Como viver eternamente - Sally Nicholls
>> sexta-feira, 23 de maio de 2014
NICHOLLS, Sally. Como viver eternamente: cada minuto conta. São Paulo: Editora
Geração, 2008. 232p. Título original: Ways to live forever: every minute
counts.
“Posso entender quando alguém velho morre. Você não ia querer viver para sempre. Li um livro uma vez sobre
algumas pessoas que viveram para sempre e não gostaram muito. Ficaram
entediadas, velhas, solitárias e deprimidas. E também tem as coisas mais práticas,
por exemplo: se ninguém morresse e as pessoas continuassem a nascer, o mundo ia
ficar cada vez mais cheio, até que um teria de ficar no topo da cabeça do
outro, e aí teríamos de viver embaixo da água ou em Marte e, mesmo assim, ainda
não haveria lugar suficiente.
Sei disso tudo.
No entanto, isso não explica por que crianças precisam morrer.” p.189
Alguns livros contam histórias tristes, muito
tristes, mas incrivelmente, eles não são tristes. Eles são até divertidos em
alguns momentos, sim você vai chorar, mas vai sorrir mais ainda... Este é o
caso de Sam, em um livro infanto-juvenil para ser lido pelo público de
qualquer idade. Hoje vou falar de Como
viver eternamente da Sally Nicholls.
“Meu nome é Sam
Tenho onze anos.
Coleciono histórias e fatos
fantásticos.
Quando você estiver lendo isso,
provavelmente já estarei morto.” p.13
Sam é um garoto de 11 anos,
inteligente, curioso e cheio de perguntas. Sam tem leucemia, e depois de fazer
quimioterapia por duas vezes e a doença voltar, os médicos disseram que ele
poderia ir para casa. Ele se sentia melhor, mas sabia que estava pior, ele
sabia que não tinha mais muito tempo de vida.
Enquanto sua irmãzinha vai para a escola, o pai
para o trabalho e a mãe fica para cuidar dele, Sam e seu melhor e único amigo, Felix, têm aula com uma professora em casa. Ele também tem muitos tios e primos, mas eles moram longe e
aparecem sempre que podem para visitar. Ultimamente ele têm vindo mais, Sam sabe o motivo. Um dia a professora sugere que eles escrevam algo sobre
eles, e é assim que Sam começa a escrever um livro.
Um livro com grandes perguntas, poucas
respostas, um livro de questionamentos e listas. Sam coloca no livro todas as
suas frustrações e desejos, tudo o que ele queria fazer se tivesse tempo. Ele
queria ser um cientista, queria namorar, e tantas outras coisas.
“Morrer é a coisa mais boba de todas.
Ninguém lhe conta nada. Você faz perguntas, e eles tossem e mudam de assunto.”
p.19
E as perguntas são várias, muitas delas sem
respostas. Mas ele vai descobrir, que nem todos os seus desejos são impossíveis de se realizar. Sam não pensa muito em sua morte, ele se preocupa mais com a
tristeza de seus pais. Ele quer fazer coisas, quer descobrir coisas e viver.
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Lindo e triste, de dar um nó no estômago. Não
sei se vocês entenderam o que eu quis dizer lá no início, alguns livros são
assim, eles contam uma história triste e que é a realidade de tanta
gente, o que deixa muitas pessoas assustadas e com medo de ler e de sofrer pelos
personagens. Mas Sam não é um garoto triste, e seu livro não é triste, embora
claro, sua história não tenha o final que desejamos. O livro é alegre,
divertido, com passagens espirituosas e muito tocantes.
Muita gente compara com A
culpa é das estrelas, eu discordo da comparação. Os dois tem uma
semelhança, jovens com câncer. Mas se diferem em todo o resto, e não só por Sam
ser ainda uma criança. O humor do John Green é ácido, inteligente, por vezes,
mórbido. O humor aqui é puro, inocente. Sam é uma criança, ele não pensa como
os adultos. Ele questiona sua doença, para onde vai depois de morrer, a
existência de Deus, o enterro, como vai ficar sua família, como serão os seus
momentos finais. Morrer doí? E ele fala tudo de forma muito descontraída.
Sam está entre os melhores protagonistas infantis que já
encontrei, ele é tão fofo e sincero. Senti pena dos seus pais, sua mãe
tentando não desmoronar e seu pai insistindo que o filho estava melhorando, que
deveriam tentar a quimio mais uma vez. E principalmente da irmã mais nova, ela
não entendia muito bem tudo o que estava acontecendo, se sentia renegada já que
toda a atenção era para o irmão, e mesmo assim já meio que sentia falta dele.
No final, é claro, eu fiz jus a caixa de
lencinhos que veio com o livro. Não tem como não se emocionar! Apesar da
linguagem ser voltada para o público bem jovem, este não é apenas um livro
juvenil, é um livro que todos deveriam ler. J
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