O Rouxinol - Kristin Hannah

>>  segunda-feira, 14 de dezembro de 2015


HANNAH, Kristin. O rouxinol. São Paulo: Editora Arqueiro, 2015. 432. Título original: The nightngale.

“- Você nos trouxe oitenta e sete aviadores nos últimos oito meses, Isabelle – disse ele, voltando a se sentar. Só naquela sala, pessoalmente, ele usava o verdadeiro nome dela. Em toda a correspondência oficial com o MI9, ela era o Rouxinol. Para os outros funcionários do consulado e na Inglaterra, ela era Juliette Gervaise. 
– Acho que devia ir mais devagar.
- Ir mais devagar?
- Os alemães estão procurando o Rouxinol, Isabelle.” p.231

Eu sou fã incondicional da Kristin Hannah e amo romances de guerra. As duas coisas juntas? É muito amor! Sem mais, conheçam o novo livro da autora no Brasil, O rouxinol!

França, 1939
Vianne Mauriac, 28 anos, se casou muito nova, ainda adolescente. Depois de ter perdido a mãe para uma doença e o pai para o luto e o alcoolismo, se refugiou no amor de Antoine. Ele era tudo para ela, juntamente com sua linda filha Sophie, 8 anos. Quando o marido é convocado para a guerra, seu coração se parte, mas Vianne acredita que Antoine vai voltar bem e que tudo acabará rápido. Não acredita que os nazistas invadirão o país, tem fé de que sua pequena cidade ficará protegida, e tenta viver normalmente.

Sua irmã mais nova, Isabelle Rossignol, 18 anos, acaba de ser expulsa de mais um internato e volta para a casa do pai, em Paris. Tem consciência de que não é bem vinda, há muitos anos o pai se livrara dela e da irmã mais velha. Mesmo assim, quer morar com ele, ajudar na livraria e no esforço da guerra. Não acredita nos ensinamentos inúteis dos internatos para moças, afinal, quem precisa aprender que garfo usar, quando os alemães estão prestes a invadir o país? Impetuosa e inteligente, Isabelle quer ajudar. O pai logo a despacha para ficar com a irmã, que também não quis saber dela quando eram mais novas.

Quando a França é invadida e a cidade tomada pelos alemães, um soldado recebe ordens para aquartelar na casa de Vianne. Logo se vê com um alemão morando em sua casa, os bens da família sendo tomados e os alimentos sumindo no mercado. Sua farta fazenda mingua, precisam viver com os parcos cartões de racionamento. Forçada a viver com o inimigo, ou abandonar seu lar e deixar tudo para trás. Ela abaixa a cabeça e obedece, pensa na filha, tenta apenas sobreviver até a volta do marido. Isabelle não consegue manter a boca fechada e se rebaixar para um alemão, no fim, decide fugir e se juntar a Resistência.

Duas irmãs, duas escolhas. Ideais diferentes, um objetivo comum: proteger aqueles que amam em meio à devastação da guerra. A história das mulheres, que travaram batalhas diárias longe do fronte. Que não foram homenageadas, que não ganharam medalhas, mas que tiveram um importante papel na história mundial. Elas pagaram um preço alto demais, mas não foram esquecidas.

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Mesmo dias depois de terminar a leitura, meus olhos ainda se enchem de lágrimas ao escrever a resenha, uma das histórias mais lindas que já li. Amo romance de guerra, foi uma época devastadora e que causou perdas insuperáveis. Milhares de mortos, os que sobreviveram, encontraram países devastados e pessoas marcadas para sempre. O conflito em si é de conhecimento geral, mas a vida de cada uma daquelas pessoas, só podemos imaginar. Esse livro conta a história de duas mulheres, aparentemente comuns, muito diferentes em suas convicções, mas que mudaram a vida de muitas famílias.

Vianne é aparentemente tola e fraca. não acreditava que a guerra chegaria a França, nem em tudo que viria depois, achava que estava segura com a filha na fazenda. Acabou aprendendo de forma dura, mas seu coração guiou suas escolhas. Vianne arriscou sua vida e a da filha, para salvar outras pessoas. E fez tudo bem debaixo dos olhos de um alemão. Isabelle era pura impetuosidade, chegava a ser tola com suas atitudes impensadas, era paixão, determinação. Escolheu abandonar a irmã à própria sorte, para ajudar no esforço da guerra, tentou com afinco até conquistar um papel importe no movimento de resistência. No processo, colocou em risco não só sua vida, mas sua família também. Ambas amaram, ambas sofreram e perderam. 

A história começa no futuro, com uma das irmãs já idosas contando a história. Você não sabe qual delas está narrando, sabe apenas, que provavelmente a outra não sobreviveu. A narrativa se alterna entre presente e passado, em terceira pessoa narra a vida de várias pessoas, principalmente, das duas protagonistas.

Eu me desesperei, torci por elas, sabia que ia dar merda, mas não perdi a esperança até o final rs. Fiquei agoniada com a inocência de Vianne, desesperada com a imprudência de Isabelle. Senti em cada página todos os golpes duros, chorei junto, impossível não se emocionar. Elas eram duas mulheres comuns, perderam a mãe muito novas, não tinham o amor do pai, cresceram sozinhas, abandonadas. Mulheres simples, que desempenharam um importante papel na luta contra os alemães.

Além de ser uma história de guerra, esse é principalmente um romance sobre família. Sobre amor incondicional e duas pessoas muito diferentes que reagem de formas opostas ao sofrimento. Sobre família, mas principalmente, sobre fazer o que é certo, não importa as consequências, uma história sobre coragem. A personagem de Isabelle foi inspirada em uma mulher belga, que conduziu soldados Aliados a pé pelos Pirineus, evitando que fossem capturados pelos Nazistas.

As duas mulheres são falhas, fazem besteira, aprendem com os erros. O fato delas serem tão humanas e tão comuns cativa o leitor logo nas primeiras páginas. A atitude que ambas tiveram, fazendo TUDO para simplesmente sobreviver por mais um dia, é absurdamente corajosa. Esse é um livro para ler, reler, e guardar do lado esquerdo do peito.^^ Leiam!

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