Brutal - Luke Delaney

>>  terça-feira, 21 de abril de 2015

DELANEY, Luke. Brutal. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2015. 414p. (D. I. Sean Corrigan, v.1). Título original: Cold killing.

“Ele pareceu surpreso. Perguntei-lhe a hora e, enquanto seus lábios se separavam para falar, eu o esfaqueei. Tirei a faca de seu peito, depois a cravei de novo. Dessa vez deixei a lâmina e a segurei ali enquanto ele arriava no chão. Ele tinha o mesmo olhar dos outros. Mais indagativo do que temeroso. Tentava falar. Como se quisesse me perguntar: Por quê? As pessoas sempre querem saber por quê. Por dinheiro? Por ódio? Amor? Prazer sexual? Não, por nenhuma dessas motivações mesquinhas.
Então cochichei o verdadeiro motivo em seu ouvido. Seria a última coisa que ele iria ouvir:
- Porque preciso.” p.41

Não resisto a um serial killer, logo quando vejo lançamentos no estilo já fico louca para ler. Apesar de eu não ter entendido bulhufas da imagem dessa capa... alguém me explica? Tudo o mais me chamou a atenção. O autor inglês é policial em Londres e se especializou na investigação de assassinatos cruéis, seus livros são publicados anonimamente. Confiram o que achei do primeiro volume da série D. I. Sean Corrigan com Brutal do Luke Delaney.

O detetive investigador Sean Corrigan está acostumado com cenas brutais de assassinato, o que não impede que sofra pelas vítimas, que cada crime mexa profundamente com ele. Marcado por um passado sórdido, quando criança era abusado sexualmente pelo pai, consegue enxergar o que outros detetives não veem. Sean tem um instinto apurado, consegue sentir o mal, sentir o que motiva um assassino. Seu olhar peculiar o torna um dos melhores detetives do departamento.

Quando um corpo é encontrado em condições chocantes, a violência extrema do crime desperta a atenção do detetive. Daniel Graydon era um garoto de programa de luxo, até ser golpeado na cabeça e esfaqueado 77 vezes em seu próprio apartamento. O que parecia um crime pessoal, se revela um assassinato meticuloso. O assassino não deixou vestígios, armou a cena para que a polícia enxergasse apenas o que ele queria mostrar.

Sean e um de seus detetives, Donnelly, não irão deixar nada passar. Investigam todos os suspeitos possíveis, até que um deles chama a atenção. Um homem rico e influente, escorregadio, mas que tem uma alma tão perturbada, quanto a do próprio Sean.

O assassino é um homem frio, inteligente e meticuloso. Aprimorou a arte de matar, não se deixa abalar por sentimentos, calcula cuidadosamente cada um de seus passos. Suas vítimas não tem um perfil, são aleatórias. Homem, mulher, não importa a raça ou a cor. Ele pode observá-las durante um tempo, como pode matar alguém de supetão. A arma do crime muda, o método também. Ele não deixa marcas, digitais, nada que o identifique. A crueldade e a brutalidade são os únicos aspectos que o distinguem.

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Com uma narrativa ágil, interessante e um bom enredo, o livro prende o leitor do início ao fim. O autor consegue descrever muito bem as rotinas investigativas, a vida dos personagens e a mente do assassino, sem tornar a narrativa lenta ou excessivamente descritiva. Gostei do ritmo da história e da forma como a trama é conduzida.

A narrativa se alterna em primeira pessoa, pelo assassino sem nome, e em terceira pessoa. Apesar do livro focar no protagonista, vários outros policiais e suspeitos ganham voz, gostei da construção dos personagens. Sean é um homem atormentado pelo passado, que teme que seu lado sombrio desperte e que ele não consiga mais controlar alguns instintos. Sua esposa sabe de toda a sua história e tenta apoiá-lo, mas as vezes os acontecimentos são pesados demais para suportar. Toda a pressão da investigação abala o policial, que começa a duvidar de suas descobertas. O assassino é frio, calculista, um homem sem sentimentos. Achei muito parecido com o Dexter, um dos seriais killers mais famosos da literatura policial.

Apesar de bem escrito, o thriller não é inovador. É um policial interessante, mas cheio de clichês que deixam o enredo muito sacal. Achei fácil descobrir para onde a história caminhava, quem era e quem não era o culpado. O final mesmo foi bem dedutível e até um pouco forçado em alguns aspectos.

O lado sensitivo do detetive, me deixou dividida. Por um lado achei interessante, por outro pouco crível. Muita coisa que ele descobre não tem lógica, ele liga crimes completamente diferentes apenas pelo instinto, achei meio surreal e não acreditei em algumas de suas deduções.  Também não achei a coisa tão “brutal” assim, já vi seriais killers muito mais cruéis e chocantes. Na verdade aí foi a Editora que pecou no título nacional, o título original Cold Killling faz mais sentido.

Sou muito exigente com thrillers porque leio muitos livros do mesmo gênero, e apesar de esperar mais da história, gostei do autor e pretendo continuar lendo a série, vamos ver no próximo ele consegue me surpreender. Para quem é novo no estilo é uma boa pedida, para o leitor mais exigente, não espere muito do livro. Leiam!

Adicione o livro ao seu Skoob!

Série D. I. Corrigan do Luke Delaney
  1. Brutal (Cold killing)
  2. Sombrio (The keeper) 
  3. The toy taker (os demais não lançados no Brasil)
  4. The jackdaw.
Interligados:
0.5 Redemption of the dead
0.6 The network

Avaliação ( 1 a 5): 3.5

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