Viaje comigo #238: Vozinha
>> sábado, 28 de maio de 2016
Nunca
pensei que eu viria aqui em um sábado, nessa que é a minha coluna do dia a dia,
de contar sobre tudo, para fazer um post de despedida. Nunca pensei que esse
post seria sobre a pessoa mais importante na minha vida... A minha Vozinha. A
Vozinha que foi minha mãe, meu pai, minha avó. A Vozinha que comemorou comigo
todos os acontecimentos da minha vida, desde as coisas mais simples. Minha
Vozinha faleceu no dia 20 de maio, e de lá para cá, parece que estou meio
perdida, sabendo que preciso seguir em frente, mas meio sem saber o que isso
significa. Seguir para onde? Como andar nessa casa em que todos os minutos são
ela? Como não pensar em tudo o que ela vai perder porque não está mais aqui...
A
Vozinha sempre fez parte desse blog, desde o início. Eu precisava vir aqui para
falar dela, mas nunca um texto foi tão difícil. Não de ser escrito, não faltam
palavras para falar sobre ela, mas pelo simples fato dele existir. Eu nunca
havia perdido ninguém realmente próximo, tão importante, e aí, se foi logo a
mais importante. E mesmo fazendo todas as coisas normais, trabalhando, vendo
série, lendo... do nada, algo me faz desabar. Chorei horrores porque fui comer
um bombom outro dia, porque ela ficava rindo a toa sempre que ganhava qualquer
chocolate.
Nos
últimos tempos Vozinha já não era tão ELA. O Alzheimer levou muito. Não só das
lembranças, mas da pessoa que ela foi. Cheia de energia. A chefe de família,
aquela que resolvia tudo e não aceitava muitos palpites. Andava o bairro todo
com os cachorros, vendendo Natura, dando aula de yoga para os idosos na LBV,
fazendo hidroginástica. Falando que ia na “cidade” quando tinha algo para
resolver no centro. Mandando a gente “cagar um tuquinho” quando a gente
discordava de algo que ela decidia. O que era um evento quase diário rs. Ela
faleceu de uma infeção urinária resistente, que se espalhou para o pulmão. Mas
foi o Alzheimer que a levou aos 79 anos, aos poucos, se apagando.
Niver Vozinha 2013 |
Ela
nunca se esqueceu da viagem que fizemos para Florianópolis, mas ela falava que
foi com uma moça. Foi seu primeiro voo de avião, ela adorou tudo. Entrou na
água congelante para molhar os pés, porque não poderia ir a praia e não ver
como era. Aprontou em todos os passeios, chegou contanto para todo mundo da
viagem. Uma vez fomos para Inhotim, excursão do meu serviço. Ela aprontou
todas, subiu em uma OBRA DE ARTE quando distraímos um minuto, com o guia
implorando para ela descer da estrutura de metal enorme, sem saber se subia
atrás. Ela desceu, plantou uma bananeira, e falou, to ótima, duvido que vocês
conseguem fazer isso. A gente não conseguia mesmo. Nadou numa piscina gelada
que tinha em uma das salas, pegou muda de um monte de planta comigo desesperada
atrás, com altas placas de proibido em todos os jardins.
Inhotim |
Gritou
comigo pela sala e pulamos juntas quando consegui minha primeira parceria
grande no blog, com o grupo Record. Vinha correndo com os livros na mão quando
chegava livro de parceria, escolhendo qual iria ler primeiro. Lia quase todos,
reclamava da maioria. Era bem na época da modinha sobrenatural, e ela odiava
vampiros e todas essas coisas. Devorava os romances e falava que pulava quando
tinha umas “cenas exageradas” rsrs, as hots. Nos últimos tempos ela quase não
lia mais, não lembrava do que estava lendo, aí vieram os livros de colorir. Ela
não largava, tinha pilhas na mesa da copa, passava os dias colorindo.
Quando
eu era pequena tinha pavor da Vozinha brava, ela tinha um beliscão que
assustava só dela ameaçar. E o terrorismo era tão grande (lembra Maíra?) que a
gente ainda tinha que escolher entre “chave ou gaveta”. Acho que valeram a
pena, nunca precisei de mais do que isso para obedecer. Ao mesmo tempo ela era daquelas
que construiu um fogãozinho no terreiro para eu fazer comidinha de verdade. Que
costurava as melhores roupas de Barbie, nunca vi bonecas tão chiques. Ela
cortava meu cabelo, o mais famoso me deixou parecendo o Chitãozinho ou o
Xororó... já tive aquele de índio também, essa parte eu odiava.
Vozinha
participava de tudo, ficava acordada fazendo chá quando eu ficava até tarde
estudando para o vestibular, ia comigo pedir alimentos de casa em casa para as
gincanas da escola ou do bairro. Dançava junto nas festas, experimentava meus
sapatos, mandava eu trocar de roupa porque não combinada ou porque estavam
curtas demais. E quando ela ainda cozinhava, sai de baixo. Um dia apareceu um
bolo vermelhinho, ela não contou o que era até todo mundo ter comido. Depois
falou que tinha tomate, alface, tudo que tinha sobrado da salada do almoço kkk.
A receita ela seguia com o que tinha, e saia cada coisa. Era bem brava com meu
primeiro namorado, antes da faculdade eu nem sabia o que era sair a noite.
Lembro dela saindo de camisola na sala e falando “já tá na hora de dormir né?”.
Minutos depois eu já estava despedindo e indo deitar.
Quando ganhei o Toby, 2001 |
Foram
tantas risadas, tantas gargalhadas. E é impossível não querer voltar atrás, não
lembrar dos dias que fiquei lendo no quarto de porta fechada, e como eu
gostaria de estar lá, conversando, aproveitando mais. Ai gente, como eu queria
mais tempo!! Nunca imaginei que o tempo seria tão curto... Mas ela foi, acima de tudo, uma pessoa alegre. Nunca vi Vozinha chorando pelos cantos ou reclamando da vida. Ela sorria, resolvia o que podia resolver e seguia em frente. Aprendi cedo a valorizar o que tenho e a não "reclamar de barriga cheia", e sim, agradecer e valorizar. Obrigada Vozinha,
por tudo o que eu sou. Desculpe por tudo o que eu não fui. Fica a saudade,
tanta saudade, fica o amor, infinito amor.
~~~~~
Para
quem não sabia, está explicado meu sumiço na última semana. A Vozinha era uma
parte grande do Viagem Literária, por isso a importância desse texto de hoje.
Viaje comigo na semana do blog. ^^
- Resenha de Namorado de aluguel da Kasie West.
- Viaje com as séries #205 – Divagações sobre The Voice US na coluna da Kellen.
- Promoção Kit Top comentarista de maio TERMINA HOJE 28/05/2016.
- Sorteio Mr. Mercedes TERMINA HOJE 28/05/2016.
- Sorteio Dama da meia-noite vai até 04/06/2016.
Chegaram para análise das Editoras parceiras & presente:
Da Editora Arqueiro chegaram:
- Um novo amanhã da
Nora Roberts (SKOOB).
Primeiro de uma trilogia com três irmãos lindos e fofos. O legal é que a
pousada da trilogia realmente existe na Irlanda.
- Ligeiramente seduzidos da
Mary Balogh (SKOOB).
O quarto da série Os Bedwyns, com a história da caçula, Morgan. Também já li,
gostei, mas ainda prefiro o anterior.
- No seu olhar do
Nicholas Sparks (SKOOB).
Faz tempo que não leio algo do autor, não gosto de saber nada dos livros dele,
então conto depois que ler.
Do Grupo Companhia das
Letras chegaram:
- O cisne e o chacal da J. A. Redmerski (SKOOB).
Terceiro da série Na companhia de
assassinos, NA com suspense. É meio surreal as vezes, mas gosto muito dos
personagens.
- Na estrada Jellicoe da Melina Marchetta (SKOOB).
Não faço ideia da história, nem quis saber antes. Mas o livro é super bem
falado nos EUA e estou curiosa para ler.
- Ganhei da Lu do amigo oculto de páscoa um Kit enorme, que não tirei foto rs.
Mas junto com as outras coisas ganhei o livro Sociedade Secreta: Ritos da primavera da Diana Peterfreund (SKOOB).
Adorei os dois primeiros da série, mas tem anos que eu li, não lembro de nada
aff, preciso relembrar para ler esse.
Não li quase nas duas últimas
semanas. Mas depois peguei dois romances leves e li bem rápido. Um novo amanhã da Nora, que adorei.
Gostei da construção da pousada, adorei o casal mais maduro e sem os dramas de
sempre. A mulher mãe de três crianças, umas fofas, e ele o legítimo bom moço.
Quero ver se o próximo vai ser tão bom, romance adulto e muito bonito. Depois
li o Ligeiramente casados, e o
enredo é muito bom, muito bem ambientado, mas o casal em si não curti tanto.
Tem mais história sobre eles na guerra e em tudo o que acontecia, do que como
um casal.
Balanço
da semana
Lendo:
A última carta de amor
Lidos
em 2016: 56
Livros
na fila: 393
Até
semana que vem!