Sangue no outono - Mons Kallentoft
>> terça-feira, 31 de dezembro de 2013
KALLENTOFT, Mons. Sangue no outono. São Paulo:
Editora Saraiva, 2013. 496p. (Malin Fors, v.3). Título original: Hostoffer.
“Posso talvez me
divertir um pouco com toda esta situação. Brincar com a justiça como tantas
vezes fiz. Mas como é que eu vou poder fazer isso? Meu corpo está cheio de
buracos. Alguma coisa está errada. Alguma coisa está errada.
Socorro.
Ajudem-me
Malin Fors.
Não reconheço mais
o meu medo. É um medo totalmente novo.
Só você pode me
tirar daqui, Malin! Não é verdade?
Só você poderá
anestesiar o medo do qual eu, tão desesperadamente, tento fugir.
Do qual também você
tenta fugir. Não é verdade?” p.78
A terceira
aventura protagonizada pela Detetive de Homicídios Malin Fors, trás de volta os
personagens complexos e atormentados do sueco Mons Kallentoft. Com uma
narrativa onde até o assassino e o morto tem voz, conheça Sangue no outono.
Não contém
spoilers sobre os livros anteriores da série. Se
quiser conhecer mais, confira as resenhas de Sangue
no inverno
e Sangue
no verão.
Linköping no sul
da Suécia sai de um verão insuportável e entra no outono com uma chuva forte
que não passa, as ruas encharcadas, os bueiros transbordando, as ratazanas que
morrem afogadas no esgoto e flutuam pelas ruas da cidade. A tempestade corre
forte também na vida de Malin Fors, competente detetive de 35 anos, que está passando por momentos difíceis e seu
problema com a bebida cada vez mais grave.
Seu parceiro
Zacharias “Zeke” Martinsson e seu
chefe Sven Sjoman estão preocupados,
mas Malin não aceita que ninguém se intrometa em suas vidas. Ainda mais depois do que aconteceu com sua filha Tove no verão passado, mas ninguém consegue conversar sobre isso.
Como resultado Malin bebe mais a cada dia e começa a prejudicar seu desempenho
no trabalho. Mas eles precisam dela, principalmente, quando descobrem um corpo.
No fosso do
castelo de Skogsa, flutua o cadáver de seu dono, o rico advogado Jerry Petersson. O corpo desovado tem quarenta facadas e
uma pancada na cabeça, fora do fosso seu cachorro late desesperado. Jerry não tem
família nem amigos conhecidos, a investigação é lenta e cheia de mistérios.
Os antigos donos
do castelo por gerações - a aristocrática família Fagelsjo -, foram obrigados a
colocar o castelo à venda. As primeiras suspeitas caem sobre eles. O passado de
Petersson é misterioso e complicado, ninguém parecia conhecê-lo de verdade.
A investigação é
lenta, Malin tenta direcionar toda a sua energia para o trabalho, mas não
consegue deixar os problemas de lado. Tudo é muito complicado e
doloroso... como sempre ela ignora tudo, menos as garrafas de tequila, e segue
na busca do assassino.
~~~~~~
Novamente a
editora optou por preencher a contracapa com uma citação e comentários sobre a
obra, deixando a sinopse apenas para a folha de rosto. Mas pelo menos desta vez
não tem nenhum spoiler nela, problema resolvido. ^^
A narrativa de
Kallentoft continua intrigante, ele concentra sua narrativa no psicológico dos
personagens, de todos eles. Todos os investigadores, o morto, o assassino, os
suspeitos. A narrativa em terceira alterna-se durante todo o livro; eu
gosto da abordagem, nenhum personagem fica a margem da narrativa.
Já sobre o
enredo, este caso me conquistou menos que os anteriores, talvez por não termos
um assassino em série e apenas a busca pelo assassino de um homem que não era lá
assim, uma boa pessoa. Achei a investigação um pouco chata, algumas coisas
foram previsíveis e não me empolguei.
Vale a leitura
pelo contexto da série, quem acompanha todos os livros quer ver a evolução da
historia pessoal de Malin, que neste volume está no fundo do poço. Eu me
irritava todas as vezes que ela empurrava os problemas para debaixo do tapete e
bebia até apagar. De como ela tentava não beber e acabava desacordada do mesmo
jeito. Até que no trabalho todos começam a perceber e os problemas não são mais
toleráveis.
O autor além do
problema do alcoolismo aborda problemas sociais como o bullying, que foi
abordado de forma misteriosa e bem interessante.
Como fã de ficção policial eu gosto da
série, mas não teve ainda um livro que eu tenha amado, este foi o que menos gostei
até agora na verdade - falando da parte investigativa. Eu também tenho medo desta cidade, o pior verão, o pior inverno, um outono de amargar... este autor tem algum problema com o clima. :P Eu torço muito por
Malin, fico angustiada com o sofrimento da protagonista. Apesar da resenha não
conter spoilers dos volumes anteriores eu acredito que a série deva ser lida na
ordem, principalmente para entender os problemas de todos os personagens.
Indico para quem
gosta de uma investigação com uma abordagem baseada no psicológico dos personagens e de uma narrativa
diferente. ^^
Série Malin
Fors de Mons Kallentoft
- Sangue no inverno (Midvinterblod)
- Sangue no verão (Sommardöden)
- Sangue no outono (Höstoffer)
- Sangue na primavera (Vårlik)
- Den femte årstiden (Os demais ainda não lançados no Brasil).
- Vattenänglar
- Vindsjälar
- Jordstorm.
Avaliação (1
a 5):