A indomável Sofia - Georgette Heyer
>> terça-feira, 19 de abril de 2016
HEYER,
Georgette. A indomável Sofia. Rio de
Janeiro: Editora Record, 2016. 404p. Título original: The grand Sophy.
“- Eu lhe disse que não era
de modo algum equilibrada. Venha, não vamos falar dele! Fiz um juramento solene
aos céus que não brigaria com você hoje.
- Você me espanta! Por quê?
- Não seja tolo! Quero
conduzir seus cavalos é claro!” p.159
Esqueçam
os romances de época lançados ultimamente, apesar de ter todas as
características necessárias, o estilo da autora se assemelha mais aos romances
da Jane Austen. Romances sutis e diálogos sagazes substituem romances tórridos
e mocinhas apaixonadas. Confiram o que achei de A indomável Sofia da Georgette Heyer.
Lady Ombersley, uma senhora agitada e bondosa,
que tenta manter a família na mais pacata rotina, não estava preparada para a
chegada da sobrinha. A filha de seu irmão, Horace. Ele passou boa parte da vida viajando pelo mundo a trabalho e Sofia Stanton-Lacy é uma moça alegre e
cheia de personalidade. Ela não mede palavras, não se apega as rígidas regras
sociais e não tem medo de nada. Sua criação no exterior a preparou para
diversas situações, que moças nessa época nem sonhavam.
Quando
Sofia chega a residência da tia, se vê no meio dos vários problemas da família. Uma prima de coração partido, Cecília, que não pode se casar com o poeta
por quem se apaixonou. Um primo muito mal humorado, Charles Rivenhall, que está noivo de uma criatura insuportável, Srta Wraxton. Seu primo Hubert está provavelmente passando por
grande dificuldade e ninguém parece notar. Com sua língua afiada e seus modos
decididos, decide ajudar a todos.
Suas
loucuras deixam a casa em polvorosa e o primo com vontade de esganá-la. Ao
mesmo tempo, Sofia parece disposta a aceitar um marido. E apesar dos mais
improváveis pretendentes lhe fazerem a corte, ela não estava preparada para se
interessar por um improvável cavalheiro.
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Acho
que as vezes não querer saber nada sobre os livros, pode me atrapalhar. Eu não
costumo ler sinopse nem nada sobre os lançamentos, olho apenas o assunto do
qual ele trata (nesse caso, um romance de época) e dou uma olhada na avaliação
do livro no Goodreads. E pronto, começo a leitura. Aqui eu esperava algo
totalmente diferente, e acabei me decepcionando um pouco com o que encontrei.
Apesar de reconhecer muitos aspectos positivos na história, não foi uma leitura
que me conquistou totalmente.
Ambientando
em Londres no início do século XIX, o livro foi publicado originalmente em 1950
e se difere em muito dos romances de época atuais. O estilo da autora foi muito
comparado ao da Jane Austen, com um enredo sutil, linguagem inteligente e
romance bem leve. Quem está acostumado a encontrar romances tórridos, paixões
abrasadoras, cenas de sexo e algum drama, pode se decepcionar ao não encontrar
tais elementos. O livro tem passagens divertidíssimas, se existisse um gênero
chamado chick-lit de época, ele provavelmente se encaixaria aqui.
Eu
esperava realmente outra coisa, apesar de me divertir durante a leitura - achei várias cenas hilárias-, não consegui me conectar com a história. Gostei
de Sofia e dos demais personagens, achei o enredo rico e interessante, mas
faltou algo, não me envolvi completamente com o livro. Acho que muito disso se
deve a narrativa em terceira pessoa. É estranho acompanhar todos os personagens
vistos “de fora”, não sabemos os sentimentos de ninguém a fundo. Gosto desse
tipo de narrativa na ficção policial, mas em um romance, achei estranho. Outra
coisa que não gostei muito foi que o casal mesmo quase não existe. Não temos
uma paixão, um romance sendo descrito e um final romântico. Tempos duas pessoas
que se entendem no final e fim. Faltou pelo menos um epílogo, não sei, no geral
achei o final frustrante.
Eu
não conhecia a autora Georgette Heyer, com aproximadamente 30 romances publicados,
a autora publicou sua primeira obra em 1921 e faleceu em 1974. Publicado em
1950, The grand Sophy, é seu livro
mais famoso. Agora já conhecendo melhor o seu estilo, espero ter oportunidade
de ler outros trabalhos dela. Não sei se
todos os seus livros são narrados em terceira pessoa, mas pretendo descobrir
rs.
Voltando
a obra, eu adorei os personagens. Sofia com suas atitudes impagáveis,
Charles com seu mau humor, e a prima que tira ele do sério o tempo todo.
Cecilia é a moça bobinha, que se apaixona a primeira vista por um lindo poeta e
rejeita um ótimo partido por isso, deixando a família enlouquecida. A noiva de
Charles, Eugênia, é uma criatura desagradável e vários outros personagens
secundários são descritos de forma ampla, quase sempre fazendo parte de alguma confusão.
Algumas cenas me fizeram rir alto, a autora tem um senso de humor muito afiado.
Quem
já leu esse ou conhece outros trabalhos da autora, não deixe de compartilhar
sua opinião. Apesar de não ter amado, foi uma leitura diferente e interessante.
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Avaliação
(1 a 5): 3,5