Viagem Cinematogrática: Me Chame Pelo Seu Nome
>> sexta-feira, 2 de março de 2018
Me Chame
Pelo Seu Nome (Call Me by Your Name, 2017)
Duração: 2h 12min
Direção: Luca Guadagnino
Roteiro: James Ivory
Elenco: Armie Hammer, Timothée
Chalamet, Michael Stuhlbarg, Amira Casar, Esther Garrel, Victoire Du Bois.
Música: Sufjan Stevens
Direção de
fotografia:
Sayombhu Mukdeeprom
Edição: Walter Fasano
Esta semana, a Evelyn resenhou o livro que deu
origem a este aclamado filme, e agora é minha vez de opinar sobre esta história
de descobrimento e amor contada no cinema.
Vi o filme sem expectativas, sem ler o livro
previamente, e sinceramente, apenas devido às críticas positivas e premiações
importantes que ele vinha recebendo. Logo nos primeiros minutos, sabia que
estava diante de algo especial.
“Me Chame Pelo Seu Nome” gira em torno do
adolescente Elio Perlman (genialmente interpretado pela revelação indicada ao
Oscar Timothée Chalamet), e se passa numa bela vila italiana no início dos anos
1980. A relação familiar é bem peculiar, muito devido à grande miscigenação
cultural e genética de seus pais, uma mistura de costumes e práticas
americanas, italianas e francesas, refletidas inclusive na linguagem utilizada
na comunicação da casa. Até que Oliver, um americano muito bonito e folgado (o estereótipo
do gringo charmoso e chato) chega para trabalhar com o pai de Elio no verão, e
faz o jovem questionar diversas partes de sua vida, desde sexualidade até
religiosidade.
Inicialmente, o filme impacta pelo visual: O norte
da Itália é uma visão do paraíso, e assimilar à década de 1980 deu um tom de
nostalgia tanto na trilha, quanto no figurino que combinou maravilhosamente.
Após essa primeira impressão, ficamos com as tomadas diferentes e estilo
peculiar que o diretor Luca Guadagnino nos apresentou: ângulos fora do padrão,
corte de tomadas para obras de arte e paisagem, diálogos com ritmo um pouco
diferente do que se esperaria... Infelizmente Guadagnino ficou de fora da lista
dos indicados para Direção, num ano excepcionalmente concorrido e politicamente
ativo, mas certamente seu trabalho aqui será por muitos anos lembrado e
ovacionado.
Após apaixonar pela estética e estilo, entra a
história, num roteiro muito bem escrito. Não posso dizer como foi a adaptação
ao livro, se fiel ou não, mas posso afirmar que a história faz sentido do
início ao fim, num ritmo constante e acertado, as vezes dando muito mais foco
às expressões faciais e pausas do que as falas em si.
E quando nos envolvemos na história... sentimos
todas as dúvidas e lutas internas de Elio e resistimos até que a minha parte
favorita do filme inteiro chega: a música! Sufjan Stevens, o menino de ouro da
música indie, já estava na minha playlist a cerca de 10 anos, e acredito
sinceramente que nesta trilha sonora ele alcançou seu melhor trabalho. A música
indicada ao Oscar “Mistery of Love”, ao contrário da grande maioria das músicas
de filmes que aparecem apenas nos créditos, vem no estilo filme da Disney, no
meio da história, com a letra compondo o roteiro e representando tudo que
sentimos. É ela que decide por acabar a dúvida, por ceder ao estranho, por
ceder ao amor, não importa a forma que venha. Depois, para curtir, “Visions of
Gideon” é responsável por nos fazer pensar “isso não é um filme, é uma obra de
arte”. Desde que vi o filme, não consigo parar de escutar a trilha sonora, e
cada vez mais meu amor por ele cresce um pouco mais.
E o que é este filme? É uma história de amor pura e
simples. Você é o Elio, você entende ele, você sofre por ele, você ama como
ele. E o amor é amor é amor é amor. Pronto. Não tenha preconceitos ao assistir,
você vai perder um filme lindo esteticamente, musicalmente e uma história que
todos que já foram adolescente podem se identificar.
O filme está indicado para 4 Oscars, que acontecem
neste domingo, 04 de março. Além da música de Stevens e a fantástica atuação de
Chalamet, o roteiro de James Ivory foi agraciado, assim como o filme
selecionado para Melhor Filme. Sendo realista, deverá sair com um Oscar, o de
Melhor Roteiro Adaptado, com merecimentos. Mas aqui fica minha torcida para a
música de Sufjan Stevens!