Mindhunter - John Douglas e Mark Olshaker

>>  segunda-feira, 6 de novembro de 2017

DOUGLAS, John; OLSHAKER, Mark. Mindhunter: o primeiro caçador de serial killers americano. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2017. 384p. (Mindhunter, v.1). Título original:  Mind Hunter: Inside the FBI’s Elite Serial Crime Unit.

“As vezes, a única maneira de capturá-los é aprendendo a pensar como eles.”

Publicado originalmente nos EUA em 1996, Mindhunter é uma biografia do agente especial do FBI, John Douglas. O livro foi usado como inspiração para a série homônima, lançada recentemente pela Netflix. Eu sabia que o livro era sobre fatos reais, mas esperava uma narrativa diferente. Confiram o que achei!

O americano John Douglas nasceu em uma família americana padrão, acabou se alistando na Força Aérea e mais tarde, sendo convidado para fazer o treinamento para o FBI. Ao longo das mais de duas décadas que trabalhou no FBI, John se especializou na caça de assassinos em série. Em uma época que a expressão seriais killers ainda não existia, John estudou os piores assassinos e a partir de inúmeras entrevistas com assassinos condenados, fundou a Unidade de Ciência Comportamental do FBI.

Com muito menos recursos disponíveis naquela época, recursos forenses escassos já que ainda não existia os modernos exames de DNA e muitas outras análises, Douglas precisava entrar na mente dos assassinos e das vítimas para entender determinados crimes. Em uma espécie de Criminal Minds real, ele estuda arquivos, fotos, cenas dos crimes e perfis da vítima.  Depois de tudo ele consegue dizer a raça do assassino, sexo (apesar dele praticamente negar a existência de seriais killers do sexo feminino), a motivação, detalhes sobre sua vida e rotina e até a idade aproximada.

Antes de realmente entender tudo isso, ele começou entrevistando diversos assassinos e estupradores em série, condenados. A maioria com penas de prisão perpétua ou aguardando execução, aqueles homens gostavam da atenção, e sob a abordagem certa, acabavam se abrindo. E assim ele entrevistou alguns dos assassinos mais famosos da atualidade:

- Ed Kemper conhecido como “Matador de colegiais”
Serial killer necrófilo, assassinou, dissecou, abusou sexualmente dos cadáveres e esquartejou mulheres em Santa Cruz, Califórnia, na década de 70. Acusado de mais de dez assassinatos, incluindo sua mãe, Ed matou pela primeira vez os próprios avós, quando tinha 15 anos.
- Charles Manson, o detento mais famoso e temido do mundo na época. Criou uma seita que ficou conhecida como “Família”. O grupo cometeu vários assassinatos nos no fim dos anos 1960, entre eles o da atriz Sharon Tate (na época, grávida de oito meses), esposa do diretor de cinema Roman Polanski. Manson pode não ser considerado exatamente um serial killer, não se sabe se ele chegou a matar alguém com as próprias mãos, mas foi condenado a morte, pena que foi convertida a prisão perpétua posteriormente, por instigar e orquestrar a morte de pelo menos sete pessoas.
- Richard Speck, condenado à prisão perpétua pelo assassinato de 8 estudantes de enfermagem em Chicago, 1966. Speck invadiu uma casa onde as moças moravam e aos poucos matou a facadas ou por estrangulamentos todas elas.
- Jerry Brudos, o assassino que tinha fetiche por sapatos, serial killer e necrófego. Desde novo ele tinha fetiche por sapatos. Quando passou a matar, cortava partes do corpo para guardar em sua coleção, vestia as vítimas com peças de sua coleção, dentre outras perversões. Ele espancou e estrangulou 4 mulheres.

As entrevistas com esses e muitos outros assassinos deram a Douglas e sua equipe conhecimento para caçar e prender muitos assassinos em série americanos. Na década de 80 o agente tinha mais de 150 casos em aberto. No livro Douglas conta a sua história e descreve muitos dos casos importantes nos quais trabalhou, ajudando a polícia local a prender e condenar diversos assassinos.

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A premissa é interessantíssima, principalmente, para quem como eu adora ficção policial, suspense e livros com seriais killers. Porém, eu esperava algo muito diferente e acabei me decepcionando com a obra. Vejam bem, o livro foi divulgado e descrito sem citar em nenhum momento que se tratava de uma biografia. Eu sabia que era um livro com fatos reais, mas imaginei que iria priorizar os assassinos conhecidos, e não a vida inteira de John Douglas.

Até a página 100 eu só não abandonei o livro por pura força de vontade. Narrativa lenta, cansativa, conta com muitos detalhes a vida do agente desde que ele era criança. Um porre! Depois disso melhora bastante, quando começa contar efetivamente dos casos em que ele trabalhou e as entrevistas com os assassinos condenados. Porém, as narrativas também eram lentas, priorizavam mais o trabalho dele e como ele era uma excelente pessoa, do que dos casos em si.

A leitura para mim foi cansativa, morosa, e apesar de achar alguns trechos interessantes e outros bem chocantes, custei para terminar a leitura. Mas, talvez seja apenas uma questão de estilo, não curto biografias e nem livros excessivamente detalhados. O que achei mais interessante foi a semelhança de tudo o que ele conta com Criminal Minds, uma das minhas séries de TV preferidas. Na série os agentes vão para uma determinada cidade a pedido da policia local, analisam dados e traçam um perfil. O mesmo que Douglas realmente fazia. A diferença é que na ficção eles participam ativamente da caçada e prisão dos suspeitos, enquanto na vida real, isso é função da polícia local.

Como eu disse no início o livro foi adaptado para a TV pela Netflix, e a série Mindhunter está em exibição. Tem a direção de David Fincher e no elenco Jonatahn Groff, Holt McCallany e Anna Torv. Se for tão lenta quanto o livro, não tenho o menor interesse em assistir, quem tiver visto, por favor, me conte se vale a pena.

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Duologia Mindhunter:
  1. Mindhunter
  2. Journey into darkness
Avaliação (1 a 5): 2.5

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