O último policial - Ben H. Winters
>> quarta-feira, 16 de setembro de 2015
WINTERS,
Ben H. O último policial. Rio de
Janeiro: Editora Rocco, 2015. 316p. (O último policial, v.1). Título original:
The last policiman.
“Em pouco mais de seis
meses, de acordo com as previsões científicas mais confiáveis, pelo menos
metade da população do planeta morrerá de uma série de cataclismos
interligados. Uma explosão de cem teratons, mais ou menos o equivalente à
potência de mil Hiroshimas, abrirá uma imensa cratera no chão, desencadeando
uma série de terremotos que desprezam a escala Richter, provocando tsunamis descomunais
em ricochete pelos oceanos.
Depois virão a nuvem de cinzas,
a escuridão, a queda de 20 graus na temperatura global. Sem lavouras, sem gado,
sem luz. O destino lento e frio daqueles que restam.” p.114
Uma
mistura de policial com ficção científica, os dois gêneros juntos chamaram minha atenção quando vi o lançamento. “Qual o sentido de se investigar um assassinato se em breve todos irão
morrer?”, e a questão cerne do livro me deixou muito curiosa. Confiram minhas
impressões sobre O último policial do
Ben H. Winters.
Quando
os primeiros comentários sobre o asteroide 2011GV foram divulgados, era apenas
uma pequena preocupação, meses depois suas dimensões foram reveladas, assim
como sua rota de colisão com à Terra. Agora, é um fato, em algum momento nesse
ano, o 2011GV irá colidir com o nosso planeta. Em uma estimativa positiva,
metade da população será dizimada imediatamente após o impacto, enquanto o
resto irá viver no mundo destruído que restar. Quando as chances de impacto
subiram para 100% a população dos EUA praticamente parou. Instituições
fecharam, órgãos do governo foram abandonados, as linhas telefônicas entraram
em colapso, redes de restaurantes faliram, os preços subiram nas alturas. O
mundo entrou em choque, cada um a sua maneira. Teve suicídio em massa, teve
gente abandonando o emprego para aproveitar os últimos momentos se divertindo. O
consumo de drogas e outros entorpecentes subiu nas alturas, os religiosos
fervorosos enlouqueceram. Gente ajoelha e pede clemencia a Deus, outros não
estão nem aí para nada, tomando atitudes extremas.
Mas
em meio a todo o caos, alguns tentam seguir com a vida. Para o detetive novato Hank Palace o trabalho policial
continua normalmente, na pequena cidade de Concord, New Hampshire. Enquanto os
detetives mais velhos riem do novato e se lamuriam em suas mesas, ele
investiga. É o único a suspeitar que um corpo encontrado, no que fora o Mc
Donald’s da cidade, não era de mais uma vítima de suicídio. E mesmo com todos
mandando-o deixar isso para lá, continua sua investigação. Ao mesmo
tempo, sua irmã precisa urgente de ajuda, enquanto corre atrás de teorias
absurdas sobre as atitudes do governo.
Quando
o mundo desmorona ao seu redor, o que fazer para seguir em frente, cumprir a
lei e ajudar outros seres humanos?
~~~~~
O
enredo é original e a história muito interessante, tinha tudo para dar
certo, mas – sempre tem um mas – achei o desenvolvimento lento de doer, a
primeira metade do livro só me dava sono e custei para engrenar na
investigação. Hank é o único interessado em investigar um suposto assassinato,
a legista manda ele as favas, o promotor o trata com condescendência, os
colegas riem da sua cara, as testemunhas não entendem o que há de errado com
aquele tal policial maluco. E eu também fiquei meio assim... Gente o mundo vai
acabar em seis meses, certeza, quem liga se o cara se enforcou ou foi
assassinado? Rsrs. Por outro lado, ninguém estava nem aí para o que ele fazia,
os colegas e envolvidos apenas achavam estranho ou engraçado.
Fiquei
com birra do detetive por um bom tempo, tentando entender se ele queria fugir
da realidade e fingir que o mundo não estava acabando ou sei lá o que. Depois,
percebi que ser um detetive era o sonho
de sua vida. E como ele foi promovido no meio do caos, essa era a sua única
chance de fazer algo, literalmente.
Narrado
em primeira pessoa por Hank, o enredo ficou bastante limitado. Eu senti falta
de conhecer outras perspectivas, o cenário é muito amplo e muita coisa
interessante poderia ter sido contada usando outros personagens. Foi uma das
coisas que deixou tudo muito devagar a meu ver. O foco do detetive está todo no
trabalho, essa visão unilateral atrapalhou bastante. Faltou amor,
romance, drama, família ou amigos.
Duas histórias correm em paralelo, a investigação e a chegada do asteroide. O
crime em si demora para despertar interesse, mas no fim eu gostei dos
desdobramentos e da forma como tudo foi desvendado. Já a parte apocalíptica me interessou mais.
Apesar
de tudo isso gostei da premissa, achei diferente. A parte de ficção cientifica
me interessou mais do que a policial em si. Pretendo dar mais uma chance e
conferir o segundo volume da trilogia. Quem leu me conte o que achou.
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Trilogia O último
policial do Ben H. Winters
- O último policial (The last policeman)
- Countdown City (os demais não lançados no Brasil)
- World of Trouble.
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