Um de nós está mentindo - Karen M. McManus

>>  quarta-feira, 11 de abril de 2018

MCMANUS. Karen M. Um de nós está mentindo. Rio de Janeiro: Galera Record, 2017. 384 p. Título original: One of us is lying.


Quando fiquei sabendo que esse livro ia ser lançado, fui mordida pelo bichinho da curiosidade e não via a hora de lê-lo. Li alguns boatos de que a história lembrava muito Gossip Girl e Clube dos cinco, o que só aguçou minha curiosidade. Então o blog foi contemplado com uma prova do livro, e pude não só matar essa curiosidade, como trazer para vocês minhas impressões sobre a história. Vamos lá?

Bronwyn é uma menina rica e bonita. Não tem namorado e dedica sua vida aos estudos, aos livros e a seus demais hobbies e tarefas extracurriculares que lhe renderam a fama de nerd do colégio.

Nate é um garoto problemático. Vive na detenção e tem a fama no colégio de ser “puta” e traficante de drogas, razão pela qual já foi preso e está atualmente em liberdade condicional. É pobre e vive em um rancho às margens da cidade, com o pai alcoólatra. O que se sabe sobre a mãe de Nate é que era uma viciada em drogas e morreu misteriosamente depois de se mudar para Oregon. 

Addy é a típica loira, gostosa, cabeça de vento que faz tudo (tudo mesmo) pelo namorado, deixando que ele conduza não só o relacionamento, mas também a forma e o jeito que Addy deve agir e se vestir. Ela ainda é dada a acreditar em tudo que lhe dizem (ou quase tudo). Não há muito mais que se possa dizer sobre ela.

Cooper é o típico jogador de beisebol do colégio. Aquele que se mata de treinar para conseguir futuramente uma vaga em um time da universidade, única e exclusivamente para a felicidade de seu pai. É lindo, de arrancar suspiros de todas as garotas (e até das mães delas), e parece um bom garoto. Parece. 

Simon é o “dono” do aplicativo de fofoca da escola, chamado “Falando nisso”. Ele sabe os segredos de quase todos do colégio e os revela em seu aplicativo citando apenas as iniciais do nome dos envolvidos, mas basta prestar um pouco de atenção para saber de quem ele está falando. O pior de tudo é que as coisas que ele escreve não são, por incrível que pareça, mentiras, e todos têm medo de virar notícia no “Falando Nisso”, afinal, todos têm seus segredos. 

Em uma segunda-feira que poderia ser mais um dia qualquer na escola Bayview, Simon, Cooper, Addy e Bronwyn são pegos portando telefones celulares que nem lhes pertenciam e, por ser uma proibição expressa do colégio, são colocados na detenção após a aula, com Nate, que está sempre na detenção. Eles vão passar as próximas horas escrevendo uma redação sobre os males da tecnologia, sob vigilância constante do Sr. Avery, professor da escola. Ou pelo menos é isso que pensam que vão fazer. Até que um acidente acontece no estacionamento do colégio, tirando Sr. Avery da sala. Antes que ele retorne, um dos alunos que está na sala começa a passar mal com uma alergia e é hospitalizado. Algumas horas depois, ele morre.  A situação foi assustadora, e estão todos apavorados.

Acontece que os pais do aluno não aceitam que o filho tenha morrido na escola de forma tão estranha e querem que tudo seja investigado. A vida dos quatro alunos restantes é revirada do avesso e, a cada momento, um deles se torna o foco principal da investigação, sobretudo quando segredos que eles pensavam que jamais seriam  descobertos vão sendo revelados.
Mas será que um deles realmente foi o responsável pela morte? Será que um deles estava ajudando alguém que não estava na detenção? Qual deles está mentindo?

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O livro é dividido em três partes, cada uma com um título bem interessante. Dentro dessas partes, cada capítulo é narrado por alguns dos quatro alunos (não todos e sem uma ordem específica). Cada narrativa é iniciada pelo nome do personagem, data e hora, o que eu achei um pouco desnecessário, já que essas datas e horários não influenciaram ou não tiveram relação com a morte ou com a investigação. Serve apenas para situar o leitor, o que poderia ter sido feito ao longo do texto mesmo.

O livro me ganhou logo no primeiro capítulo, que é quando a morte acontece. Já comecei a imaginar o que teria acontecido e quem teria planejado tudo. Várias teorias foram sendo criadas pelo cérebro imaginativo desta resenhista que vos fala.

Alguns dos personagens, como Addy e Simon, não me agradaram em momento algum. Ela é sonsa, capacho do namorado. Passa tanto tempo sendo insegura que nos momentos em que tomou atitudes importantes na história eu só consegui pensar que não fez mais do que obrigação, rs. Simon é o fofoqueiro de plantão, que queria a atenção de todos, ser popular, ser o queridinho, e que se valia dos meios mais sujos para alcançar seus objetivos.

Nate foi meu favorito de cara e fiquei torcendo o livro inteiro para que ele não fosse o assassino. Tive minhas dúvidas sobre Bronwyn no início, mas depois acabei gostando dela. 

Há alguns personagens secundários que tiveram um grande destaque ao longo da história, como Ashton, irmã mais velha da Addy e que se mostra de grande ajuda e força para a irmã durante a investigação e outros acontecimentos; Jake, o namorado de Addy, possessivo, maníaco por controle, um verdadeiro babaca;  Janae, a melhor amiga de Simon e também de grande ajuda ao longo da investigação; e Kris. Bem, não quero comentar sobre Kris. ^^

O mais interessante foi ver os segredos, tanto dos protagonistas quanto dos coadjuvantes, sendo revelados aos poucos ao longo da história. Ninguém escapou. Em todos os casos, fiquei de queixo caído. Se esses segredos tiveram relação com a morte e o que a revelação acarretou para os envolvidos, vocês só vão descobrir lendo o livro. 

Outro detalhe interessante foi ver todo o jogo de poder das famílias abastadas (ou que assim se consideravam) para tentar manter escondidos os segredos dos filhos e tentar colocar a culpa no “lado mais fraco” dentre os que presenciaram a morte na escola.

A escrita da autora é muito fluida, e a leitura foi rápida e envolvente. Cada vez que precisava parar a leitura, eu ficava pensando na história e nos personagens aos quais me apeguei. 

Quando o desfecho chegou, eu mais uma vez me surpreendi e fiquei pensando: “como não pensei nisso antes?” Agora, repassando a história na cabeça para contá-la para vocês, eu penso que as dicas estavam ali todo o tempo e eu não peguei.

Para algumas pessoas, principalmente aquelas que já têm muitas páginas de experiência com livros de suspense/investigação (tipo a Nanda, rs), pode ser que tudo fique evidente mais rápido do que para mim, mas desconfiei de tudo e de todos e errei feio na conclusão. Pode até ser que ache algumas pequeninas falhas. Isso, às vezes, me incomoda e prejudica na nota, mas neste caso específico acho que a trama foi muito bem construída e desenvolvida, de forma que me enganou direitinho. Terminei a leitura com uma sensação de “quero mais” e imaginando como seria se fosse adaptado para o cinema. Eu assistiria com certeza! 

Se alguém já leu, me conte o que achou e se foi mais esperto(a) que eu para desvendar o mistério. Quem não leu e gosta do estilo, eu indico sem ressalvas! Para quem não tem hábito de ler histórias assim, é um bom livro para começar!

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Avaliação (1 a 5): 4,5


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