Além-mundos - Scott Westerfeld
>> segunda-feira, 27 de junho de 2016
WESTERFELD, Scott. Além-mundos.
Rio de Janeiro: Editora Galera Record, 2016. 546p. Título original: Afterworlds.
Que
a imaginação do Scott Westerfeld é incrível, eu não tenho nenhuma dúvida. Suas
duas séries lançadas no Brasil são completamente diferentes: Feios, a mais
conhecida, é uma distopia jovem adulto; Leviatã
é um infanto-juvenil steampunk; e ainda tem Midnighters
(estes não li), um sobrenatural YA. E ele não só escreve sobre gêneros
diferentes, como faz isso muito bem. E eis que, Scott agora inventa algo completamente
maluco, não escreve uma história, mais duas, de gêneros diferentes, em um mesmo
livro. É isso mesmo! Em um romance jovem adulto, Darcy, nossa protagonista, acaba de vender seu primeiro romance e muda para NY para escrever. E em um YA
sobrenatural, Lizzy acaba de descobrir seus recentes poderes... Calma que eu explico,
hoje vou falar do diferente, Além mundos.
“- Sem dúvida é importante. Mas a faculdade
começa em setembro – argumenta Annika Patel, cheia de sorrisos. - Então não há
conflito, certo?
- Certo. – Darcy suspirou. – Só que,
quando eu terminar o Além-mundos, tenho que começar a escrever o segundo livro,
e depois revisar esse também! E a minha agente disse que já deveria estar me
promovendo!” p.23
Com
apenas 18 anos, Darcy Patel escreveu seu primeiro livro, em um mês. Depois de muito negociar, acabou
convencendo os pais a adiar a ida a faculdade por 1 ano para se dedicar a
carreira de escritora. Ela conseguira um contrato fabuloso, para seu livro e
uma continuação, com dinheiro suficiente para se mudar para Nova York, o
recanto dos escritores. Inocente, logo se vê envolvida no universo dos escritores
YA, dos comentários cínicos e críticos, das dicas e conselhos dos colegas mais
experientes. Ela conhece Imogen,
também uma escritora estreante, e as duas começam a se aproximar. Enquanto
isso, ela precisa economizar, manter os pais tranquilos e terminar de revisar Além-mundos.
“Um gemido suave escapou de mim. Era
como se os dedos de Yama tivessem encontrado um fio solto dentro de mim, e
puxassem, me desfazendo e desvelando. A energia nervosa de todas aquelas noites
sem dormir foi se espalhando por toda a minha pele.
Minhas mãos se esticaram, meus dedos
mergulhados nas ondas de seu cabelo negro. Mantive-o ali, os olhos presos aos
meus, o olhar submerso cada vez mais em mim, toda vez que um suspiro abalava
meus pulmões.” p. 347
Lizzie está
voltando da casa do pai, em NY. No aeroporto, enquanto espera seu voo em uma
escala, fala com a mãe super protetora no celular. De repente, terroristas
invadem o local e começam a atirar em todos. Sem lugar para se esconder, se
joga no chão e se finge de morta. Repete tanto em pensamento “estou morta,
estou morta”, que acaba indo parar em um mundo paralelo, atravessando a
fronteira do além-mundo. Lá ela conhece Yama, um Deus no mundo dos mortos. Mas
como dividir seu tempo entre o mundo real e o mundo dos mortos?
Darcy
criou Lizzie. Ela é sua protagonista. Duas adolescentes, duas histórias. Cheias de descobertas, amadurecimento e desafios.
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Viram
que viagem?!! Esse autor é fodástico!! Ele critica, esmiúça, cria duas
histórias completamente diferentes dentro de um mesmo livro e as duas são muito
boas! De um lado temos Darcy, jovem, inocente, tentando sobreviver no mar de
escritores YA em Nova York. É um serviço duro, sofrido, com altos e baixos. Achar
o título perfeito, conseguir fazer todas as correções solicitadas pela Editora,
fazer turnê, conseguir o final perfeito, vender o suficiente para uma
continuação... Tudo isso agora faz parte da realidade de Darcy. Ela está
empolgada e assustada, tudo é novo. Seus pais são protetores, sua irmã mais
nova parece mais madura do que ela. Darcy precisa terminar um livro, construir a
sua carreira, e tudo isso quando está apaixonada pela primeira vez.
Do
outro lado temos o livro de Darcy, que está todo na história. Ou seja, são duas histórias, as duas com começo, meio e fim. É engraçado que
vemos Darcy arrancar os cabelos em busca da cena perfeita para Lizzie. E em
seguida temos Lizzie, surgindo bem na nossa frente; forte, inocente, cheia de curiosidade e
coragem. Apaixonada por um Deus milenar da morte, abraçando seus novos poderes,
querendo corrigir injustiças. A mãe de Lizzie preocupada com a única filha, sua
melhor amiga sem entender nada, de repente ela começa a ver fantasmas e a falar
com ele.
Gente,
esse livro é muito legal! Muito diferente de tudo que costumamos ler, cheio de
tiradas inteligentes e divertidas. Você vê o sofrimento do autor, as dicas e
desafios que ele precisa resolver. Como eu ri dos elogios de capa! Nunca mais
vou enxergar as frases de outros autores da mesma forma. E como não podia
deixar de ser, esse livro tem três frases ótimas na contra-capa. Terminei a
leitura e fui correndo ver os “elogios de capa” que o Westerfeld recebeu. Acho
que gostei mais da historia de Darcy por isso, pela forma como mostra como um livro
é criado, do inicio até o final. Romances YA são completamente dissecados, e
muito zoados as vezes. É inteligente, é divertido, é muito sarcástico. A história de Lizzy é mais romântica,
sobrenatural. Mas é nela que ficamos sabendo se Darcy conseguiu ou não fazer um
bom trabalho, o sucesso de Darcy, depende do final de Lizzy. E o autor se auto
elogia diversas vezes, toda vez que a história de Lizzy é muito elogiada. E se critica também, quando acontece o oposto. Imagina você escrever o livro todo e sua agente mandar você mudar o final todo porque desse jeito não vai vender?! Viram
que loucura legal? Rs.
Os
capítulos se alternam entre as duas protagonistas, as vezes uma história estava ótima e aí
terminava o capítulo e eu ficava tipo ahhhhh quero mais, mas aí já mudava para
a outra protagonista. Como romance não é o melhor livro que eu li, mas com
certeza é o livro mais inteligente e diferente do ano. Eu só não favoritei e não levou um 5 porque
eu queria mais das personagens, nem digo do final, mas da história delas como
um todo. O livro termina de uma forma que pode ou não haver uma continuação,
afinal Darcy está escrevendo o livro número 2 rs.
Para
quem quer fugir do comum e encarar uma experiência no mínimo, diferente, esse
livro é imperdível na estante! Para autores iniciantes ou não, ou para quem
sonha em escrever, esse livro pode ou não te ajudar hehe, mas com certeza você
deveria ler! Indispensável na estante, leiam logo!
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