A geografia de nós dois - Jennifer E. Smith

>>  segunda-feira, 18 de julho de 2016

SMITH, Jennifer E. A geografia de nós dois. Rio de Janeiro: Editora Galera Record, 2016. 272p. Título original: The geography of you and me.

“Em algum momento, tinham se aproximado no banco, e ela só se deu conta tardiamente que seus joelhos se tocavam. No pedaço de madeira entre eles, alguém gravara a palavra TALVEZ com letras irregulares, e ela se perguntou se Owen teria notado também. Fechou os olhos e deixou a palavra se expandir dentro de sua cabeça: talvez. Talvez fosse por conta do frio, ou talvez da conversa, ou talvez tivesse sido algo mais que os puxara para perto um do outro. Mas lá estavam, os corpos virados para o mesmo lado, os rostos repentinamente próximos demais, e ela abaixou os olhos, com medo de encontrar os dele. O silêncio entre ambos já se estendera tempo demais para fingirem que era algo além do que era. Não havia mais espaço para as palavras; tudo o que restava eram dois corações batendo.” p.158

Eu adorei o outro livro que li da autora, A probabilidade estatística do amor à primeira vista, e quando vi esse lançamento, já fiquei animada para ler. Os livros da autora são YAs mais leves, ideais para o público jovem. Eu adoro sua narrativa e hoje conto para vocês o que achei de A geografia de nós dois da Jennifer E. Smith.

Aos 16 anos Lucy é a mais nova de três irmãos, seus dois irmãos gêmeos estão agora na faculdade e ela sente um grande vazio. Eles eram seus dois e únicos melhores amigos, os pais, ficam mais ausentes viajando do que em casa. Lucy estuda em uma escola só para meninas em Nova York, cidade onde cresceu, e prefere passar despercebida na escola, é uma solitária. Ela adora descer de seu apartamento no 24º andar e explorar a cidade.

Owen, 17 anos, acaba de se mudar com o pai para NY, após o falecimento trágico da mãe. Os dois estão de luto, e Owen sente falta de sua cidade natal, se sente oprimido nas grandes ruas tumultuadas da cidade. O pai foi contratado por um primo distante para ser administrador de um prédio, e agora eles moram no subsolo.

Lucy estava subindo para casa. Owen estava subindo ao terraço, o único lugar da cidade onde conseguia ver as estrelas e se sentir menos claustrofóbico. Acabam presos dentro do elevador, e começam a conversar. A cidade está totalmente as escuras depois de um grande blecaute. Ruas escuras repletas de pessoas tentando chegar em casa a pé, sorvetes derretidos, transito caótico. E os dois, e as estrelas.

Pouco tempo depois os dois são separados pela geografia. Será que esse novo e desconhecido sentimento, poderá resistir à distância?

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Adorei! Meu preferido ainda é A probabilidade estatística do amor à primeira vista, mas os dois são igualmente fofos. As histórias da autora normalmente são leves, sem grandes dramas, mas cheia de dificuldades no caminho. Casais improváveis, com pouca chance de ficarem juntos e ótimos personagens. E o que importa nos livros, acho que nem é o final do casal, e sim o que os aproxima; e como isso pode ou não dá certo, a liberdade de escolha, o futuro desconhecido.

Lucy e Owen são dois adolescentes legais. Cada um com seus problemas, Lucy que se sente sozinha sem os irmãos e com os pais ausentes, mas que tem tudo o que precisa. Só precisa escolher: sua faculdade, seu futuro. Owen destroçado pela perda da mãe, querendo juntar os cacos que restam no pai, sem nenhum dinheiro, mas cheio de sonhos. De entrar em uma faculdade bem longe, de conhecer o mundo. Em comum eles têm o desejo de viajar, de conhecer o desconhecido, e a solidão. Os protagonistas são essencialmente solitários, e é lindo vê-los deixar aos poucos suas reservas de lado e se arriscarem.

Acho que a autora gosta de escrever sobre casais que tinham tudo para não ficar juntos rs. Nesse o que os separa é a distância. Apesar de se conhecerem em NY, Lucy logo está de mudança para a Europa, e Owen irá viajar os EUA de carro com o pai, que precisa encontrar um emprego, os dois em busca de um recomeço.  E se eles vão ficar juntos ou não... quem sabe rs. São diversas cidades e muitos países nesse livro, gostei muito das descrições, não ficou pesado e ficou bem interessante.

O final desse é bem aberto, não de forma frustrante, mas deixa o leitor querendo saber mais. Não é daqueles abertos que me deixam com ódio rs, mas um epílogo não faria mal a ninguém hehe.

Gostei muito do estilo da autora, me lembra um pouco a Stephanie Perkins, com seus personagens que amadurecem muito durante o livro, e seus cenários belos e diferentes. Porém, o estilo aqui é mais sutil, os personagens não estão prestes a viver um romance épico, eles não buscam um grande amor, é mais um romance de autoconhecimento, descobertas e claro, o primeiro amor. 

Eu adorei e indico muito, YA leve e divertido, ideal para pré-adolescentes, adolescentes e adultos que curtem esse estilo. Leiam!

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