A lista do nunca - Koethi Zan

>>  terça-feira, 26 de novembro de 2013

ZAN, Koethi. A lista do nunca. São Paulo: Editora Paralela, 2013. 272p. Título original: The never list.

“Comecei a me odiar por causa da minha fraqueza. Odiava meu corpo pelo que  não conseguia aguentar. Eu me odiava por supllicar e me rebaixar diante daquele homem. À noite, sonhava que era um demônio e esmagava o rosto dele, gritando, tomada por uma grande força.
Então, depois de dias passando fome, quando ele chegava e me dava um pouquinho de comida com suas próprias mãos, eu lambia seus dedos como um animal, vorazmente, agradecida e patética – implorando novamente.” p. 84

O que mais me marcou na leitura, foi que eu pensava que era uma coisa e no final era outra bem diferente. Vou explicar isso melhor abaixo, mas a dica de hoje é para quem gosta de livros fortes, tristes e com uma boa dose de suspense. Estou falando de A lista do nunca da americana Koethi Zan.

Sarah e Jennifer eram amigas inseparáveis desde crianças, e ficaram ainda mais unidas quando sofreram um grave acidente de carro aos 10 anos de idade. No acidente Jennifer perdeu a mãe, e só restou seu pai que estava sempre bêbado. Ela acabou ficando com Sarah e sua família. Depois disso elas tinham uma forma de se sentirem sempre seguras: A lista do nunca. As duas tomavam muito cuidado para nunca se colocar em risco, as listas enumeravam perigos, estatísticas de violência ou acidente, continham as orientações para evitar que algo de ruim acontecesse.

Mas nada disso adiantou, quando estavam no primeiro ano da faculdade, as duas foram sequestradas depois de uma festa no Campus, e acabaram vivendo por três anos em cativeiro. Era pior do que elas poderiam imaginar, a realidade era viver acorrentada no porão de uma casa, junto com outras duas meninas e torturadas de todas as maneiras possíveis, por um conceituado professor da faculdade onde estudavam.

Dez anos depois, Sarah está longe de conseguir ter uma vida normal. Ela vive em casa, com medo, trancada, cheia de regras e constantemente atormentada. Mas agora ela é novamente abordada pelo FBI,  seu sequestrador - que ainda lhe envia cartas da prisão-, está prestes a ser solto em uma audiência da condicional e Sarah pode ser a peça chave para impedi-lo.

Ela quer ajudar, mas primeiro ela precisa conseguir algo simples, como destrancar a porta e sair de casa. Sarah sabe que só enfrentado o passado, ela vai conseguir seguir em frente e trancafiar aquele monstro para sempre. Contando partes da historia que nunca foram reveladas.

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Qual a impressão que você tem quando lê a sinopse acima? A impressão que eu tive ao iniciar o livro, foi que seria um drama sobre abuso e sobrevivência, algo parecido com o que li nos queridinhos Identidade roubada e Quarto. Eu já esperava as cenas fortes, o abuso, o sadismo do sequestrador. O que eu não esperava, foi que a historia não é era um drama, e sim um thriller de suspense.

Temos as partes onde Sarah conta seu passado no cativeiro, cenas fortes e chocantes. Eu senti muita pena das personagens, torci por elas, mesmo já sabendo o que iria acontecer depois. E as cenas do passado são tão fortes que eu até me esquecia disso. Mas a parte principal do livro, será a busca de Sarah por desvendar o passado, ela precisava apenas depor na audiência condicional, mas ela quer mais, ela quer descobrir tudo e trancafiar seu algoz para sempre.

Começa ai um thriller cheio de ação e muitas descobertas, Sarah começa a investigar sozinha o passado, voltando aos locais dos crimes e procurando falar com pessoas que tenham algum envolvimento com o professor. A coisa ai toma uma cara de thriller, e vi alguns comentários comparando com o top Garota exemplar. O problema é que no quesito thriller, o livro deixa muito a desejar.

Os personagens são rasos, todos poderiam ser melhor construídos. A parte investigativa é por vezes difícil de acreditar, Sarah tropeça nas pistas que o FBI não descobriu em dez anos de investigação. Além disso eu achei muito estranho, ela tinha crises de pânico, viveu anos sozinha trancada dentro do apartamento convivendo, praticamente, com seu porteiro que levava as refeições que ela pedia por telefone e com sua psicóloga da mesma maneira. Ai de repente ela põe uma roupa de couro e entra em um clube privado de BDSM em plena madrugada. Ta, ela sofreu para ficar lá dentro, mas foi tão surreal a forma como ela foi de vítima traumatizada para investigadora que putz, não comprei a ideia.

O livro é cheio de reviravoltas, algumas delas me deixaram de queixo caído, mas a maioria não me convenceu. Era como se a autora quisesse escrever um thriller cheio de surpresas, mas com páginas insuficientes, comecei a achar que ela estava forçando a barra em alguns momentos. Como trama o livro seria um nota 5, mas ele não foi bem trabalhado o suficiente para isso, quem lê muitos thrillers do estilo vai perceber do que eu estou falando. 

Eu gostei da leitura, começa tudo muito bem e é difícil não se simpatizar com a dor das meninas. Eu indico para quem curte o gênero drama/suspense, mas não esperem um super drama ou um super thriller, eu devorei até o final angustiada com o que viria a seguir, mas faltou algo para eu comprar a historia realmente. Leiam!

Avaliação (1 a 5):

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