O dom - Robert Ovies
>> terça-feira, 18 de agosto de 2015
OVIES, Robert. O dom. São Paulo: Editora Verus, 2015. Título original: The
rising.
“Havia uma coisa chamada
poder excessivo. E haveria um preço terrível a pagar se as pessoas descobrissem
que ele o possuía.” p.111
Um
thriller diferente me chamou a atenção em meio aos lançamentos, mesmo não sabendo o
que esperar da história, o livro não é muito conhecido nos EUA, primeiro livro
do autor, eu não fazia ideia de onde estava me metendo. Mesmo assim, a frase da capa“O que você faria se vislumbrasse a
possibilidade de trazer a pessoa que você mais ama de volta à vida?” despertou minha curiosidade. E conto para vocês o que achei de O dom do americano Robert Ovies.
Era
um velório comum, como qualquer outro. Uma família arrasada pela perda de uma esposa e mãe
amada, uma mulher que lutou bravamente contra o câncer, mas que
acabou sendo vencida pela doença. Todos muito tristes, se despedindo de uma
amiga querida, uma mulher que tinha sempre um sorriso no rosto. Mas Marion Klein, seu marido e seus dois
filhos adolescentes, não são as pessoas mais importantes aqui.
A
pessoa notável é C. J. Walker, um
menino de 9 anos. Uma criança que queria fazer a mãe se sentir melhor, a mãe
que estava triste, velando o corpo da amiga. Ele só queria ajudar quando tocou
no corpo e disse: “Fique bem, Sra. Klein.”, seria uma comovente despedida... se
pouco tempo depois, a mulher não tivesse voltado à vida.
Quem
percebeu foi o dono da casa funerária, que quase caiu morto quando a mão da
falecida se mexeu, não só ela estava morta, como havia sido embalsamada. Os
paramédicos são chamados, os médicos assustados sem saber o que pode ter
acontecido, o circo está armado. Pessoas assustadas, querendo saber se seus
entes queridos que foram enterrados, estavam realmente mortos. A policia é
chamada, ninguém sabe o que fazer. O Padre
Mark é chamado de volta à Igreja, ele começa a se questionar, estaria
diante de um milagre?
Lynn Walker acha que o filho está
muito abalado, mas C. J. insiste em
dizer que ele fez tudo isso. O pai do garoto, Joe, logo entra em cena querendo provar de uma vez por todas se o
filho tem ou não esse poder. Com isso, a prova de que C. J. pode realmente
despertar os mortos, é filmada em segredo e logo está na imprensa. Enquanto os pais tentam desesperadamente
proteger o filho do caos que se inicia, todos querem controlar o garoto Lázaro
e o poder que ele pode conceder.
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Sem
dúvida diferente do comum. É uma leitura interessante, como thriller não me ganhou
completamente, a narrativa cansativa em vários momentos, apesar das coisas
acontecerem muito rápido. Talvez por ser uma história unilateral, focada
completamente na família do garoto. Por outro lado, refletindo um pouco sobre o
enredo, você consegue perceber que o autor quis passar muita coisa nas
entrelinhas.
Temos
a coisa toda do menino com o dom de despertar o morto, curar doentes com apenas
um toque. Milagre? Heresia? Coisa de Deus ou do demônio? Um truque? Sendo
verdade, como escolher quem despertar? Pessoas famosas, pessoas importantes,
quem pagar mais? Os mais necessitados? Você se angustia em solidariedade a mãe,
que só quer proteger a criança. Vê que o cerco está se fechando com a mídia
toda em cima e as coisas só pioram. Alguém quer realmente ajudar, ou só querem
tirar uma casquinha do menino Lázaro?
Por
outro lado, a filosofia por trás da historia faz o leitor pensar. Sobre o
significado da morte, da vida e do amor. Se as pessoas realmente acreditam em
Deus, porque temer a morte com tanto ardor? A ponto de fazer de tudo para
estender a vida. E como abrir mão de quem se ama? Se você sabe uma forma de
curá-la. São muitas perguntas em aberto, sutilmente encaixadas no meio da
história.
A
forma como todos pensam em seus interesses, e quase ninguém se preocupa com o
pobre coitado do menino, é inquietante. A ética é colocada na mesa a todo
momento, é uma leitura inquietante.
Não
é um livro para qualquer leitor, se você procura um thriller emocionante, uma
fantasia divertida, é bem passável. Mas, se você deseja algo a mais, se quer
encontrar algo diferente do comum, acredito que vai apreciar mais a leitura.
Quem leu me conte o que achou!
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