Joyland - Stephen King

>>  quarta-feira, 7 de outubro de 2015

KING, Stephen. Joyland. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2015. 239p. Título original: Joyland.

“Foi naquele quarto que passei algumas noites ouvindo música baixinho no rádio, Jimi Hendrix ou The Doors, tendo pensamentos suicidas ocasionais. Eram pensamentos mais amadores do que sérios, apenas fantasias de um jovem muito criativo que estava sofrendo... ou pelo menos é o que digo para mim mesmo agora, tantos anos depois, mas quem pode ter certeza?
Quando se trata do passado, todo mundo escreve ficção.” p. 33

Um exímio contador de histórias, Stephen King transforma algo simples em puro ouro. A narrativa é cativante, comovente e viciante, uma mistura de cinismo bem intencionado com sinceridade brutal. Hoje vou falar de Joyland!

Devin Jones era um universitário quando começou um trabalho temporário no parque Joyland, tudo o que ele queria era esquecer Wendy Keegan. Anos depois, ele ainda se lembra de tudo o que aconteceu naquela época, de bom e de ruim, racional ou inexplicável.

“Eu era um virgem de vinte e um anos com aspirações literárias. Tinha três calças jeans, quatro cuecas, um Ford velho (com um rádio bom), pensamentos suicidas eventuais e um coração partido. Que fofo hein?” p.8

Ele ainda não entedia como dois anos de namoro acabaram assim, vagava pelo parque fazendo suas tarefas, vestia a fantasia mais do que todos os outros jovens contratados e não se importava de brincar com as criancinhas, até gostava. O trabalho duro, o quarto na pousada com vista para o mar, fazia com que se esquecesse dela, e dos problemas. As previsões estranhas da cigana Rozzie não o incomodaram inicialmente, ele sabia que ela era só uma charlatã.

“Várias vezes chegamos perto ‘daquilo’, mas ‘aquilo’ nunca acontecia. Ela sempre recuava e eu nunca a pressionava. Pelo amor de Deus, eu estava sendo um cavalheiro. Já me perguntei muitas vezes, depois, o que teria mudado (para o bem ou para o mal) se eu não tivesse sido. O que sei agora é que jovens cavalheiros raramente conseguem uma boceta. Pode bordar essa frase e pendurar na cozinha.” p.9

Também não se preocupou com as histórias sobre o brinquedo mal assombrado, ouviu com curiosidade sobre a jovem, Linda Gray, assassinada no parque. Mal sabia ele, que isso afetaria seu mundo para sempre. Mas em um parque as notícias correm, e uma garota assombrando o trem fantasma é algo que todos querem ver. Devin começa a pesquisar sobre o assunto, tentando descobrir o assassino. Ao mesmo tempo, conhece um menino que nunca mais vai esquecer, Mike, uma criança com uma doença terminal e um dom raro.

A vida dos personagens estão entrelaçadas, alguns deles irão amadurecer, amar e perder, salvar vidas, vivenciar o inexplicável. Outros não vão ter a chance de passar por tudo isso, porque a morte chegou para eles, cedo demais.

“Só posso dizer o que você já sabe: alguns dias são preciosos. Não muitos, mas acho que em quase toda vida há alguns. Aquele foi um dos meus, e, quando estou triste, quando a vida me dá uma rasteira e tudo parece ruim e sem graça, como a Joyland Avenue em um dia chuvoso, eu volto a ele, ao menos para lembrar a mim mesmo que a vida nem sempre arranca nosso couro. Às vezes, ela oferece verdadeiros prêmios. Às vezes, são precisos.” p. 185

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O enredo é essencialmente simples, e principalmente por isso, se tornou um dos meus favoritos do autor. É uma história cativante, emocionante, atraente e bela, apesar de ter também seu toque de tristeza. Não se enganem, apesar do enredo de mistério/suspense/terror é, antes de tudo, uma história de vida, de crescimento e amadurecimento. É a história de como pessoas tocam e influenciam para sempre a vida de outras, para o bem ou para o mal. O booktrailer e até alguns comentários dão uma ideia de medo, acho que no cinema até que daria medinho o fantasma no parque de diversões e tudo o mais, no livro, não senti esse pegada em momento algum, fiquei mais presa ao destino de todos os personagens.

E que personagens. Apesar do foco ser exclusivamente no protagonista, diferente da maioria dos livros do autor que já li, Devin é um narrador cativante. É impossível não se apaixonar pelo garoto perdido, de alma boa, jeito inocente e solitário. Seus flashbacks entre passado e futuro são brilhantes, ora saudosos, ora tristes. Ele mantém o leitor preso a cada linha, cada frase. Um humor sarcástico impera nos pensamentos, eu poderia ficar citando frases do livro por páginas e páginas, mas não vou fazer isso com vocês rs.

Vi gente falando que achou bobo e sem graça, que achou mal escrito e etc e tal. Acredito que a expectativa certa faz toda a diferença nesse romance/suspense. Não esperem um thriller assustador, imaginem se sentar a noite com seu avô, com ele lhe contando um caso misterioso/fantástico/assustador/triste que aconteceu em sua adolescência, com detalhes impressionantes. Eu me emocionei, sorri, fiquei tensa e ansiosa, Devon era um amigo me contando uma história, meus olhos devoravam páginas para saber qual o fim dela.


Deixo para vocês o booktrailer, lançado em 2013 nos EUA, o livro teve os direitos vendidos para o cinema no mesmo ano, agora resta esperar a versão cinematográfica, sem dúvida pode focar no lado assustador da história.

Stephen King é magia. É brilhantismo na simplicidade de suas tramas. Ele dá muito e você enxerga pouco se não ler nas entrelinhas. Na minha lista de favoritos do ano, vai perder? Leia!

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