Viaje com as séries #114 - The Leftovers
>> terça-feira, 1 de julho de 2014
No último domingo a HBO estreou no Brasil, simultaneamente
com os EUA, a série The Leftovers. Com uma expectativa imensa dos telespectadores,
principalmente pelo fato de Damon
Lindelof, um dos criadores de Lost,
ser também um dos responsáveis pela produção, o episódio piloto que teve pouco
mais de uma hora de duração não conseguiu me fisgar. Junto com Lindelof está à
frente do projeto o autor do livro em que a série é baseada/foi inspirada, Tom Perrota.
A série começa com um evento inexplicável, que faz sumir 2%
da população mundial. Como o Papa, bebês, astros do esporte e música, enfim,
pessoas “do bem” estão entre os que sumiram, inicialmente o povo pensa que se
trata do “arrebatamento”.
O conceito de arrebatamento está presente em algumas interpretações de escatologia cristã. É uma interpretação de vários livros bíblicos, por exemplo, o Apocalipse. Trata-se de um momento no qual Jesus resgataria os salvos para a Nova Jerusalém, deixando na Terra os demais seres humanos que não o aceitaram como salvador. De acordo com a maioria das pessoas que advogam essa tese, após o arrebatamento, haverá um grande caos na terra durante 7 anos (3 anos e meio de falsa paz e 3 anos e meio de guerras. Esse período é chamado de Grande Tribulação. Após os sete anos Jesus voltaria novamente junto com os salvos para reinar no nosso planeta por mil anos.
Não há qualquer indício de que seja disso mesmo que a série
se trata, até porque os próprios “sobreviventes” questionam a índole dos que
foram levados. Após os primeiros minutos da série o foco sai completamente do
evento e passa para os que ficaram na Terra, mais especificamente na cidade do
delegado Kevin Harvey (que é um
ótimo candidato a piriguetagem, conforme indica a foto abaixo).
Três anos depois do fatídico 14 de outubro, as
pessoas ainda não entendem o que ocorreu, não têm respostas e alguns acreditam
que elas precisam seguir em frente. Os adolescentes fazem festas com jogos
malucos (com direito a opção “esganar” e “transar”), o que não deve ser muito
diferente do que ocorre nos dias de hoje (fiquei chocada porque sou mega careta).
Os adultos bebem para esquecer ou para adormecer a dor, tem ainda os que entram
para uma seita e se recusam a falar, mas fumam o tempo todo; e também um grupo
que se dedica a uma espécie de profeta.
O piloto não falhou em apresentar os núcleos e personagens
principais, em mostrar como o evento afetou psicologicamente quem ficou, mas
falhou em prender minha atenção. Já li opiniões bastante divergentes, há quem
tenha amado o plot inicial e toda a história de aprofundamento humano, mas há
quem tenha torcido completamente o nariz, como eu.
A verdade é que enquanto eu assistia me senti na cabeça de
uma pessoa completamente chapada, ou melhor, no que eu imagino que seja a
cabeça de uma pessoa completamente chapada. Aquilo não fazia sentido. Aqueles
mais de 60 minutos pareciam que não passavam nunca e eu só queria que acabasse.
Concordo que um piloto não possa dar todas as respostas de
uma série, mas acredito que ele tenha que pelo menos me fazer querer por mais,
envolver o telespectador na trama de uma forma que ele fique completamente
focado naquilo, pensando nos desdobramentos... E isso não aconteceu comigo. The Leftovers não é para mim e não
continuarei a assistir. Mas, claro, essa é a minha opinião, pode ser que funcione
para vocês, gosto é gosto e ela não agradou meu paladar.
Nas palavras do criador, Lindelof: “‘The Leftovers’ não foi
concebida de forma que o público pense: ‘Oh, meu Deus, precisamos assistir o
próximo episódio imediatamente’. Mas ao mesmo tempo, ela foi construída para
que no final de cada episódio, o telespectador fique com vontade de continuar
acompanhando a história.”
Caso vocês queiram ler sobre as impressões positivas do
pessoal, deixarei dois links aqui: a crítica do Box
de Séries e do Ligado em
Série.
E vocês, conseguiram assistir? O que acharam?