Achados e perdidos - Stephen King

>>  terça-feira, 23 de agosto de 2016

KING, Stephen. Achados e perdidos. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2016. 352p. (Trilogia Bill Hodges, v.2). Título original: Finders Keepers.

“Vou ter que ler de novo, pensou ele. Sentia-se febril. E tinha uma caneta na mão. Há tanto para sublinhar e lembrar. Tanto.
Para os leitores, uma das descobertas mais eletrizantes da vida era a de que eles eram leitores, não apenas capazes de ler (o que Morris já sabia), mas apaixonados pelo ato. Desesperadamente. Incorrigivelmente. O primeiro livro a fazer isso nunca era esquecido, e cada página parecia trazer uma nova revelação, que queimava e exaltava: Sim! É assim! Sim! Eu também vi isso! E, claro: é o que eu acho! É o que eu sinto!” p. 118

Depois de Mr. Mercedes,  tive o prazer de ler a aguardada continuação da Trilogia Bill Hodges. Nova trama, novos protagonistas e em comum: uma grande obsessão, um detetive aposentado e muita tensão. Confiram o que achei de Achados e perdidos do Stephen King.

Não contém spoilers sobre o volume anterior da trilogia.

Acorde gênio”! Foi dessa forma que John Rothstein, um autor recluso, foi acordado em sua residência no meio do nada. Ele abandonou o meio literário há muitos anos, e parou de publicar. Resolveu viver seus últimos anos tranquilamente, com seus escritos e sua solidão. Ele não imaginava que fosse morrer naquela noite, e que teria todo seu trabalho roubado por um rapaz idiota metido a crítico literário.

Enquanto via Rothstein sangrar até a morte, Morris Bellamy pensada nos cadernos, cententas deles. Com certeza deveria existir uma continuação para O corredor, a trilogia fantástica do autor. Ele destruiu a história no terceiro volume, mas Morris estava destinado a descobrir o que aconteceu depois. Ele não ligava para o dinheiro que seus dois comparsas pegaram no cofre, ele queria os cadernos. Cada palavra escrita ali significava tudo, TUDO!

Depois do crime Morris percebe que seu "crime perfeito" estava cheio de furos. Alternando momentos de loucura e lucidez,  esconde os cadernos com medo que a polícia o procure. Todos os cadernos e dinheiro são colocados dentro de um baú protegido, enterrado em um terreno ermo perto de sua casa. Logo depois, acaba sendo preso por outro crime. 

Trinta anos se passam, até que em um belo dia, um garoto, encontra o baú. Peter Saubers é o sortudo que encontra o “tesouro”. Aos 13 anos de idade qualquer garoto ficaria encantado com todo aquele dinheiro, mas Peter é um dos poucos que também se interessa pelos cadernos. O dinheiro pode salvar sua família da miséria, acabar com as brigas e talvez até consertar o casamento dos pais. Ele esconde sua descoberta por anos e envia anonimamente o dinheiro aos poucos para os pais. Enquanto isso, tem o prazer de ler a fantástica continuação da trilogia de Rothstein, ele é o único a conhecer os dois próximos livros.

Até que um dia...
Bellamy sai da prisão.
Saubers quer vender alguns cadernos.
E Bill Hodges, um velho detetive aposentado, se envolve na história.

“Essa merda não quer dizer merda nenhuma.” - Jimmy Gold, protagonista de O corredor.

~~~~~~~

King é muito gênio! O livro tem dois pontos chaves, o poder da literatura – para o bem ou para o mal – e a obsessão. No caso, claro, pela literatura. O autor cria um vilão completamente lunático e assustador. Você não duvida de nada, ele é capaz de qualquer coisa para atingir seu objetivo, ter em mãos os cadernos de seu autor preferido. Não chega a ser um personagem tão grotesco e assustador quanto a leitora mais famosa do autor, a obcecada, Annie Wilkes, mas Bellamy não deixa a desejar no quesito “sinistro”.

O início do livro é lento e eu estranhei a ausência do detetive Bill Hodges. São mais de 100 páginas só com Bellamy e Peter. Eu já previa que a merda seria grande e tive medo das consequências do que o menino estava fazendo. E foi dito e feito. Quando o detetive aparece, de paraquedas no meio do caso, o bicho já está pegando rs. E ele quebra bastante o lado tenso da narrativa, chega com seu jeitão descontraído, totalmente sem noção e com seus assistentes nada usuais. Nem vou citar muito sobre eles para não dar spoilers do livro anterior.

Bill Hodges foge de todos os estereótipos dos detetives literários. É um senhor mais idoso, aposentado, acima do peso e meio depressivo no início da trilogia. Agora ele já mudou em alguns aspectos, mas tem um jeito tranquilo e meio canastrão. Praticamente tropeça nas pistas, conta com muita ajuda e muito azar rs. Vi algumas resenhas afirmando que King “não sabe fazer um bom policial”. Sério, gente? King sabe fazer o que ele quiser! Na verdade acho que ele não quer um super detetive nem uma investigação padrão... ele quer os caras maus botando o terror e o pobre Bill correndo atrás do prejuízo.

Com ótimos personagens, como é costume do autor, a história prende e deixa o leitor grudado nas páginas finais. Seus personagens são sempre muito reais, muito falhos. Os vilões são assustadores e a forma como eles raciocinam para atingir um objetivo, de arrepiar. Bellamy  é completamente obsessivo com a tal trilogia, a forma como ele cita os livros constantemente e se revolta com os desdobramentos da trilogia foi o destaque do livro. E Peter vai pelo mesmo caminho, louco pelos cadernos, sonhando em ser professor de literatura no futuro. Peter faz tudo pela família, mas no fundo, ele está no mesmo barco, tudo gira em torno dos tais cadernos.

Para quem é fã de suspense a trilogia é imperdível. Não recomendo a leitura fora da ordem, mesmo sendo tramas centrais independentes, as duas histórias estão muito ligadas, com vários personagens e situações em comum, ou coisas que acontecem agora como consequência dos acontecimentos de Mr. Mercedes. Dúvidas que eu indico? Leiam!

Adicione ao seu Skoob!


Trillogia Bill Hodges do Stephen King

In: http://stephenking.com

  1. Mr Mercedes (Mr Mercedes)
  2. Achados e perdidos (Finders keepers)
  3. Último turno (End of watch).
Avaliação (1 a 5):

Postar um comentário

  © Viagem Literária - Blogger Template by EMPORIUM DIGITAL

TOPO