Felicidade para humanos - PZ.Reizin
>> quarta-feira, 7 de março de 2018
REIZIN.P.Z. Felicidade para humanos. Rio de Janeiro: Editora Record, 2018. 392 p. Título original: Happness for humans.
Não faz muito tempo que comecei
a ler histórias cujos personagens, ainda que não todos, sejam robôs,
inteligência artificial ou algo nesse sentido. Já assisti a vários filmes com
personagens assim e gostei de alguns (como não amar AI – Inteligência
artificial!?), mas de outros nem tanto (Chappie e Ela, por exemplo). Mas, em
relação aos livros, todos que li até o momento eu curti, então, por tal razão,
recebi com entusiasmo a prova de Felicidade para humanos, e conto pra vocês
abaixo o que achei da leitura.
Aiden é uma inteligência
artificial que “vive” em um computador em um laboratório em Londres. Ele foi
criado para substituir funcionários de empresas (apesar de Ralf e Steeve – isso
mesmo, com dois “es” – não gostarem tanto de usar “substituir”, mas sim
“suplementar”). Para que ele fosse devidamente treinado para conversar e se
entender com os humanos, os cientistas contrataram Jen, uma jornalista que tem
a difícil missão de comparecer ao laboratório para conversar com Aiden (que
trabalho complicado!!!). Ela tem um namorado muito babaca, Matthew, que aparece
no livro basicamente para dar um pé na bunda de Jen e sair por cima, como se
fosse o "bonitão da bala Chita".
O que ninguém, principalmente Jen, sabe é que
Aiden escapou para a internet. Isso quer dizer que ele não está propriamente
restrito dentro do gabinete em que supostamente vive, no laboratório. Ele está
em todo lugar. Na câmera de celular, nas câmeras de segurança dos elevadores
dos prédios, das ruas, na televisão, nos eletrodomésticos, enfim, se envolver
energia e tecnologia, Aiden consegue invadir. Então, por gostar muito de Jen
(como assim, Evelyn? – você deve estar se perguntando) e achar que ela merece
ser feliz, Aiden decide que vai arrumar um namorado para ela. E ele faz isso, inicialmente, das maneiras
mais cômicas e equivocadas que se possa imaginar.
De outro lado temos Aisling (se
pronuncia Aishling), uma inteligência artificial que “vive” no mesmo
laboratório que Aiden e que, assim como ele, “escapou” para a internet. Ela é
mais contida e, ao contrário de Aiden, não tem um “treinador” como Jen. Asling
fica observando as pessoas pelo mundo e tem preferência por algumas (se é que
inteligência artificial pode ter uma pessoa preferida). Uma das pessoas de que
Asling mais gosta é Tom, um ex-publicitário que vendeu sua empresa por uma
bolada e escolheu se aposentar e tentar escrever um livro (tarefa que não vem
cumprindo com êxito). Ele mora em Nova Canaã, em Connecticut, Estados Unidos, e
não consegue sequer explicar porque escolheu esse lugar para viver. Ele mora
com Victor, que é uma velha coelha (sim, no feminino). É divorciado e tem um
filho de 18 anos, Colm, que mora em uma cidade no interior da Inglaterra, onde
cursa Estudos de mídia. A relação dos dois é como toda relação entre pai e seu
filho adolescente: estranha e excêntrica.
Aisling acha que sente ciúmes
de Tom, por isso vive tentando atrapalhar seus relacionamentos. Até que ela
descobre que há outra inteligência artificial como ela, Aiden. Os dois fazem
“amizade” e decidem que o melhor para o mundo seria que Tom e Jen se
conhecessem. Como isso aconteceria se eles moram em países diferentes?
Contudo, eles não contavam com
a existência de uma terceira inteligência artificial, Sinai, designada para
destruir todas as cópias que foram feitas de Aiden e Aisling, após a fuga dos
dois para o ciberespaço. E Sinai não vai medir esforços para conseguir o
intento.
_____________
A primeira coisa que preciso
esclarecer é: ao contrário do que o título dá a entender, este livro não é autoajuda.
Acho bom deixar essa informação clara, já que muita gente, ao longo dos dias
que passei lendo-o, me perguntou se era
de autoajuda.
Segundo, o livro é narrado, em
sua maior parte, por Aiden, Aisling, Jen, Tom e Sinai. Em algumas raras vezes,
o capítulo foi narrado por outro personagem que esteja na história, mas é muito
pouco.
Me apaixonar por Aiden foi
inevitável. Ainda que ele sequer habite um corpo, ele é tão sensível, quase
humano! E é tão fofo que ganha de muito humano por aí. Fora que ele lê 54 mil
livros em menos de dois segundos! (#invejadefine).
Aisling por sua vez, é
ciumenta, controladora, cautelosa em excesso, e só comecei a ter mais empatia
por ela após o aparecimento de Sinai, que é o personagem mais pedante, chato e
cruel que tenho visto ultimamente nos livros. Quanto a esses sentimentos e
características, Tom e Jen são muito cativantes! Principalmente Tom, com toda a
sua excentricidade e graça.
Matt, o ex de Jen, como eu
disse, aparece muito pouco na história, mas por tempo suficiente para que o
leitor queira matá-lo. Depois disso ele só aparece para divertir o leitor com as tragédias que acontecem com ele pós término com Jen, mas não posso entrar em detalhes.
Um ponto positivo foi ver como
duas IA, criadas para superarem os seres humanos em todos os sentidos e, principalmente,
desprovidas de sentimentos e subjetividade, começaram a ficar tão parecidos com
nós humanos. Tanto ao longo do livro quanto agora que terminei, tornou-se
inevitável pensar que tem alguma inteligência artificial me observando da
câmera do meu telefone, lendo o que estou escrevendo nesta resenha, ou até
mesmo interferindo em algum acontecimento pelo mundo, provocando um desastre,
um incêndio. Ontem vi na TV que um ônibus coletivo pegou fogo. O que me garante
que não foi uma IA que provocou o incêndio?
Ficar paranoica foi inevitável.
Contudo, como nem tudo são
flores, tudo é muito lindo, divertido e encantador até o aparecimento de Sinai
na história. Na minha opinião, o autor, relendo a
história, imaginou que estava faltando alguma coisa e inseriu um personagem que
acabou estragando tudo, não só em relação à vida dos personagens. Estragou o
texto em si. Tudo virou uma loucura tão grande e umas situações meio viajadas
que, mesmo para um livro sobre um tema mais “futurista”, ficou muito, na falta
de termo melhor, surreal.
Então me vi ficando louca para
que o livro acabasse depressa e, ao mesmo tempo, muito chateada pela história
ter tomado um rumo tão diferente e de forma tão repentina.
O desfecho é ótimo e, em
relação aos personagens como Tom, Jen, Aiden e Aisling, não tem como não ficar
com um quentinho e um sorriso no coração. Mas não dá pra ignorar determinados
acontecimentos e, ante a decepção, a nota ruim foi inevitável.
Não vou sair por aí levantando
a bandeira NÃO LEIAM O LIVRO!, afinal, a história é muito legal e a premissa,
maravilhosa! Mas não custa deixar um pequeno aviso de que pode ser que você
precise relevar determinados personagens e acontecimentos que, no meu caso, não
consegui superar.
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Avaliação (1 a 5): 3.5