Por lugares incríveis - Jennifer Niven
>> quinta-feira, 12 de março de 2015
NIVEN, Jennifer. Por lugares incríveis. São Paulo:
Editora Seguinte, 2015. Título original: All the bright places.
“- Escuta, eu sou a aberração. Eu sou o aloprado. Eu sou o
problemático. Eu me meto em brigas. Eu decepciono as pessoas. O que quer que
faça, não deixe Finch bravo. Ah, lá se vai ele de novo, em uma daquelas fases.
Finch mal-humorado. Finch irritado. Finch imprevisível. Finch louco. Mas não
sou um conjunto de sintomas. Não sou uma vítima de pais horríveis e de uma
composição química mais horrível ainda. Não sou um problema. Não sou um
diagnóstico. Não sou uma doença. Não sou uma coisa que precisa ser salva. Sou
uma pessoa.” p.261
Há muito tempo não vejo um YA fazer tanto burburinho por aí, antes
mesmo do lançamento todo mundo já queria. Acho que primeiro por compararem
com A culpa é das estrelas e outros do gênero, depois por
essa capa maravilhosa. Nem costumo reparar nisso, mas a capa americana é tão
sem graça que fui pesquisar mais sobre o capista, Alceu Chiesorin Nunes,
e o cara arrasou. Trabalho lindo que ilustra muito bem o enredo. Na contracapa
temos a frase “Dois jovens prestes a escolher a morte despertam um no outro
a vontade de viver.” Eles são Theodore Finch e Violet Markey, e hoje
conto para vocês o que achei de Por lugares incríveis da
Jennifer Niven.
Theodore Finch se sente acordado mais
uma vez, depois de longos períodos de apatia, quando não se lembra do tempo
passando a sua volta, ele está de volta. E debruçado na torre da escola, tudo o
que consegue pensar é “Será que hoje é um bom dia para morrer?”.
Está cansado daquilo, de tudo, dos sentimentos, dos apagões, de ser a aberração
da escola. Dos valentões, do pai ausente, da mãe triste e apática. Antes que
possa pensar muito mais na vida, ou melhor, na morte, ele vê uma garota do
outro lado da torre. Descalça ela parece perdida, completamente assustada.
Violet Markey era a
garota perfeita. Família unida, inteligente, bonita e popular. Aos 16 anos já planejava
seu futuro na faculdade de escrita criativa em NY. Até que há um ano atrás, tudo mudou. Ela e a irmã mais velha sofreram um acidente de carro, Eleanor não sobreviveu. A sobrevivente, nela estão depositados todos os medos e sonhos dos pais, que querem que ela siga em frente, supere. Ela acha impossível continuar. Nunca mais entrou
em um carro, se afastou dos amigos, do namorado, ficou sozinha e perdida.
Violet foi parar naquele lugar em um momento de desespero,
enquanto Finch pensa todos os dias na morte. Apesar das diferenças,
surge uma amizade incomum entre os dois. E um trabalho de geografia acaba por
juntá-los. Eles deverão visitar os lugares incríveis de Indiana, durante o
projeto descobrem muito sobre o outro e sobre si mesmos. Eles querem se salvar,
e continuar vivendo.
"Agora tudo o que vejo é uma garota morrendo de medo de
viver. Vejo as pessoas darem um empurrãozinho de vez em quando, mas nunca forte
o suficiente porque não querem contrariar a pobre Violet. Você precisa de um
baita tranco, não de um empurrãozinho. Você precisa retomar as rédeas. Ou vai
ficar em cima do parapeito que construiu para si mesma para sempre." p.110
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Ainda estou sem
palavras para falar sobre este livro, meu coração está pisado e sangrando com o
final, mas ao mesmo tempo, estou encantada com a construção da história, com a
narrativa, e principalmente, com os personagens.
A capa americana |
A autora tem vários livros publicados para o público adulto de
ficção e não ficção, mas este é seu primeiro trabalho voltado ao público jovem.
E é um trabalho tão rico, tão humano, repleto de citações incríveis e frases
que vão ficar por muito tempo na cabeça do leitor. Não é uma história fácil, não
é alegre, fala da vida e das dificuldades no caminho, sobre a forma que
cada um lida com a dor e com a perda. Narrado em primeira pessoa, a narrativa
se alterna entre Finch e Violet.
É um livro que fala de morte e luto, mas é principalmente uma
história sobre vida e amor. Theodore Finch tem um quê de Augustus Waters, a inteligência, o sarcasmo, os comentários profundos e com significados maiores. Mas Theodore é mais... não sei bem, mais sofrido acho,
aterrorizado por se sentir traído pela própria mente, sem esperanças e
completamente solitário. Eu fiquei com tanta raiva da família dele que não
percebe nada, que não toma uma providência. Finch odeia rótulos, quando era
mais novo se abriu com um amigo e foi tachado de “aberração” na escola. Agora
ele tem pavor de ser rotulado, como doido, como portador de uma doença. Ele
tenta ao máximo ser normal, aparentar que está no controle.
Enquanto Violet carrega nos ombros a dor de ser a sobrevivente.
Sofre pela perda da irmã mais velha e melhor amiga, mas tenta, não sei... tenta
não esquecê-la, tem medo que um sorriso possa significar que está
esquecendo Eleanor, então sofre e sofre. Um ano depois todos dizem que precisa seguir em frente, mas ela está presa. Acho que Finch é a mão estendida
de Violet, o seu caminho para a luz. E para ele, Violet é esperança, é alegria
pura e amor.
Eu não estava preparada para alguns desdobramentos,
peguei o livro para ler sem muita pretensão, apesar dos elogios, e esperava
algo totalmente diferente. Foi um tapa na cara, eu juro que voltei e li de novo
uma parte para ver se era aquilo mesmo. Me chocou mais do que A lista negra, e isso é muita coisa
rs. Ah não dá para explicar para evitar spoilers, mas eu não consegui amar
depois disso. Adorei, é um livro lindo, mas não chorei litros, nem amei de paixão.
O livro teve seus direitos vendidos para o cinema, e a adaptação
conta com a atriz Elle Fanning no elenco, agora é esperar.
Tenho certeza que a história vai ficar ótima nas telas também.
Apesar de não ter dado a nota máxima, é uma história marcante e
que mexe com o leitor, a narrativa é inteligente e foge do senso comum. Não
acho que todos os leitores estarão preparados para ele, mas sem
dúvida indico muito. Escolha o momento ideal e viaje também Por lugares
incríveis. Leiam!
Avaliação
(1 a 5):