Os dois trocam olhares em um baile, o primeiro de Şura,
e foi o suficiente para Seyit cair de amores e abdicar de sua vida de festas e
amantes.
Mas a vida não sorri para nossos pombinhos. No
caminho deles há o tempo, a história, e com ela vem a 1ª Guerra Mundial,
seguida da revolução russa de 1917, que coloca Kurt Seyit e Şura como persona
non grata em seu país, assim como seus familiares, e os faz enfrentar uma
verdadeira odisseia em busca da segurança, se é que ela existe.
A revolução e os bolcheviques vermelhos já seriam vilões
suficientes para a história, mas no caminho do casal existe também Petro
Borinsky, amigo de Seyit com quem vive em eterna competição, que nutre um
doentio amor por Şura, e uma sede de vingança capaz de muitas maldades.
A história se desenvolve e cresce num ritmo
alucinante, de modo que sabemos que não é a produção de maior qualidade já
feita (isso é um eufemismo, na verdade, ela precisa melhorar bastante em muitos
aspectos da produção), mas encanta ao apresentar o mundo da Criméia, e
posteriormente, a viva, brilhante e revolucionária Turquia.
A sensação que tenho é que poderia acompanhar a
vida dos personagens para sempre, não só dos 3 principais que aqui apresentei:
o corpo de coadjuvantes é um dos melhores que já vi, na fase russa mas
especialmente na era de Istambul, o que nos faz criar verdadeiro carinho e
interesse pela vida e destino de cada um deles.
Confesso que o que me chamou atenção para esta
série foi seu cartaz, de beleza única, e depois fui totalmente fisgada pela
beleza e intensidade do ator que interpreta o Kurt Seyit, a escolha perfeita
para o papel (e para nossos corações). Depois de um tempo, acostumei com os
olhos azuis penetrantes, e consegui ver mais: a pose, as demonstrações mais contidas
de carinho, os costumes. E os detalhes me ensinaram bastante.
Faz menos de 2 semanas que comecei a série, e já
estou no episódio 43 (com cerca de 50 minutos cada). Confesso que aprendi um
pouco de turco nessas minhas aventuras televisivas, e aprendi também que o
oriente é um lugar de muita, mas muita dor, mas de muito mais vida.
Fica minha sugestão, e sintam-se livres para
passar a de vocês. O único requisito: não ser um programa da moda! Precisa ser
uma preciosidade, aquele filme ou série que você sente que só você conhece!
Alguém se habilita?