As mentiras de Locke Lamora - Scott Lynch
>> terça-feira, 31 de março de 2015
LYNCH,
Scott. As mentiras de Locke Lamora.
São Paulo: Editora Arqueiro, 2014. 464p. (Nobres vigaristas, v.1).Titulo
original: The lies of Locke Lamora.
“-
Quer dizer que eu não tenho...
-
Que obedecer a Paz Secreta? Que ser um pezon bonzinho? Só de mentirinha, Locke.
Só para impedir os lobos de entrarem pela porta. A menos que os seus olhos e orelhas
estivessem costurados com couro cru nestes últimos dois dias, a esta altura
você já deve ter percebido que a minha intenção é fazer de você, Calo, Galdo e
Sabeta nada menos do que um tiro de balestra bem no coração da preciosa Paz
Secreta de Vencarlo – confidenciou Correntes com um sorriso cruel.” p.131
Apesar
da série não ser muito conhecida no Brasil, até hoje praticamente só vi elogios
exaltados para essa história de fantasia épica. Acabei não lendo quando lançou,
mas ele acabou chegando em minhas mãos para o evento de fantasia da Editora. Hoje conto para vocês o
que achei do primeiro volume da série Nobres
vigaristas com As mentiras de Locke
Lamora do Scott Lynch.
Locke Lamora ficou órfão muito cedo e
como todo órfão de Camorr, aprendeu logo a roubar para sobreviver. O destino
de todas as crianças órfãs, roubar, sobreviver, morrer ou ser vendido
como escravo. Acabou na mão do Aliciador de Camorr, que indignado com as
diabruras do menino, conseguiu vendê-lo para o Sacerdote Cego no Templo de Perelandro.
Lá é treinado por Correntes na arte de enganar, roubar e aplicar todo tipo
de golpes. Ele e as outras crianças cresceram, e se tornaram a gangue dos Nobres
Vigaristas.
Anos
depois Locke lidera a gangue. Para os olhos do rei das gangues, Capa Barsavi, e todos os outros ladrões,
eles eram apenas uma gangue pequena, responsável por roubos sem importância. Mas
na verdade aplicam grandes golpes na nobreza da cidade. Locke é o temido
bandido conhecido como “Espinho”, que muitos acreditam ser uma lenda.
Enquanto ninguém da nada pela gangue formada por Locke, Jean Tannen, os gêmeos Calo e
Galdo e o pequeno Pulga, eles enchem o bolso e
enriquecem. Desfalcar a nobreza é o objetivo da gangue, apesar do acordo que proíbe
tal pratica, conhecido como Paz Secreta. Há muitos anos Capa Barsavi fez um
acordo com o Duque, os guardas deixaram os ladrões em paz, em troca eles não
mexeriam com a nobreza. Os ricos, cada vez ficavam mais ricos, os pobres e os
comerciantes, eram constantemente assaltados.
Locke mudou tudo isso.
Seu
novo golpe iria limpar grande parte da fortuna do casal Salvara e tudo parecia ir muito bem. Mas Locke e seus amigos tinham
mais com o que se preocupar. Um homem intitulado Rei Cinza estava atacando e matando os lideres das principais
gangues, deixando o Capa Barsavi ensandecido. Começa uma guerra clandestina e
todos estão assustados. De repente, Locke se vê metido em mais problemas do que
consegue lidar. Só um novo golpe, muito bem orquestrado, pode tirá-los dessa
enrascada.
~~~~~~~~
O
enredo é bem interessante, mas eu esperava uma leitura bem mais
envolvente. O autor escreve bem, a trama é ótima, mas achei tudo muito lento e
algumas partes bem enroladas.
Os
personagens. Eles são ótimos, a construção de todos é muito bem feita. O
protagonista Locke Lamora é um cara inteligente, um bandido de bom coração que
faz de tudo pelos amigos. Seus golpes são bem bolados, mas principalmente
divertidos e garantem momentos hilários durante a leitura. Jean é seu fiel
escudeiro, pau para toda obra, sempre tentando colocar algum bom senso na
cabeça do amigo. Pulga é um moleque bem engraçado, que está sendo treinado para
fazer parte do bando. Os gêmeos não ganham tanto destaque, mas fazem bem seu
papel na turma. Do lado dos “bandidos” temos o temível Capa Barsavi, um personagem forte e temido, seus três filhos que mereciam mais destaque, o tal Rei Cinza
que ninguém sabe quem é ou se existe mesmo, e um bruxo do mal, muito do mal.
Nos nobres se destacam o casal Salvara e a dona Vorchenza, que é muito mais do
que a velhinha que todos imaginam.
O
mundo criado é incrível. O autor se esmera nas descrições, nos cenários, que na
maioria são desoladores e marcados pela pobreza, mas que ganham vida durante a leitura. O
contraste entre todos os cenários são marcantes; da nobreza ao submundo comandado pelos ladrões, todos
os lugares, personagens e sensações foram bem descritos.
O
enredo é bem legal, mas não chega a ser inovador como vi em alguns comentários. A
coisa toda de roubar dos ricos com jogadas inteligentes é bem conhecida. A
diferença é que Locke não pretende dividir seus ganhos com os pobres, como o
famoso Robin Hood. Apesar disso os Nobre Vigaristas não são esnobes, na verdade eles gostam de
roubar, mas nenhum deles se preocupa em gastar o dinheiro rs.
O mundo me lembrou um pouco de O nome do vento, um dos meus livros preferidos. E aí o autor pecou, enquanto Rothfuss tem uma certa musicalidade, a narrativa de Lynch demora a engatar. Demorei a gostar da história, e quando começa a ficar interessante, o autor tem mania de parar e começar a contar outra coisa. Foram muitos os que ele chamou de “Interlúdio”, onde saímos de uma cena ótima e na página seguinte o autor começa a contar uma história do passado de um dos personagens. Isso matou o livro para mim. Não gostei da forma como a narrativa se alternou entre passado e presente, o livro inteiro. Apesar de não focar tanto em magia por enquanto, o mundo me lembrou também da Trilogia do Mago Negro, da Trudi Canavan. Principalmente pela forma como os magos estão à disposição dos ricos.
O mundo me lembrou um pouco de O nome do vento, um dos meus livros preferidos. E aí o autor pecou, enquanto Rothfuss tem uma certa musicalidade, a narrativa de Lynch demora a engatar. Demorei a gostar da história, e quando começa a ficar interessante, o autor tem mania de parar e começar a contar outra coisa. Foram muitos os que ele chamou de “Interlúdio”, onde saímos de uma cena ótima e na página seguinte o autor começa a contar uma história do passado de um dos personagens. Isso matou o livro para mim. Não gostei da forma como a narrativa se alternou entre passado e presente, o livro inteiro. Apesar de não focar tanto em magia por enquanto, o mundo me lembrou também da Trilogia do Mago Negro, da Trudi Canavan. Principalmente pela forma como os magos estão à disposição dos ricos.
Um
ponto positivo é que, aparentemente, cada livro terá um enredo próprio. Todos os
desdobramentos são resolvidos nesse volume, o leitor não fica preso a
continuação, gosto e livros mais independentes. Falando em desdobramentos, o
autor tirou muito da emoção com aquela coisa de ficar entre presente e passado,
tanto que uma das cenas mais tristes do livro nem me comoveu. Não consegui me
prender muito, em vários momentos parava de ler para fazer outra coisa.
O
final foi bem interessante e me animou para ler o segundo. Principalmente porque imagino que enão seja tão introdutório e espero que a série ganhe
agilidade.
Para
quem gosta de fantasia épica a série é uma boa pedida, mas eu não me apaixonei
pelo livro como esperava. Apesar disso é muito bem escrito e com um
enredo interessante. Leiam!
Adicione este livro ao seu Skoob!
Série Nobres vigaristas
do Scott Lynch
- As mentiras de Locke Lamora (The lies of Locke Lamora)
- Mares de sangue (Red seas under red skies)
- The republic of thieves (os demais ainda não lançados no Brasil)
- The thorn of emberlain
- The ministry of necessity.
Avaliação (1 a 5): 3.5
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