Os crimes da Rua Morgue - Edgar Allan Poe
>> segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
POE,
Edgar Allan. Os crimes da Rua Morgue e
outras histórias extraordinárias. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2017.
224p. Título original: The murders in the Rue Morgue.
“Contanto
que seja pessoalmente pura a moral de um autor, nada significa a moral de seus
livros. Achamos, porém, que toda obra de ficção deveria ter uma moral. E parece
que os críticos já descobriram que toda ficção a tem. Cada livro, um objetivo,
uma intenção, uma lição. Uma mensagem. Na verdade, repassando os livros que
desafiaram o tempo – aqueles que são sempre atuais -, fica provado que nenhum
homem pode sentar-se para escrever sem um autêntico e profundo objetivo. Um
verdadeiro romancista não precisa ter cuidados com a sua moral. Ela está ali. Em alguma parte. No tempo próprio ela
aparecerá.” p.117-118
Considerado
o precursor da ficção policial, Edgar Allan Poe, foi um escritor americano que
viveu no período de 1809-1849. Poe também ficou conhecido como o primeiro
escritor a viver apenas com a sua escrita, resultando em uma vida e carreira
financeiramente complicadas. Seus contos são macabros e cheios de suspense, a
morte é sempre seu tema central, ou seu tenebroso final. Seu estilo gótico
influenciou muitos autores posteriormente. Hoje vou falar sobre uma coletânia
do autor, intitulada por seu conto de maior sucesso, Os crimes da Rua Morgue.
A
coletânia é composta de 18 contos, alguns dos contos de destaque do autor e outros
que eu nunca tinha ouvido falar. Quem me acompanha por aqui sabe que não sou
fã de contos e nem costumo resenhá-los, mas sempre tive curiosidade com o
trabalho do autor. Tinha lido apenas alguns contos faz muitos anos e, talvez por isso, eu não tenha achado tanta
graça na maioria deles, porque quando a história fica boa, já termina. Mas, entre
todos os contos, alguns se destacaram:
O gato preto é o primeiro conto do
livro e o mais assustador. Fiquei chocada com a maldade do narrador, com o
aspecto grotesco que a presença do gato ganhou na vida dele até o amargo final.
Esse conto é realmente assustador, tem um lado gótico muito forte e mexeu
comigo. Bem sinistro.
Os crimes da Rua Morgue é o destaque do livro e
não é para menos. Pela primeira vez conhecemos o famoso detetive de Poe, Auguste Dupin, que apenas com a dedução
e observação das pistas, soluciona um crime debaixo do nariz da polícia. O
detetive volta em outros contos, O
mistério de Marie Roget e A carta
roubada, que infelizmente não fazem parte dessa coletânia. Posteriormente,
vários detetives famosos na literatura surgiram tendo o mesmo método dedutivo
como principal característica. Entre eles temos o famoso Sherlock Holmes do Arthur Conan Doyke, o Hercule Poirot da Agatha Christie, entre outros. Esse é o melhor
conto do livro sem dúvida. Fiquei curiosa para conhecer mais sobre o detetive
Dupin.
O barril do Amontillado foi outro conto
interessante e bem conhecido do autor. Um conto sobre a inveja, a ganância e o
desejo de vingança. Nele o protagonista quer se vingar de seu inimigo e, para
tanto, decide emparedá-lo vivo e acompanhar o processo. Sinistro!
O retrato oval além do usual aspecto
tenebroso, foi o mais triste da coletânea. No conto, um jovem pintor coloca a
alma para pintar o retrato da bela amada. Fascinado por sua obra em andamento,
ele não percebe que bem a sua frente, enquanto posa para o retrato, sua esposa
definha lentamente.
Além
desses meus preferidos, fazem parte desse livro os seguintes contos: A máscara
da morte rubra, O caso do Valdemar, Manuscrito encontrado numa garrafa, Enterro
prematuro, A queda da Casa de Usher, Os dentes de Berenice, Nunca aposte sua
cabeça contra o diabo, O Duque de L Omelette, William Wilson, O coração
denunciador, O diabo no campanário, Metzengerstein, Ligeia e Deus (revelação
magnética).
Os
contos foram traduzidos por ninguém menos que Clarice Lispector, grande amante
da literatura policial.
Para
quem curte contos, Poe é sem dúvida um escritor de destaque entre os clássicos
da literatura. A nova edição da Rocco está belíssima, com folhas pretas no
início de cada conto e uma fonte diferenciada. Quem gosta do autor, não deixe
de compartilhar suas impressões.
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