Azar o seu! - Carol Sabar
>> terça-feira, 23 de julho de 2013
SABAR, Carol. Azar o seu! São Paulo: Editora Jangada,
2013. 369p.
“- Explosão sexual do prazer?
- É – eu disse. Aquela de que falam os
romances das bancas, as novelas, os filmes como o Titanic, quando o Jack brinca
de chofer e pergunta ‘Para onde senhorita?’ e a Rose responde ‘Para as estrelas’,
e depois desliza a mãozinha pelo vidro suado do carro! Eu nunca deslizei a
minha mãozinha pelo vidro suado de um carro, a não ser para desembaçar o
para-brisa!” p.29
Eu adoro um bom Chick-lit,
mas não é um gênero que leio muitos livros durante o ano, primeiro porque
não lançam tantos assim, segundo porque poucos saem da mesmice e da “nota 3”.
Sou fã de algumas autoras do estilo, mas qual não foi minha surpresa quando uma
ilustre desconhecida (para mim) e quase minha conterrânea (brasileira de Juiz
de Fora) me conquistou com Azar o seu! da
Carol Sabar.
Ana Beatriz Guimarães, 25 anos, mais
conhecida como Bia, é uma moça bonita de pele clara, cabelos castanhos com
reflexos e lindos olhos azuis. Não que ela esteja preocupada com sua descrição
e com seus 5 quilos recém adquiridos no auge do seu desemprego... é, é com isso
que ela está preocupada. O desemprego digo, não o peso. Bia, se estivesse me
lendo agora, pediria para eu parar de repetir sobre o peso. Ok, ok. Bia é
graduada em Administração de empresas pela UFJF, pós graduada em logística
empresarial e em métodos estatísticos e computacionais. Fluente em inglês, com
muitos minicursos no currículo e um intercâmbio nos EUA. Mas nada disso impediu
que fosse demitida da FB Logística, uma empresa no Rio de Janeiro.
E por justa causa! O
que, sinceramente, é uma historia longa demais para eu contar aqui agora, não
que vocês não estejam curiosos com o crescente azar de Bia, vocês não viram
nada! Bia, desempregada e desalojada, se vê obrigada a voltar a morar em Juiz de Fora com o pai. Para ajudar, ela faz alguns bicos fazendo entrega na
floricultura do pai, embora seja uma negação para lidar com as flores. É assim,
sendo uma negação, estando desempregada e muito endividada; que Bia é escolhida para representar o
pai, dirigindo a Kombi de entrega da floricultura, no enterro da esposa de um tio avô em Angra dos Reis. E se já não fosse suficiente - Bia não cansa de nos surpreender-, ela conseguiu – sei lá
como – abaixar as calças para o primo em pleno cemitério... eca, eca, eca! Mas
isso não foi o grande azar...
Ainda tem o tiroteio.
É o tiroteio, outra longa historia. O mais importante é o que
aconteceu, quando um estranho tenta chamar sua atenção em plena Linha Vermelha.
Ele é um velho conhecido, mas Bia, não o reconheceu. A última vez que vira Guga, seu amor adolescente, ele tinha
17 anos, um aparelho e muitas espinhas. Enquanto ela se desespera e tenta dizer suas últimas palavras no meio do tiroteio... ela
pensa em Guga, o único cara que já amou, e manda um recado para ele com o
ilustre desconhecido. Que obviamente era muito conhecido, mas.... é ai que a
historia começa e eu não vou contar mais nada. Ao contrário de Bia,
eu sei manter minha boca fechada, bom pelo menos enquanto sei que não estou
prestes a morrer... nenhum tiroteio a vista etc e tal.
“Que sorte, pensei, sentindo um friozinho na
barriga.
Mas eu já deveria estar careca de saber que,
na vida de uma azarada, a sorte nunca deve ser louvada. Porque na vida de uma
azarada, mesmo quando parece impossível, as coisas ainda podem piorar.” p. 215
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O livro começa legalzinho, a
narrativa da autora é gostosa e flui bem, até a cena do tal tiroteio - que é logo no comecinho. É
ai que o livro me ganhou completamente, Carol não perde em nada para as autoras
queridinhas de chick-lit. Sua trama é bem surreal e acontecem coisas
completamente sem noção, bem no estilo chick-lit a la Sophie
Kinsella. Eu adorei Bia e ri muito com a personagem, seus comentários
engraçados, suas atitudes sem noção, sua maluquice sem fim. Carol é também
autora de Como (quase) namorei Robert
Pattinson (skoob)
que eu não li e que, obviamente, agora vai para a lista de desejados.
Narrado em primeira
pessoa, Bia vai nos contando aos poucos sua trágica vida atual e sua infância,
quando ela tinha uma amizade inseparável com Guga e Raíssa, dois irmãos. Na
adolescência eles acabaram se separando e cada um seguiu seu caminho, agora aos poucos o leitor vai descobrindo o que aconteceu. Para mim, o personagem de destaque foi o pai de Bia, o pai mais fofo de todos,
amei!
Guga também não fica
atrás, este é um chick-lit de desencontros, mas isso não é culpa do mocinho.
Guga sabe o que quer, reconquistar Bia. Ela é a
teimosa que sabe o que sente mas nega tudo até o final. Eu achei isso interessante, na maioria dos livros do estilo os dois brigam que nem gato e rato até que descobrem se gostar, aqui a situação é bem diferente.
A única coisa que não
gostei tanto, foi a teimosia da Bia. Ela demora demais para pegar no tranco, e
em alguns momentos achei meio chato o comportamento da moça. É claro que tudo
isso só torna o livro mais divertido, mas me irrito com as mocinhas palermas
hehe. Eu até entendo um pouco a personagem, seu histórico com a mãe ausente e
seu medo de arriscar, mas mesmo assim irritou um pouco. :P
Eu sorri muito em
algumas situações e até me emocionei em outra, uma cena com o pai da Bia quando ela era criança, tão lindo. Me diverti muito com os pensamentos da personagem, ela é
tão sem noção que chega a ser hilária.
“Eu nunca ligara para um telessexo na vida,
seria carência demais até para mim, que já havia digitado ‘I love you’ no
Google Tradutor e clicado no botão OUVIR só para me emocionar com a voz da
maquina declarando seu amor por mim.” p.282
Para quem gosta de uma comédia romântica fofa e divertida, Azar o seu! entra na lista dos imperdíveis. Leiam!!
Avaliação (1 a 5):