A fazenda - Tom Rob Smith
>> quinta-feira, 9 de abril de 2015
SMITH, Tom Rob. A fazenda. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2015.
334p. Título original: The farm.
“Esses
boatos consistirão basicamente em mentiras. Mas não importa que sejam mentiras,
porque quando você mora em uma comunidade que acredita nessas mentiras, repete
essas mentiras, as mentiras se tornam reais – reais para você, reais para os
outros. Você não tem como escapar delas, porque não é uma questão de provas, é
maldade, e maldade não precisa de provas.” p.131
O
inglês Tom Rob Smith é conhecido pelo aclamado Criança
44, primeiro livro de uma trilogia policial que se passa na Rússia, após a Segunda
Guerra Mundial; a narrativa bem desenvolvida, baseada em fatos reais e com uma
ampla abordagem psicológica, destaca o livro entre outros do gênero. E claro, seu
novo livro no Brasil foi para o topo da minha lista. Hoje conto para vocês minha
opinião sobre A fazenda.
Daniel levava uma vida
tranquila na Inglaterra ao lado de seu parceiro, suas maiores preocupações, além da crescente falta de trabalho, era a oportunidade e a coragem, para
contar aos pais sobre seu relacionamento com Mark. Seus pais haviam se aposentado e resolvido se mudar para uma região rural da Suécia, terra natal de sua mãe, Tilde. Ele vinha adiando a visita a fazenda há algum tempo. Ao receber um telefonema urgente do pai, Chris, tudo o que ele sabia sobre os pais cai por terra.
O
pai conta que a mãe não está bem, que teve um surto psicológico e está
internada no hospital para doentes mentais. Daniel se assusta, a mãe sempre foi muito tranquila e
racional, preocupado e prestes a entrar em um voo para a Suécia, recebe um
telefonema da mãe, que afirma ter tido alta do hospital e que pai está mentindo.
Diz que não é louca, que tem provas de que algo horrível aconteceu naquele
lugar. No momento está a caminho de Londres, para lhe contar tudo.
De
um lado o pai preocupado, afirmando que a mãe precisa de cuidados médicos. De
outro a mãe desesperada, implorando para que ele escute seu relato e veja suas
provas. A mãe afirma que seu pai é um mentiroso, pois faz parte de uma conspiração. Cabe a
Daniel ouvir e tomar uma decisão.
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O
estilo é bem diferente de Criança 44, este é mais um thriller psicológico, que aos poucos apresenta a história de
seus personagens. O suspense pode tanto ser real, como pode ser fruto de uma
mente perturbada, cabe também ao leitor tomar um lado, decidir no que
acreditar.
Narrado
em primeira pessoa, por Daniel e por Tilde, o autor aos poucos vai apresentando
o cenário da fazenda, dos moradores da região e do crime que pode ou não ter
acontecido. A evolução é lenta, no início fiquei impaciente com a lentidão
da narrativa; depois fui me apegando ao enredo e achei o final interessante. Me surpreendeu, foi diferente das teorias que criei no decorrer da história.
A
parte psicológica é realmente o ponto chave. Várias questões são
levantadas, em certo momento o leitor está cheio de interrogações. A
abordagem é interessante. Daniel, júri e juiz da mãe, que só tem suas próprias palavras para provar algo. E desde o início, sabemos
que ela pode não ser uma narradora confiável. O pai afirma que a mãe precisa de
ajuda. Conspiração ou mania de perseguição? O que Daniel deve escolher? Uma mãe louca ou
um pai criminoso?
O
mistério em torno dos personagens, verdade ou mentira, é muito mais
interessante do que tudo que possa ou não ter acontecido na fazenda. São muitas
as questões levantadas: Tilde está dizendo a verdade ou surtando? Se diz a
verdade, como viveu ao lado de um homem e o amou por tantos anos? Se ela era
tão calma e racional, como surtou em poucos meses? Se o pai diz a verdade,
porque seu desespero em chegar até eles? Perguntas, perguntas. Aguardamos ansiosamente
pelas respostas.
O
final me conquistou, mas não amei o livro como um todo. Talvez pelo inicio
lento, e também pela história contada minuciosamente pela mãe de Daniel não ser
tão interessante. Sem dúvidas é um livro muito bem escrito, com um enredo
diferente e intrigante. Ele precisa do momento certo para ser apreciado,
precisa também de que o leitor saiba o que esperar, já que não é um thriller de
ação como eu esperava pelo estilo do autor. Leiam!
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Avaliação
(1 a 5): 3,5
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