Nunca houve um castelo - Martha Batalha
>> quarta-feira, 30 de maio de 2018
BATALHA,
Martha. Nunca
houve um castelo. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2018. 250
p.
A primeira
vez que ouvi falar de Martha Batalha foi em uma resenha no YouTube sobre o
livro anterior dela: A vida invisível de
Eurídice Gusmão. A capa do livro me chamou atenção, e a resenha me
deixou super curiosa. Quem acompanha minhas resenhas sabe que sou atraída por
livros com títulos diferentes. Então vi que seria lançado um novo livro da
autora: Nunca houve um castelo, título igualmente interessante. E percebi ali a
oportunidade de conhecer a escrita da autora. Será que gostei?
Johan e
Brigitta se conheceram em uma festa e se apaixonaram tão instantaneamente que
se casaram em questão de pouco tempo. Ele, com seus mais de 2 metros de altura,
e ela, com uma surpresinha guardada já para a lua de mel. Ela ouvia vozes. E o
pior: elas mandavam em Brigitta e ditavam o rumo de sua vida, suas coisas, suas
atividades diárias. Isso incluiu, claro, a primeira noite de amor entre ela e
Johan.
Meses depois,
desesperado de tanto ter que aturar as vozes que a mulher ouvia e acreditando
que uma mudança de ares as diminuiria ou cessaria, Johan aceita o trabalho de
Cônsul da Suécia aqui no Brasil e se muda para o Rio de Janeiro. O choque
cultural, a miséria, o calor do Rio são assustadores a princípio para o casal,
mas eles dão um jeito de se adaptar rapidinho.
Um dia,
algum tempo após a mudança, eles decidem conhecer outras partes da cidade
maravilhosa e vão parar em Ipanema. Eles se encantam pelo lugar, pela praia,
pelo mar, e decidem que é ali que vão viver. Então Johan manda construir ali um
castelo para sua família viver.
Eles se
mudam, têm filhos e começa aí a história da família Jansson.
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Agora que
vocês já conhecem a origem da história da família Jansson, preciso dizer que a
história da vida de Johan e Brigitta em si vai até lá pela página 40. Sem
entrar em muitos detalhes para não ser a chata do spoiler, a partir de então
passamos conhecer mais sobre Laura Alvim, a vizinha do castelo da família e que
era o amor da vida dos três filhos de Brigitta.
Em seguida,
conhecemos um pouco da vida adulta dos três filhos, principalmente a de Nils.
Ele se casa com Guiomar, a estrábica, e eles têm um filho, Otávio, mais
conhecido como Tavinho.
Após a
história de Nils e Guiomar, nos é contada também a história de Otávio e Estela,
e essa parte para mim foi a que valeu o livro inteiro. Fui levada a acompanhar
um relacionamento desde o início, passando por todos os conflitos de
convivência entre duas pessoas que tiveram educações diferentes, por todas as
dúvidas que o casal têm em relação ao sentimento que nutrem um pelo outro, o
que precisa ser relevado e não foi, ou foi e culminou em um orgulho ferido e um
coração partido. Até chegar à necessidade de se superar seja lá o que tenha
acontecido pelo bem do outro, apesar de tudo.
O que você
precisa memorizar sobre esse livro antes mesmo de ler é que todos, ou a maioria
dos envolvidos, terão sua história contada em determinado momento no livro. E
eu garanto que isso foi feito da melhor forma possível, nada confuso ou
cansativo.
E assim fui
levada a conhecer várias gerações da família Jansson, desde seu início até o
seu inevitável fim.
De repente
me peguei pensando como seria contada a história das gerações da minha família.
É inevitável.
Acho que deu
para perceber a qual das gerações mais me apeguei, né? Otávio e Estela viveram
na época da ditadura, da censura, alguns personagens inclusive passam pela
prisão e pelas torturas tão comuns à época.
A única
coisa que me incomodou foram as atitudes de Estela em relação às coisas que
Otávio fazia e que, por vezes, a magoavam e muito, e ela seguia como se
deixá-lo fosse a pior coisa que poderia lhe acontecer. Cada um deles
tem seu segredo que, quando vem à tona, me pegou de surpresa.
E foi
exatamente por isso que o desfecho me deixou muito satisfeita. Tudo tão bem
amarrado, bem contado e finalizado.
O título?
Você deve estar se perguntando. Fiquei em dúvida se deveria comentar sobre ele.
Eu sei exatamente porque ele se chama assim, mas acho que vou deixar para você
descobrir sozinho(a). ;)
E como esse
livro me lembra os clássicos nacionais, Nossa! A forma como a história é
contada, a intercalação entre a história de cada personagem. É espetacular! Com
certeza vou querer ler outros livros da autora.
E me arrisco
a dizer que acho que você deveria querer ler também!
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Avaliação (1
a 5): 4.5