Até que a culpa nos separe - Liane Moriarty
>> sexta-feira, 7 de julho de 2017
MORIARTY, Liane. Até que a culpa nos separe. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2017. 464p. Título original: Trully madly guilty.
"- A história começa com um churrasco - disse Clementine.... Um churrasco comum em um jardim comum." p.9
Já sou fã do estilo da australiana Liane Moriarty, seus romances são diferentes, com um senso de humor afinado, e de certa forma, bem perturbadores. Meu favorito da autora é Pequenas grandes mentiras, que eu indico para todo mundo que tenho oportunidade. E, claro, seus lançamentos têm lugar garantido na minha estante. E hoje conto para vocês o que achei de seu novo livro no Brasil, Até que a culpa nos separe.
Tudo começa em um churrasco. Três casais se encontram em uma tarde comum, para comer, beber e bater papo. Os donos da casa convidam os vizinhos, que chamam um casal de amigos com suas filhinhas. Meses depois, todos relembram partes do que aconteceu, ninguém quer assumir a culpa, mas nenhum deles consegue esquecer.
Erika e Clementine são amigas desde a infância. Mas as duas não poderiam ser mais diferentes. Erika é obsessivo-compulsiva. Tudo em sua vida é completamente organizado, ela tem horror a bagunça, a mudança, a desatenção. Talvez por ser filha de uma mãe acumuladora, e ter vivido uma infância difícil. Ela e o marido, Oliver, são contadores e não tem filhos. Já Clementine é uma violoncelista, casada com Sam, e mãe de duas meninas pequenas. Eles não se preocupam com organização, estão sempre perdendo tudo dentro de casa, e Sam cuida mais das meninas, enquanto a mãe ensaia e pratica sua música.
Certo dia, Erika é convidada inesperadamente para um churrasco na casa dos vizinhos ricos e extravagantes, e sem conseguir recusar, acaba aceitando o convite em nome deles e dos amigos. Durante o churrasco, algo acontece, e meses depois, a vida de todos está diferente. Medos, anseios, dúvidas, nada parece ser o mesmo. E nenhum deles consegue enxergar claramente a verdade.
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Não é o melhor suspense da autora, não tem aquele toque divertido que gosto tanto, mas com certeza, é o mais perturbador. Uma história aparentemente simples e com personagens comuns, ganha nuances assustadoras, conforme vamos conhecendo melhor a mente de cada um dos personagens.
O livro todo gira em torno do tal acontecimento no churrasco, a narrativa se alterna entre o presente e dia do churrasco, contando aos poucos o que aconteceu. Eu tentei adivinhar o que teria acontecido, até pensei que a tragédia fosse "maior", mas vi no presente que todo mundo estava vivo e bem, então não era tão ruim assim rs. Imaginei que era algo entre as amigas , Erika e Clementine. Ou talvez algo envolvendo adultério, entre Sam e a vizinha gostosona lá ou Clementine e o vizinho. No final não era nada disso, não achei o acontecimento tão chocante como eu imaginei, mas deu para entender o porquê daquela noite afetar tanto as outras pessoas, e não só o casal principal.
É muito engraçado como a mente das pessoas funciona, e nesse livro chega a dar medo. A culpa, o remorso, o julgamento. Como é tão fácil julgar alguém e se enxergar superior, para depois ver tudo isso caindo por terra. Gostei de como a autora desenvolveu cada personagem e suas características. E como o leitor vai conhecendo melhor cada um deles e mudando de opinião sobre eles. No final, nada era como eu imaginei, e o personagem mais criticado e estereotipado, era no fundo, o melhor deles. Não gostei de Clementine, do início ao fim achei a mulher imatura e muito cheia de si. Na verdade nenhum personagem do livro é apaixonante, são todos muito humanos, muito falhos, difícil gostar de verdade deles. Acho que de quem mais gostei foi dos vizinhos ricos, eles pelo menos eram sinceros.
Infelizmente, foi o que menos gostei da autora até agora. Não que tenha achado péssimo, mas achei lento e meio chato as vezes, muito pouca coisa acontecia. Tudo se baseava em um acontecimento, que demora muito a ser realmente mostrado. Todo o resto são as minúcias de ações, reações e sentimentos de todos em relação ao acontecido. Até gostei do final, mas não é um livro que todo mundo vai conseguir ler sem abandonar, tem partes muitooo chatas rs.
De qualquer forma, Liane Moriarty escreve sempre muito bem. A forma como ela vai aos poucos, revelando cada faceta de seus personagens sempre me impressiona. E para mim todos seus livros sempre valem a pena ser lidos. Não é o meu favorito, mas indico mesmo assim. Leiam!
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