Amy & Matthew - Cammie McGovern
>> terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
MCGOVERN, Cammie. Amy
& Matthew. Rio de Janeiro: Editora Galera Record, 2015. 344p. Título
original: Say what you will.
“Quero que você se candidate porque preciso
de alguém que fale sinceramente comigo sobre tudo. Você é a única pessoa que já
fez isso. Talvez não tenha noção, mas, quando se tem uma deficiência, quase
ninguém fala a verdade para você. As pessoas ficam constrangidas porque a
verdade parece triste demais, eu acho. Você foi muito corajoso em ir até a
garota aleijada e dizer basicamente: apague essa expressão feliz do rosto e
enxergue a realidade. É isso que quero que você faça ano que vem. Que me diga a
verdade. Só isso. Amy.” p.34
Histórias de pessoas que enfrentam diariamente desafios e
precisam se adaptar à uma vida diferente são naturalmente comoventes, o estilo que
ficou conhecido como Sick-lit vem
ganhando espaço no mercado, principalmente depois do estrondoso sucesso de A
culpa é das estrelas. Hoje vou contar o que achei de Amy & Matthew da Cammie
McGovern.
Amy nasceu
prematura e logo em seguida teve um aneurisma, os médicos disseram aos pais que o bebê teria poucas chances de sobreviver, e se isso acontecesse, seria um vegetal. Amy sobreviveu e se recuperou, mas sofre de hemiplegia, um tipo de paralisia cerebral onde um
lado de seu corpo é mais afetado que o outro. Apesar de seus inúmeros
problemas para se locomover, falar e controlar o corpo, sua mente é de uma pessoal normal. Ela é muito inteligente e quer viver como uma
garota normal.
Amy frequentava a escola, mas estava sempre acompanhada de
um cuidador, e este ano queria ter amigos. Como ninguém nunca se aproximava
ou falava com ela, pediu a mãe que contratasse colegas para ser seus monitores no
lugar dos cuidadores, imaginou que assim iria finalmente conseguir se enturmar e fazer alguns amigos.
Amy precisa de ajuda para carregar os livros, com seu andador, para se alimentar e para ir ao banheiro.
Ela não tem controle de seus músculos do rosto, não tem expressões faciais e baba muito. Usa um computador para
se comunicar, já que ninguém consegue entender o que fala. Sua mãe não gosta nada da ideia, mas como sua filha irá para a faculdade no próximo ano, concorda com a ideia.
Um desse cuidadores contratados pela mãe é Matthew. Eles nunca foram amigos, mas
Matt foi o único com coragem para contestar a aura de felicidade de Amy, que gostou de sua sinceridade e percebeu que a mãe a criara em uma bolha, fazendo com
que ela se sentisse sempre melhor do que os outros, apesar da deficiência. Mas
Matthew também tem seus próprios problemas, e Amy começa a ajuda-lo a lidar com
eles.
Com o passar do tempo uma amizade brutalmente sincera, começa a se transformar em
algo mais. Até que eles percebem... o que realmente importa é muito difícil de se falar.
~~~~~~~
Esse tipo de história vai ser sempre comovente, com uma
lição de vida que leva o leitor a repensar o que é realmente difícil em sua
vida. Como outros do estilo, o livro cumpre o seu papel e a história é
excelente, mas faltou algo para eu amar.
O título original Say
what you will, faz muito mais sentido para a história. “Diga o que quiser”
é exatamente do que se trata a amizade entre Amy e Matthew. Acho que o título
nominal e o estilo de capa tem a intenção clara de remeter à “Eleanor e Park”, que eu ainda não li para fazer uma comparação.
Amy é inteligente, divertida, mas normalmente não consegue se expressar. A maioria das pessoas perdem a paciência, ao ter que esperar ela digitar para responder, sua incapacidade de demonstrar sentimentos com seu rosto, também é um complicador. Apesar disso, se sente feliz e agradecida com sua vida. Matt era um garoto normal, até que começou a sofrer sinais claros de TOC, ele é maníaco compulsivo e luta sozinho contra seu cérebro que lhe diz sempre o que fazer, quantas vezes fazer. Com o divórcio dos pais, sua mãe depressiva não parece enxergar os problemas do filho. Mas Amy enxerga, e fala claramente para ele que precisa se tratar. Ele a enxerga, e diz que ela não pode ser tão feliz assim, que ela não é normal e que nunca vai ser.
Amy é inteligente, divertida, mas normalmente não consegue se expressar. A maioria das pessoas perdem a paciência, ao ter que esperar ela digitar para responder, sua incapacidade de demonstrar sentimentos com seu rosto, também é um complicador. Apesar disso, se sente feliz e agradecida com sua vida. Matt era um garoto normal, até que começou a sofrer sinais claros de TOC, ele é maníaco compulsivo e luta sozinho contra seu cérebro que lhe diz sempre o que fazer, quantas vezes fazer. Com o divórcio dos pais, sua mãe depressiva não parece enxergar os problemas do filho. Mas Amy enxerga, e fala claramente para ele que precisa se tratar. Ele a enxerga, e diz que ela não pode ser tão feliz assim, que ela não é normal e que nunca vai ser.
Juntos eles crescem, amadurecem e se apaixonam. A história é
doce, maravilhosa, porém um pouco frustrante. Acho que muito disso se deve a
narrativa em terceira pessoa, não combina com este tipo de livro. Eu não
consigo me apegar tanto aos personagens dessa maneira, as vezes achava Amy meio
metida a besta e Matt, meio bobão rs. Ele não é muito simpático, ela é bem egocêntrica.
O interessante é que os dois amadurecem muito até o final do livro.
O final... final de sick-lit é sempre um problema, acho
difícil o autor acertar a mão. Aqui a coisa ficou toda em aberto, um mar de
possibilidades. Não posso falar muito para evitar spoilers, mas eu achei tudo muito utópico, e eu queria saber como seria na prática.
Apesar da narrativa em terceira pessoa ser mais seca, o livro
emociona em alguns momentos e a autora escreve bem. Apesar disso, faltou o humor do Green, faltou a magia da Colleen Hoover, sinto que faltou algo, a mais. Amy e Matthew juntos
são lindos. A forma como eles encaram seus problemas, como ajudam uns aos
outros, inclusive os outros amigos que começaram como cuidadores de Amy.
É um livro diferente e por isso mesmo, acho que vale a
leitura. Não leia com as expectativas nas alturas, é um livro simples e despretensioso.
Uma bonita história de amor, companheirismo, amizade e crescimento.
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Avaliação (1 a 5): 3.5