A casa das marés - Jojo Moyes

>>  quarta-feira, 23 de setembro de 2015

MOYES, Jojo. A casa das marés. 3ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 2015. 476p. Título original: Foreign fruit.

“Como explicar que assim que pusera os olhos em Guy tudo o que ela sabia e acreditava lhe fora tirado subitamente, como se alguém tivesse puxado um tapete debaixo dos seus pés? Como explicar a dor ressequida que a familiaridade do seu rosto lhe causara, a alegria amarga do reconhecimento, a certeza absoluta de que até mesmo os seus osso já eram íntimos daquele homem? Tinham de ser – não haviam sido feitos da mesma porcelana do que os dele?” p.85

Quando se fala em Jojo Moyes eu já espero algo espetacular, não busco menos do que perfeição. É até ruim esperar tanto de um livro, vou sempre com muita sede ao pote. Lançado originalmente em 2003, ganhador do Romantic Novelists Award no mesmo ano, confira minha opinião sobre A casa das marés.

A pequena cidade inglesa de Merham vive sobre austeras regras sociais. Após o fim da Segunda Guerra Mundial muita coisa vinha mudando no mundo, mas a modernidade não era bem recebida por ali. Lottie Swift foi recebida na casa dos Holden durante a guerra e crescera como se fosse parte da família.  A filha mais velha do casal, Celia Holden, se tornou sua melhor amiga, elas eram inseparáveis. Duas jovens em busca de aventuras.

Quando a misteriosa mansão Arcádia é vendida para um grupo de artistas, as meninas não resistem à tentação de se aproximar. A linda casa em frente ao mar é única, a decoração da nova dona, Adeline - uma mulher diferente e misteriosa-, causaria choque aos moradores da cidade. A casa está sempre cheia de gente, e as duas meninas logo se juntam ao grupo. Porém, algo acontece e muda para sempre o destino das duas.

Cinquenta anos se passaram. Arcádia acaba de ser vendida pela última proprietária e será reformada para abrigar um hotel de veraneio. Muita gente da cidade é contrária ao projeto e fazem de tudo para atrapalhar. Daisy Parsons é a decoradora responsável, desesperadamente tentando colocar sua vida no lugar, após ser abandonada pelo namorado com a filha recém-nascida. Lá ela irá conhecer a reservada Sra. Bernard, última dona de Arcádia, detentora de todos os segredos do lugar. Ela quer deixar o passado para trás, mas logo irá descobrir que isso será impossível.

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Um romance suave, desenvolvido de forma misteriosa, deixando o leitor com várias perguntas esperando respostas. Uma leitura intrigante, onde traições e mistérios unem passado e o futuro. São amizades perdidas, amores desfeitos, corações partidos e muitas reviravoltas. Adorei o salto temporal e a forma como o enredo foi desenvolvido.

Na verdade o livro é dividido em três partes: Na década de 50 contando a história de Celia e Lottie, cinquenta anos depois com novos e antigos personagens se misturando, e quando os segredos começam a serem revelados quando a incógnita da Sra. Bernard, finalmente resolve contar sua história.

A autora sem dúvida brilha na construção do cenário e dos personagens. Era possível conhecer profundamente os protagonistas, seus sonhos e medos. Sentir o calor do verão, a brisa do mar. As descrições ricas podem fazer com que alguns leitores achem o desenvolvimento lento, eu gosto muito da forma que a autora apresenta a trama e me envolvo logo no início, mesmo ainda sem saber o que esperar.

Apesar de ter adorado a narrativa, eu achei que a parte 3 deixou a desejar. A autora conta muito sobre o passado, mas deixa fatos importantes de lado. Eu terminei a leitura com muitas perguntas sem respostas, apesar de ter gostado do final, achei corrido e pouco abrangente. Célia foi completamente deixada de lado, senti falta de saber o que aconteceu em seu futuro, como foi sua vida no geral. Tem várias lacunas que o leitor precisa usar sua imaginação para suprir, eu senti falta de um foco maior na história futura de Gus e no que aconteceu com Adeline.

Apesar de não ter entrado no meus favoritos da autora, é um ótimo livro. Fico pensando que se fosse de uma autora desconhecida, eu não teria esperado tanto e talvez fosse menos crítica. É um livro mais maduro (apesar das protagonistas serem adolescentes no início), que irá fazer sucesso com o público certo, leitores que gostam de romances mais elaborados, que focam em sentimentos diversos e nas relações entre todos os personagens. Jojo sempre vale a pena, leiam!

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Avaliação (1 a 5): 3,5

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