Fissura - Karin Slaughter
>> segunda-feira, 20 de novembro de 2017
SLAUGHTER, Karin. Fissura. Rio de Janeiro: Editora Record, 2013. 362p. (Will Trent, v.2). Título original: Fractured.
“Pensou em Emma caída no segundo andar. Morta. Rodeada por uma poça de sangue. Com a calcinha arriada. Seu pobre bebê. Pelo que havia passado? Que humilhações sofrera na mão daquele homem?
Ela sentiu um calor entre as pernas. O homem urinara neles dois. Ele a fitava - viu Abigail de verdade - então seus olhos ficaram vidrados. Os braços penderam para o lado, as mãos se chocaram contra o piso coberto de cacos de vidro. Seu corpo ficou inerte, a boca escancarada.
Abigail olhou para o homem imóvel à sua frente.
Ela o havia matado.” p.11
O primeiro livro dessa série policial, Tríptico, foi um dos melhores livros que li em 2014. Fiquei espantada quando percebi o quanto demorei para ler o segundo. Mas finalmente, consegui tirar ele da fila. E hoje conto para vocês o que achei de Fissura da Karin Slaughter.
Abigail Campano chega em casa e se depara com cena mais chocante de sua vida. A porta de entrada estava aberta, vidro espalhado pelo chão. Um corpo ensanguentado de uma adolescente está jogado no segundo andar, só poderia ser Emma… sua filhinha… de apenas 17 anos. Com o rosto ensanguentado, a saia abaixada e sem calcinha. A menina está morta, seu rosto irreconhecível. Os vestígios de estupro são evidentes. Ao lado da filha aparece um homem com uma faca na mão. Sem saber de onde tirou tanta força, ela luta com o desconhecido e estrangula o sujeito com suas próprias mãos.
É possível condenar uma mãe que mata para vingar a morte da filha? Tomada pela dor e pelo ódio? Juntar todas as peças e reconstruir a cena é o trabalho do agente Will Trent. Ele pensa e age de forma muito diferente, enxerga detalhes que ninguém mais vê. Um homicídio em Ansley Park, um dos bairros mais tradicionais de Atlanta é um trabalho para o GBI - Georgia Bureau of investigation.
Ele logo descobre pistas que passaram despercebidos aos policiais. A realidade é ainda pior do que se podia imaginar. O pai da menina, Paul Campano, faz uma revelação que muda tudo. O que realmente aconteceu na mansão? Quem é o homem que está morto?
Will descobre que irá trabalhar em parceria com a detetive Faith Mitchell. Faith odeia Will pelo que aconteceu com a carreira de sua mãe, em um trabalho anterior ele investigou corrupção na polícia local, e a mãe de Faith foi aposentada precocemente em decorrência da investigação. Agora eles precisam deixar as diferenças de lado, e lutar contra o tempo para resolver esse crime, antes que mais um assassinato seja cometido.
~~~~~~~~~~~~
Essa autora arrasa na ficção policial, se a série continuar boa assim, ela vai entrar para a minha seleta lista de autores policiais favoritos, junto com a Tess Gerritsen. Esse livro é tão bom quanto o primeiro. Muito bem escrito, com reviravoltas emocionantes e muita adrenalina. Em uma narrativa que flui muito bem, a autora aos poucos nos mostra a que veio. Na trama tudo é visto e revisto por ângulos diferentes. Novos personagens são apresentados, todos muito bem construídos. E no final, tudo é muito bem amarrado. De forma descomplicada, Karin construiu uma trama inteligente, intrigante, ágil e muito bem arrematada.
O enredo é sensacional. A autora dosa muito bem toda a passagem temporal. A narrativa não fica corrida demais, como um filme de ação, nem lenta demais (o que ocorre em muitos livros desse estilo), o ritmo é perfeito. Investigação, depoimentos, análises forenses, tudo é muito bem dosado e alternado com cenas de ação e cenas pessoais dos personagens.
Will é um personagem imensamente carismático, que me conquistou desde o primeiro livro. Aqui começamos com Faith odiando Will, mas aos poucos ela vai mudando de opinião. Vai reconhecendo como ele é um bom policial, dedicado, simples. Um dos poucos que não a trata de forma machista e preconceituosa.
Além disso, Will teve uma infância muito sofrida, vem de um passado traumático que faz com que o leitor se apegue rapidamente e torça muito por ele. Ele sofre de dislexia e esconde o problema de todos. O ar frágil do personagem é uma das facetas mais interessantes do protagonist. O leitor torce para que Angie saia de cena, e ele encontre alguém mais compreensiva e companheira.
E para fechar com chave de outro, a autora ainda nos presenteia com um final redondinho, e até um epílogo muito interessante; normalmente ficamos sem saber o que aconteceu depois que o mistério todo é selecionado. O final foi cheio de adrenalina, não me surpreendeu de todo, mas mesmo assim foi muito interessante.
Para quem curte o estilo, a série é imperdível na estante. Leiam!!
Série Will Trent da Karen Slaughter
- Tríptico (Triptych)
- Fissura (Fractured)
- Gênese (Undone)
- Destroçados (Broken)
- Fallen (os demais não lançados no Brasil)
- Criminal
- Unseen
- The kept woman.
Comente, preencha o formulário e concorra ao Kit Top comentarista de novembro!