Liga, desliga - Colleen McCullough
>> terça-feira, 17 de julho de 2012
McCullough, Colleen. Liga, desliga. 2 ed. Rio de Janeiro:
Editora Bertrand, 2010. 420p. (Carmine Delmônico, v.1). Título original: On,
Off.
“Não, ninguém tinha visto. E não, ninguém tinha visto
nenhum estranho.
Ele conseguiu de novo, pensou Carmine, andando até a
aglomeração de jovens assustados que haviam alegado ser amigos de Francine
Murray. Ele a levou embora sem que uma alma o tenha visto.” p.140
A autora Colleen McCullough é conhecida mundialmente pelo seu maior sucesso
– Pássaros Feridos, e vários outros
romances. Este é o primeiro livro da autora de ficção policial, é também o
primeiro volume da série Carmine
Delmônico, o detetive protagonista. Confiram o que eu achei sobre Liga, desliga.
Connecticut, 1965, uma época em
que as investigações ainda eram feitas quase que por entrevistas e intuição.
Nada de análises laboratoriais ou grandes perfis psicológicos, os seriais
killers ainda eram chamados de “múltiplos”. Em meio aos manifestos da população
negra local contra o preconceito, o instituto de pesquisas neurológicas da
Universidade Chubb entra em foco quando
partes de uma garota latina são encontradas em um de seus frigoríficos.
O tenente Carmine Delmonico é o melhor investigador da policia local, ele
sempre chefia os maiores casos e tem apoio total de seu chefe e sua equipe.
Divorciado, pai de uma adolescente que mora com a mãe em outro Estado , Carmine
vive para o trabalho.
A policia chega ao instituto e a
cena é grotesta, dois pedaços de uma adolescente latina estava dentro de um saco do
frigorífico, pronto para ser incinerado. Um acidente acaba revelando o corpo,
apenas o tronco, sem braços e pernas, sem cabeça. Agora todos os pesquisadores e funcionários
do laboratório são suspeitos.
Logo a policia conclui que este
não é o primeiro desaparecimento, ele apenas teve o azar de ser descoberto.
Belas adolescentes, puras e religiosas,
com a pele latina ou negra foram declaradas desaparecidas no Estado no decorrer
dos últimos anos. Como nenhum corpo havia sido encontrado, a policia não via
ligação entre elas.
Agora Carmine tem muitos
suspeitos e nenhuma pista. Desdemona
Dupre é a administradora do instituto, uma mulher muito inteligente e
rígida. Sem grandes atrativos físicos e com roupas simples, a mulher alta e de
olhar inteligente logo chama a atenção de Carmine. Mas Desdemona também de
alguma forma chama a atenção do assassino, estranhas coisas começam a acontecer
em seu apartamento.
O assassino está a cada dia mais
ousado, a policia sem pista continua atirando por todos os lados. Entrevistando
cientistas e seus familiares, Carmine descobre muitos relacionamentos estranhos
e alguns segredos de família, mas nada que significasse um maluco a solta. Mas
um deles está violentando e matando meninas, ele só precisa saber qual.
~~~~~
Quando este livro foi lançado eu
vi alguns elogios e várias criticas em alguns sites, acabei deixando ele de
lado com medo de não gostar. Agora depois de ler, vejo que o livro realmente
tem falhas que incomodam bastante, mas por outro lado ele não deve ser comparado
aos livros policiais que lemos normalmente. Por se passar na década de 60 a investigação é muito
diferente dos livros de ficção policial atuais, nada de laboratórios, DNA,
análise de fios de cabelo ou partículas. Aqui é “tudo no olho”, Carmine trabalha
analisando testemunha e suspeitos, investigando calmamente cada uma daquelas
pessoas.
Normalmente livros policiais se
passam no decorrer de dias ou poucas semanas, uma caçada louca sem dormir e sem
comer atrás do serial killer. Aqui meses se passam sem que nenhuma grande pista
apareça, Carmine vai para casa dormir, come, paquera Desdemona e trabalha.
Enquanto isso novas vítimas vão sendo assassinadas.
A análise psicológica dos
suspeitos me atraiu durante a leitura, no começo me confundi com tantos
personagens e nomes parecidos, mas depois me acostumei e gostei de acompanhar
todos os personagens. A narrativa se alterna entre eles, suspeitos narram no
próprio cenário em que vivem, vemos o cientista que trata mal a esposa, o que
bate nos filhos com vara... e pensamos: será que é este?
Para mim o livro também teve falhas, muita coisa sem sentido. A primeira coisa que me incomodou é que
Carmine narra grande parte do livro, ou seja, sobre o ponto de vista masculino.
Porém a descrição dos cientistas como “o homem mais bonito que eu já vi”, “uma
beleza nórdica”, “músculos e lindos olhos” me deixaram confusa, se ele fosse
homossexual eu entenderia. O relacionamento romântico foi meio precipitado,
para mim poderia ter sido mais bem desenvolvido apesar de eu ter gostado dos
personagens. No livro o assassino demonstra estar perseguindo Desdemona, o que a aproxima do detetive, no final não se explica o porquê dele ter feito isto.
A falta de pistas deixa o leitor
confuso, mas se você presta atenção nos personagens consegue detectar muitas
coisas estranhas. Eu desconfiei e acertei, em partes. Já o
investigador ta perdido e ai escorrega, toma um tombo e descobre tudo,
literalmente. Só lendo para entender, mas foi frustrante. O mistério final, que inclusive explica o
título estranho do livro, foi surpreendente, mas ainda não sei se foi
convincente. Achei muito forçado tudo aquilo, meio estranho de acontecer sem
ninguém desconfiar. Mas... como é spoiler, quem leu me conte o que achou.
Carmine não é um detetive que
conquista totalmente o leitor, como Jack Reacher e Miron Bolitar, por exemplo,
mas como é o primeiro livro de uma série quero ler o segundo para me decidir
sobre o personagem.
Eu gostei do livro, mas não
amei. Como amo o gênero policial, já li muitos livros melhores do que
este. Mas também não é um livro que eu tenha desgostado, a historia me envolveu
e a leitura foi satisfatória. Leiam com moderação! =]
Série Carmine Delmonico da
Colleen McCullough
- Liga, Desliga (On, Off)
- Assassinatos demais (Too many murders)
- Naked Cruelty (os demais ainda não lançados no Brasil).
- The prodigal son.
Avaliação (1 a 5):