A parte que falta - Shel Silverstein

>>  quarta-feira, 16 de maio de 2018



SILVERSTEIN, Shel.  A parte que falta. São Paulo: Editora Companhia das Letrinhas, 2018. 112 p. Titulo original: The missing piece.

Ultimamente tenho visto o lançamento cada vez maior de livros de poesias com ilustrações que, a princípio, não me dizem nada, mas que, ao lê-los, tocam lá no fundo. A primeira vez que passei por isso foi lendo Outros jeitos de usar a boca, da Rupi Kaur. Leitura rápida, mas arrebatadora. Então, fiquei sabendo que a youtuber Jout Jout havia falado sobre A parte que falta em seu canal e que esse vídeo havia viralizado, contribuindo para a explosão de vendas do livro. Por isso, fiquei com muita vontade de lê-lo, apesar de poesia não ser um estilo que eu curta muito. Mas depois da experiência com o livro de Kaur, eu sabia que a chance de me decepcionar seria mínima. Será?


O livro conta a história de uma bolinha, um queijo, seja lá como você queira nomear a figura arredondada que ilustra a história. Ela está procurando uma parte que lhe falta. Enquanto procura, sem saber onde encontrar, como procurar, desfruta de outras coisas simples da vida, como cheirar uma flor, o pouso de uma borboleta. Em determinados momentos, tem-se a sensação de que a parte que lhe falta foi encontrada. E há o momento em que ela é realmente encontrada. E tudo muda.

Não há muito que contar sobre o livro, esse breve resumo já conta praticamente tudo, então melhor parar por aqui.

O livro é muito simples, com traços de ilustração bem simples, quase tosca, mas traz uma grande mensagem e poesia nessa simplicidade. Ao leitor, cabe a interpretação que preferir sobre aquilo que pessoalmente também lhe falta.

Pode ser uma meta que tenhamos e não a alcançamos, ou que quando alcançamos, achamos que ainda há algo faltando.

Pode ser um amor. A alma gêmea, a parte que falta para completar o ser. Tanto que, em determinado momento, o enredo dá a entender que pode ser isso que falta à bolinha, quando o algo que ela encontra lhe diz que não é de ninguém além de si mesma.

O que fica mais evidente é que não importa aquilo que falta, e sim a eterna incompletude do ser humano. Um objetivo alcançado dá lugar à busca de outro novo objetivo, algo mais, um vazio a ser preenchido, a busca eterna pela “parte que falta”. Isso pode ser bom, no sentido de que todos precisamos de motivação, de algo que nos inspire a correr atrás de algo. Mas também penso que pode ser ruim, na medida em que ficar tão concentrado naquilo que se pretende alcançar pode levar alguém a ser obcecado, deixando de lado coisas simples da vida, como cheirar uma flor, contemplar a liberdade do voo de uma borboleta.

Eu não havia assistido ao vídeo da Jout Jout até hoje, depois de terminar o livro. Uma amiga até chegou a me avisar que se eu assistisse, teria uns spoilers, então preferi esperar. Quando assisti, contudo, não me arrependi, porque apenas me fez reforçar ainda mais o sentimento que me dominou lendo o livro.

A leitura não dura mais do que alguns minutos, mas atinge em cheio seu objetivo. Simples, mas inesquecível. Indico esse livro para todos, desde crianças até velhinhos. Acho que é uma lição muito boa a ser recebida e aprendida. É ótimo para dar de presente também! Leiam!


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