O pulo da gata - Fernanda França

>>  terça-feira, 25 de abril de 2017

FRANÇA, Fernanda. O pulo da gata. São Paulo: Editora Planeta, 2015. 288p.

“Uma semana separava a vida anterior de Maggie da nova vida. Ela não tinha preferência por nenhuma, pois desejava apagar todas as vidas e se jogar em uma vida completamente nova, o que não seria capaz.” p.175

Esse é o terceiro livro que leio da Fernanda França, tinha algum tempo já na estante, mas saiu da fila para o Clube das Chocólatras desse mês. Descrito como uma comédia romântica com algum drama, confiram o  que eu achei de O pulo da gata.

Maggie May, 23 anos, é uma veterinária que ama sua profissão, suas escolhas e sua família. Mas ao contrário de todas suas amigas nessa faixa etária, apesar de ser uma mulher independente, o grande sonho de Maggie é se casar. Ela quer uma família, um marido para cuidar, filhos. E ela sonha com isso desde criança, planeja seu grande dia. Quer tanto isso, que planeja seus relacionamentos desde o início, já pensando no casamento. O noivo não importa muito, ele só precisa ser alto...

Ela já teve quatro “noivos”, todos claro, não foram para a frente. É com esse objetivo em mente que ela se cadastra em um site de relacionamentos, e marca o primeiro encontro com o “Gato Gatuno”. Felipe e ela tem tudo em comum, no bate papo online ele pareceu ser seu par perfeito. No dia do encontro, esperando finalmente conhecer Felipe pessoalmente, ela acaba o confundindo com Eric, um ator que apresentava um show de comédia no bar. Quando ela descobre que ele não era quem esperava, sai desnorteada. É aí que começa um romance cheio de encontros e desencontros.

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A premissa é interessante, mas infelizmente, não funcionou para mim. Esse é terceiro livro que leio da Fernanda, e o que menos gostei. Meu favorito continua sendo Nove minutos com Blanda, divertido e despretensioso. Esse eu não classifico como chick-lit, não achei nada engraçado. E a trama em si não me conquistou. A ideia é legal, mas não foi bem desenvolvida.

O primeiro ponto falho para mim é a construção dos personagens. Maggie é uma sonsa, a moça é tão tansa, que quando ela resolve dar a volta por cima, eu já tinha ojeriza dela. Uma mulher adulta, formada, independente... mas ela age como se tivesse 15 anos. Não enxerga um palmo a frente dos olhos, não escuta ninguém, pula em um relacionamento sem conhecer nada do cara. E é tudo muito estranho desde o início. Felipe não tem uma personalidade bem construída, ele é apresentado como o canalha do livro, e segue assim. Não existe um relacionamento real entre os dois, que o leitor possa avaliar e se assustar quando acontece algo ruim. Desde o primeiro encontro dos dois (ele praticamente a estupra em um motel), dá para saber que só vem merda por aí. E nada faz sentido, o golpe, a forma como não chamam a polícia nem fazem uma investigação, é tudo muito jogado.  Eric também, apesar de ser um bom personagem, foi jogado nas cenas. Do nada ele é íntimo das amigas dela e chamam ele para tudo, até para dormir no apartamento de Maggie quando acontece a tragédia lá e tal.

A narrativa não flui bem também. O livro é narrado em terceira pessoa, mas a todo tempo temos uma espécie de narrador onipresente que analisa personagens e ações. É muito sem noção. Juntando isso com uma grande vibe de autoajuda, eu custei para ler uma boa parte do livro. Tudo tinha uma grande lição, uma explicação bonitinha. Os animais, o relacionamento da Maggie com os vizinhos idosos, amor, família, as muitas boas ações e etc. Para mim deveria ter sido construído um relacionamento plausível, com pessoas inteligentes, para depois ele se revelar um cretino, aí o restante teria funcionado. Mas o cara não vai a lugar nenhum com ela, ela já marcou o casamento mas não apresentou o rapaz ao pai (e ela é muito ligada ao pai e as irmãs), ela não conhece ninguém da família dele nem amigos... e tudo isso é deixado para lá.

Aí chega a parte final, e não posso negar que melhora muito quando ela resolve dar a volta por cima. A parte do trabalho dos dois, o relacionamento dela com os amigos, tudo melhora. Mas eu já estava com tanta birra da protagonista, que não consegui me apaixonar pela história. O final foi bem feito, redondinho. Teve até um epílogo que conta o final de vários personagens e não só o dos protagonistas, o que sempre acho válido.

Enfim, para mim deixou muito a desejar. Não classifico como chick-lit, não achei divertido. É até mais drama do que romance. A capa e a edição são lindas, mas eu esperava bem mais do enredo. Quem leu me conte se gostou.

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