A casa do lago - Kate Morton

>>  segunda-feira, 21 de agosto de 2017

MORTON, Kate. A casa do lago. São Paulo: Editora Arqueiro, 2017. 464p. Título original: The lake house.

“-Aquela casa, aquelas pessoas… sua impotência, o olhar desesperado em seus rostos… até o ar dentro dos cômodos parecia saber que alguma coisa fora perdida.” p. 177- 178

Já li quase todos os livros da Kate Morton que foram lançados no Brasil. Tenho uma relação dúbia com a autora, eu amo sua narrativa, mas não amo todos os seus livros. Mas amando ou não, todos valem a pena serem lidos. E não foi diferente com seu último livro lançado no Brasil, A casa do lago.

Cornualha, 1933
A família Edivane se prepara para uma grande festa de solstício. Aos 16 anos Alice Edivane estava empolgada, não com a festa, mas por ter finalizado seu primeiro livro de mistério e ter dedicado a obra ao homem por quem estava apaixonada. Benjamin Munro tinha 26 anos, e cuidava dos jardins da família. Alice vivia com a cabeça na lua, mergulhada em suas histórias e em seu recente amor platônico. Já sua irmã mais velha, Deborah, era o sonho de toda mãe… bonita, esperta, empenhada em conquistar um bom partido e se casar. Para sorte de Alice, a irmã mais nova, Clementine, era muito curiosa e vivia se metendo em confusão, e com isso Alice passava despercebida, enquanto a mãe, Eleanor, tinha problemas maiores para cuidar. E, claro, tinha o bebê Theo, o único homem na família, um anjo adorado por todos. O pai, Anthony, vivia trancado em seu escritório, com seus estudos e longe das confusões das meninas.

Tudo muda na noite da festa. Os Edivanes sofrem uma perda terrível, um mistério que nunca foi desvendado. Em seguida, eles acabam deixando a mansão para sempre.

Cornualha, 2003
A detetive Sadie Sparrow se dedicou com unhas e dentes a um caso perturbador, o sumiço de uma mãe que deixou a filhinha sozinha em casa por uma semana. Após nada se descobrir na investigação e quando tudo estava prestes a ser arquivado com todos acreditando que a mãe tinha fugido e abandonado a filha, ela vaza a história para a imprensa, acreditando na avó da criança, que afirmava que a filha nunca faria algo assim. Suspensa, correndo o risco de perder o emprego, Sadie é obrigada a tirar uma licença e deixar Londres. Ela então resolve viajar para ficar na casa do avô, na Cornualha.

Fazendo caminhadas na região, Sadie acaba se deparando com uma linda casa abandonada na beira do lago. Investigando, descobre que uma tragédia aconteceu no local, um bebê desapareceu sem deixar rastros. Curiosa, ela começa a investigar o passado, a procura de pistas para descobrir o que aconteceu. Sua investigação a leva a procurar a famosa autora policial, Alice Edivane. Já idosa, Alice precisa pensar em como agir, para lidar com segredos que sempre procurou esquecer.

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Romance com uma forte dose de drama e suspense. O enredo é impecável como sempre, a autora sabe como criar boas histórias e personagens excelentes. Mas meu eterno problema com ela continua, o livro é muito lento. Ela divaga muito relembrando fatos do passado e com passagens desnecessárias, no fim, sempre acho que poderia ser bem mais ágil. A vantagem é que isso é apenas uma questão de gosto, quem curte tramas históricas bem desenvolvidas e não liga para a narrativa mais lenta e descritiva, vai amar. Eu gostei, mas não amei como meu favorito dela até então, O jardim secreto de Eliza.

Acho que faltou também um romance na história do presente, para apimentar um pouco as coisas. A história do passado é muito mais interessante, cheia de segredos e mentiras. Já Sadie passa o livro todo tentando desvendar o mistério do passado, e remoendo seu fracasso no caso do presente. O desaparecimento do Theo é o X do livro, o mistério é a parte mais instigante da história. Muitas teorias do que poderia ter acontecido ao menino, nenhuma delas totalmente correta. Eu teci muitas hipóteses e até suspeitei de parte da verdade, mas já estava tão perto do final que não posso levar o mérito de ter matado a charada rs.

O final surpreende, quando eles descobrem a verdade e várias peças vão se encaixando, foi tudo muito bem montado. A autora sempre constrói suas tramas com perfeição, sem deixar furos, o que engrandece muito a obra. Eu só achei um dos desdobramentos muito forçado, achei pouco crível a ligação entre passado e presente.

Kate Morton é sempre uma ótima pedida. Analisem as resenhas dos livros da autora aqui no blog e escolham um livro para começar, com certeza valem a pena. leiam!

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