Não queira saber - Lisa Jackson
>> segunda-feira, 14 de março de 2016
JACKSON,
Lisa. Não queira saber. Rio de
Janeiro: Editora Bertrand, 2016. 462p. Título original: You don’t want to know.
“-
Você não se internou no St. Brendan’s – argumentou ele. – Não foi porque quis.
Você foi interditada porque tentou se matar! Com comprimidos e uma lâmina de
barbear! Lembra?
-
Não!
-
Então, você ainda está doente, Ava. Muito doente.
Wyatt
tocou de leve no ombro da mulher, quase com amor, mas ela sabia que era
falsidade. Encenação.
-
Não volto mais para o hospital.
Ele
não respondeu. Apenas a fitou com o olhar um pouco superior e condescendente
que Ava não percebera antes do casamento. Apesar de Wyatt não ter pronunciado
uma palavra sequer ,ela sentiu o ‘Vamos ver’ pairando em silêncio no ar e um
pavor tão frio quanto o fundo da baía se instalou em sua alma.” p. 220-221
Uma
mãe sofrendo a perda do filho. Uma lunática ou uma mulher lutando pela verdade?
Lisa Jackson está de volta em um suspense de arrepiar, com direito a uma mansão
cheia de segredos, personagens sinistros e muitas perguntas sem respostas. A
verdade? Não queira saber.
Ava Garrison acorda de mais um
pesadelo, um em que seu filho Noah ainda
está com ela e depois desaparece. Acorda desesperada, aos prantos, dois anos se
passaram, dois anos sem pistas e sem avanços na investigação. O corpo de seu menininho nunca foi encontrado, só ficou o vazio. Emergindo do topor causado pelos remédios, Ava se sente cansada! De ser tratada como uma lunática, de ser fraca, de estar sempre
apavorada e de não conseguir acreditar em ninguém. Paranoia? Ela não acredita
nem no próprio marido, Wyatt. O
advogado vive ausente a trabalho, e como todos, acha que o filho se afogou e o corpo nunca foi
encontrado, acha que eles precisam “seguir em frente”... como se isso fosse
possível.
As
paredes da grande mansão onde vivem parecem sussurrar segredos. Tem sempre
alguém andando sorrateiro, vigiando todos os passos de Ava, ouvindo atrás
das portas, todos a olhando como se tivesse perdido o juízo. A casa enorme
ergue-se grandiosa no meio da Ilha Church, um lugar isolado e cercado pelo mar.
Uma casa com muitos moradores, mas ela não confia em nenhum deles.
Ava
passou a maior parte dos dois últimos anos internada em um hospital
psiquiátrico em Seattle, destruída pelo luto e com lapsos de memória, incapaz
de lembrar com clareza dos eventos que antecederam o sumiço do filho. Seu irmão,
Kelvin, também morreu tragicamente
em um acidente de barco, quando ela estava grávida, mas em sua cabeça, os
eventos parecem convergir.
Todos
parecem saber mais do que ela, a olham com pena ou despeito, a humilham ou
ignoram. Alguém esconde alguma coisa? Ou é tudo fruto de sua imaginação? Ela
comprou a maior parte da mansão da família, mas a prima cadeirante, Jewel-Anne, se recusou a vender, e
ocupava uma parte da casa com sua enfermeira, Demetria. O irmão mais novo da prima, Jacob, morava em um apartamento no porão. Outro primo, Ian, ajudava a administrar a casa. Khloe já havia sido sua melhor amiga e
noiva de seu irmão, mas as duas acabaram se afastando. Ela começou a trabalhar
na casa como babá e agora parecia que estava ali para cuidar de Ava. A mãe de
Khloe, Virginia, também trabalhava
lá como cozinheira. Até Austin Dern,
o novo funcionário, parecia vigiá-la. Ela não confiava em sua psiquiatra, a Dra. McPherson. Graciela, a empregada silenciosa, parecia estar sempre de olho
nela. Um covil de cobras, ou fruto de suas alucinações? Ava está determinada a se livrar da névoa dos
medicamentos e descobrir a verdade.
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Gente,
que livro!!! Esse é o terceiro livro que leio da autora, e o mais pesado deles.
O
último grito foca mais no romance, Calafrios
também é sinistro, mas mais fácil do leitor deduzir os desdobramentos. Nesse fiquei mais perdida do que cego em tiroteio. É tudo muito confuso, muito
intricado. Eu passei o livro todo, ora acreditando em Ava e torcendo por ela,
ora duvidando de tudo e achando a protagonista completamente lunática. Não
saber se Ava está certa ou é, na verdade, culpada de muito do que aconteceu, me
deixou roendo as unhas até o final.
Vocês
não fazem ideia de como esse livro é tenso e sinistro! É de arrepiar. A mansão
enorme, cheia de passagens e quartos desconhecidos, as pessoas todas parecendo
estar mentindo, o lugar isolado e de arrepiar. A cada capítulo você acha que
pode confiar em alguém, que descobriu algo importante e aí, descobre que não
sabia mesmo era de nada. História muito intricada e cheia de reviravoltas. Caixa
de pássaros foi um livro que todo mundo achou assustador, eu
achei esse aqui muito mais pesado. Talvez por ser mais íntimo, o desespero de
Ava para descobrir o que aconteceu e tudo o que isso causa, é perturbador.
A
construção da protagonista foi interessante. Ava é uma mulher que já foi forte,
inteligente, uma empresária implacável. Ela desmoronou após o sumiço de Noah e
suas atitudes são completamente dúbias. Tenta ser racional e agir com segurança
para tomar as rédeas de sua vida, mas a todo momento age como uma desequilibrada. Ela não consegue nem fingir que está sã, o que me deixava louca de
agonia. Ou estava acontecendo um grande complô contra ela, ou Ava era realmente
completamente paranoica.
Eu
sei que parecia um favorito, para mim também! Mas eu não comprei um dos desdobramentos
até agora. Quando eu criei uma teoria do que estava acontecendo, apesar de todo
o cenário confuso, eu matei logo as intenções por trás de tudo. E até aí fez
sentido, mas alguns acontecimentos sinistros não combinaram com o
resto da trama. Não tem explicação para a forma como a pessoa agiu, não com
aquela motivação. Pelo menos para mim. O final foi legal, mas ainda não me
conformo com o tal desdobramento rs.
Ele
perdeu 1 ponto por isso, mas é um suspense fantástico. Tem um romance
paralelo, mas não é o foco da trama, como os outros livros que li da autora. Se
você curte uma leitura mais pesada e gosta de se aventurar em algo diferente,
aproveite a leitura!
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