Juntando os pedaços - Jennifer Niven
>> sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
NIVEN, Jennifer. Juntando os pedaços. São Paulo: Editora Seguinte, 2016. 392p. Título original: Holding Up the Universe.
A autora Jennifer Niven ficou bem conhecida no país após o lançamento de "Por lugares incríveis", resenhado pela Nanda, que ainda não tive oportunidade de ler. O que sei é que depois da leitura de "Juntando os pedaços" (olha eu dando spoiler da resenha positiva abaixo, nas entrelinhas), o outro livro dela já está na lista de futuras leituras!
Me interessei pela história assim que li a primeira frase da sinopse. Um dos personagens principais tem prosopagnosia, uma doença que nunca tinha ouvido falar e ainda preciso ler sílaba por sílaba pausadamente para conseguir falar em voz alta o nome dela e isso aguçou a minha curiosidade.
Assim, vamos aos comentários de Juntando os pedaços!
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Jack Masselin é magro, esguio, popular no colégio, tem cabelo black, é moreno e suspeita que tem prosopagnosia, uma doença bem estranha. Mas na cidade em que ele mora, não havia nenhum médico que tivesse conseguido dar o diagnóstico real para o garoto. Jack só sabe que ele não "enxerga" as pessoas. Ele vê corpo, cabelo, nariz, olhos, bocas e orelhas separados e não consegue montar o rosto das pessoas na sua mente. Então ele se obriga a conhecer seus colegas e sua própria família por vozes e características que ele denomina de marcas identificadoras, como orelhas pontudas, uma pinta em determinado ponto do rosto, cabelos lisos e louros, entre outros.
Libby Strout tem 16 anos e finalmente poderá voltar a ter uma vida "normal" e frequentar a escola. A garota perdeu a mãe e destrambelhou a comer. Comeu tanto que se tornou a garota mais gorda dos Estados Unidos, ultrapassando 200 kg e ficando presa na cama por algum tempo. Agora, depois de muitos tratamentos no spa, consultas, exercícios e regime, ela perdeu mais de 100 kg e está preparada para enfrentar seus antigos colegas e terminar o ensino médio em uma escola regular.
Enquanto Jack esconde seu segredo de todos, até mesmo da sua família que não sabe que ele não reconhece seus rostos, Libby não consegue esconder o seu, porque seu problema é grande demais. Tão grande que, mesmo sendo inteligente, bonita e simpática, a garota sofre bullying todos os dias no colégio.
E quando uma brincadeira de mau gosto é feita com Libby, ela e Jack acabam criando um laço importante, que nem todas as diferenças será capaz de romper.
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Esse é aquele tipo de história que você lê rezando o tempo inteiro: "Por favor, não deixe que a história acabe mal! Por favor, colabora com o meu coração leve, Nossa Senhora dos Leitores Aflitos!". E rezei tanto que ouviram as minhas preces. Terminei a leitura com o coração flutuando.
Os capítulos são alternados entre Libby e Jack, narrados no presente e alguns do passado, para nos contextualizar como eles chegaram onde estão. Além disso, a maioria dos capítulos tem três páginas, deixando a leitura bem rápida e fluida. Você pensa: "só mais um capítulo, é curtinho!" e quando vê, já devorou o livro inteiro.
Fico impressionada como as pessoas podem ser cruéis, podem distribuir comentários maldosos como se fossem panfletos de cartomante no centro da cidade. Não basta se preocupar com seus problemas e suas inseguranças. É necessário enfiar o dedo na ferida do coleguinha, jogar álcool, espetar umas agulhas e rodar o dedo no buraco machucado. E se eu estivesse no lugar da Libby, já teria voltado para a cama e comido uma loja de conveniência inteira, sozinha, após o primeiro dia de aula. Mas não, a garota engole os comentários venenosos e ainda deseja ser líder de torcida, porque seu maior sonho era ser bailarina! É de se admirar. Ela é uma personagem forte e determinada e tem uma atitude lá pelo meio da história que quase me fez infartar! Niven, segura a conta do meu cardiologista aí!
Vou contar o que eu descobri e me deixou chocada. Dizem, dizem que o Brad Pitt tem prosopagnosia. Ele foi casado com a Jennifer Aniston e Angelina Jolie e não via seus rostos!!! Pensa nisso. Eu ainda não consigo "enxergar" essa doença, porque é muito bizarro só acontecer com rostos, o paciente conseguir identificar todo o resto. É como se fosse uma falta de memória para as feições. Jack conversava com sua mãe e se virasse o rosto por três segundos, não sabia dizer como era seu rosto, porque ele esquecia das suas características. Imagina viver assim e ainda esconder seu problema de todos, fingindo ser o cara descolado que se não te cumprimenta no corredor do colégio não é porque não te reconhece, mas é porque quer dar o ar de blasé, para mascarar o seu problema.
A autora, apesar de tratar de assuntos pesados como bullying, consegue contar a história de uma maneira leve, fácil e que flui bem. Os protagonistas te conquistam já nos primeiros capítulos e logo você se sente amigo deles, desejando conhecer mais e mais suas histórias.
Só encontrei dois defeitos e por isso descontei 0,5 da nota final. São eles:
1. Os personagens, principalmente Jack, agiam como se tivessem 13 anos em alguns momentos e não com sua idade real (17/18 anos). No caso de Jack, ele era bem confiante, então algumas das suas inseguranças eu não consegui engolir. Penso se realmente essa história não seria para personagens com 13 e 14 anos e a autora só os envelheceu pelos fatores: a) poder dirigir um veículo; b) poder beber.
2. Faltou um capítulo na escola depois do fim.
No mais, é uma leitura super recomendada!
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Avaliação (1 a 5): 4,5
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comentarista de janeiro.