A fogueira - Krysten Ritter

>>  segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

RITTER, Krysten. A fogueira. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2017. 288p. (The Whistler, v.1). Título original: Bonfire.

“Parada ali na manhã sufocada de fumaça, olhando fixamente a silhueta espectral de nosso escritório improvisado, agora nada mais do que cinzas e entulho, eu me senti quase inebriada. Este incêndio prova que temos razão. Prova que estamos chegando perto do centro do labirinto. Haverá respostas nos registros da Optimal. Agora tenho certeza disso. E esses registros estão na mala de meu carro. Perfeitamente intactos.” p.154

Krysten Ritter é mais conhecida por seu trabalho como atriz, no momento interpreta a protagonista da série Jessica Jones, exibida pela Netflix. Seu primeiro trabalho como escritora, é um thriller psicológico repleto de suspense e segredos. Confiram minha opinião sobre A fogueira.

Abby Williams odiava sua vida na pequena Barrens, Indiana. Fora da turma dos populares na escola, sujeita ao bullying e muita humilhação, ela só queria se formar e nunca mais voltar à cidade. Até porque depois de perder a mãe, não fazia questão de conviver com o pai abusivo e extremista.

Dez anos se passaram, agora ela é uma mulher adulta, bem sucedida, uma advogada que construiu uma vida em Chicago. Abby trabalha em uma empresa de direito ambiental, tem um ótimo apartamento e alguns encontros despretensiosos. Até que uma denúncia a obriga a voltar a Barrens e encarar seu passado.

A Optimal Plastics é a empresa que tirou Barrens do buraco. Garante emprego a muita gente, constrói escolas, patrocina projetos, a empresa é a grande benfeitora da cidade. E, claro, nessas circunstâncias, os moradores não irão encarar o trabalho de Abby com bons olhos. Ela reencontra ex colegas de escola, uma paixonite da adolescência que hoje trabalha na Optimal, e tem um reencontro difícil com o pai. Em seguida começa a investigar e a descobrir novas pistas.

Tudo parece estar ligado ao desaparecimento de Kaycee Mitchell, a garota mais popular da escola naquela época. Kaycee estava aparentemente doente, e ninguém nunca soube o que causou os sintomas. Mas depois tudo pareceu ser uma farsa das meninas querendo atenção, nada foi provado, e Kaycee foi embora da cidade.

Abby começa então a ter flashes do passado, relembra acontecimentos que tinha deixado para lá. Uma “brincadeira” perigosa na sua época como aluna, causou a morte de uma menina. E parece que “o jogo” ainda continua acontecendo na escola. Assustada, Abby começa a investigar a empresa no presente, e os acontecimentos de seu passado.

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Apesar de não trazer nada de inovador para quem está acostumada com o gênero, eu gostei do enredo e do desfecho, embora o livro deixe a desejar em alguns momentos. É um thriller psicológico interessante, principalmente as partes ligadas a escola de Abby e ao passado. Porém, a autora exagera em alguns momentos, na ânsia de surpreender o leitor.

Eu gostei do desenrolar da trama e até achei o final bem interessante, apesar que algumas pistas estavam na cara, o que me deixou irritada com a burrice de Abby em alguns momentos. Achei também que algumas partes foram confusas, a autora utilizou um excesso de flashbacks que quebraram a narrativa em momentos importantes. Faltou algo para ser um suspense ótimo, mas por ser o primeiro livro da Krysten, eu gostei e leria novos livros dela.  

Abby é uma personagem perturbada pelo passado, que nunca deixou para trás, embora tenha tentado com tanto afinco. Em alguns momentos eu pensava “mas como você não lembrou disso antes minha filha” e perdia a paciência com a inocência dela, nem parecia advogada rs. Não gostei também da postura dela com o pai. Por pior que ele fosse e apesar de não existir um vínculo emocional entre eles, ela praticamente abandonou um senhor com Alzheimer (que legalmente era responsabilidade dela) e foi dormir em sua casa alugada. Tudo bem que ela não o perdoou pelo passado, mas no mínimo teria que arrumar alguém para cuidar do pai, ao invés de ignorar a situação. Não gostei também do excesso de bebida consumido pela personagem. Mas isso acontece muito nesses livros, e como odeio personagens alcoolizados, nunca me dou bem com isso.

A parte do “romance” poderia ter sido bem mais explorada. Diálogos pobres, passagens corridas. Brent e Condor parecem aparecer em cena apenas quando se precisa deles, zero desenvolvimento para os personagens secundários.

Bom, como vocês podem ver, eu esperava mais do livro. Gostei do mistério, do final, mas achei que o desenvolvimento da trama e dos personagens deixaram a desejar. Quem leu me conte o que achou.

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