Os bons segredos - Sarah Dessen
>> quinta-feira, 5 de novembro de 2015
DESSEN, Sarah. Os
bons segredos. São Paulo: Editora Seguinte, 2015. 404p. Título original: Saint
Anything.
“- Foi um dia incrível. Fiz uma curva e lá estava ele. Por
muito tempo não contei pra ninguém, nem pra Layla. Mas depois acabei cedendo.
Era um segredo muito bom para deixar guardado.
Bons segredos, pensei. Que ideia interessante.” p.242
Já li todos os livros da autora lançados no
Brasil e adorei a maioria deles. Meu queridinho é Just
Listen, mas sempre que vejo algo da Sarah Dessen, já vai para meus
desejados. Foi o caso de Os bons
segredos.
Sydney Stanford sempre se sentiu um pouco
invisível, nunca teve o carisma e a beleza do irmão mais velho, Peyton. No início era só isso, depois
ele começou a ser o foco da atenção da família por tudo que aprontava. Foram
diversos delitos e temporadas na reabilitação, seus pais tentando com unhas e
dentes fazer de tudo para o filho criar juízo. Até que ele causa um acidente
grave por dirigir bêbado e vai parar na prisão. Ela se ressente do quanto os
pais se preocupam com Peyton, mesmo depois de tudo o que aconteceu, e fazem de tudo para ajuda-lo.
Sente que eles deveram se preocupar mais é David
Ibarra, o menino de 15 anos que ficou paraplégico. Então sofre calada,
e tenta se manter longe das visitas ao irmão e das ligações da penitenciária.
“Por que você acha que precisa carregar a responsabilidade do
seu irmão?
- Porque alguém precisa fazer isso – eu disse. Olhei nos
olhos dela, que eram verdes-acastanhados como os de Layla. – Por isso.” p. 182
Toda a atenção faz com que resolva também mudar
de escola, deixa para trás a escola particular Perkins Day e se matricula no
colégio público local, na Jackson. Na escola, mesmo tímida e solitária, logo
faz amizade com Layla Chatham. A
família Chatham é dona da pizzaria Seaside, que se torna o ponto de encontro
das meninas depois do colégio. Mac o
irmão mais velho de Layla está sempre por lá, um rapaz lindo e tímido. Eles e a
irmã mais velha, Rosie, cuidam da
mãe, Tricia, que sofre de esclerose
múltipla, e ajudam o pai na pizzaria.
Vinda de uma família de classe média alta, tudo
isso é novidade para Sydney. Ela logo se vê a vontade com essas pessoas,
disposta a contar coisas que sempre guardou para si. Suas amigas da vida toda, Jenn e Margaret, nunca souberam de todos os seus problemas. Como Ames, o melhor amigo de seu irmão, um
cara assustador que parece estar sempre de olho nela, e que se tornou o novo
queridinho de sua mãe. Ela vai descobrindo aos poucos, como ocupar seu lugar no
mundo, aprende muito também sobre amizade, amor, família, e principalmente,
perdão.
“Quando nos vemos diante da coisa mais assustadora, só
queremos voltar atrás, nos esconder no nosso lugar invisível. Mas não podemos.
É por isso que o importante não é apenas sermos vistos, mas ter alguém que nos
veja também.” p.388
~~~~~~
O
estilo leve e sutil da autora é sua marca registrada, assim como a forma ampla
como ela constrói todos os seus personagens, criando não apenas rostos, mas pessoas
que contam uma história. Adoro a forma como seus personagens secundários ganham
destaque e a narrativa como um todo é bem feita. Apesar dessas características estarem presentes, esse não foi dos seus melhores trabalhos, sei que fez sucesso com
muitos leitores, mas para mim, deixou muito a desejar.
Achei
o enredo fraco e repetitivo, era como se ela tivesse vários ganchos ótimos e
não evoluísse nenhum deles. Eu gostei de Sydney, do drama da família e me solidarizei
com seu sofrimento diante do comportamento injusto dos pais; mas me irritei
muito com a falta de comunicação dela. A menina não conseguia contar nada para
a mãe, nem tentava! Ames, o amigo do irmão dela, tem um comportamento quase
psicopata e - mesmo sendo falha da mãe não enxergar e achar tudo ótimo-, se ela chegasse e falasse “Mãe, tenho medo desse cara”, já resolveria. E até a
conclusão dessa parte da história foi bem sem sal, esperava um ápice e algo
horrível e foi “ah, foi isso...”.
E
as mesmas histórias se repetem o livro inteiro, o drama dela com Peyton e o
remorso pelo acidente, o medo de Ames, os almoços com os amigos, as tardes na
pizzaria, a família de Layla... não foi ruim, só achei que não saiu do
lugar. O romance também não teve
um uau, o mocinho é fofo, mas não senti química ou nada que fizesse deles um
casal adorável. E o final gente, ai que final mais brochante, sério. Como termina
assim? Que agonia.
Apesar
disso tudo e de não amar, têm livros da autora bem melhores, eu gostei da leitura. É um YA leve, bom para o público mais jovem,
que fala sobre amadurecimento, escolhas, amizade, família, perdão e amor. Quem
leu me conte o que achou, leiam.
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