Entrevista - Camila Nascimento Silva

>>  segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Camila Nascimento Silva desde criança gostava de escrever e afirma que “não há nada no mundo que eu goste mais do que contar estórias”. A autora vive em Londres, cidade que está presente em grande parte de seu primeiro livro.

VOCÊ TEM MEIA HORA é um romance divertido, que fala de escolhas, de carreira e da vida de uma comissária de bordo brasileira. A estória de Bia é diversão garantida e a narrativa da autora é deliciosa.

Nesta entrevista exclusiva ao Viagem Literária Camila fala de sua vida em Londres, da publicação de seu primeiro livro e da construção do seu romance. Boa leitura!

Oi Camila, bem vinda e obrigada por participar da entrevista no Viagem Literária. Para quem não te conhece, nos fale um pouco sobre você e sua vida profissional.
Camila - Eu que agradeço! Bom, me chamo Camila Nascimento Silva, sou autora do romance VOCÊ TEM MEIA HORA e não há nada no mundo que eu goste mais do que contar estórias.

Em sua biografia sua carreira muda do direito para a história da arte, você se muda do Rio de Janeiro para Londres. Esta mudança em sua vida foi programada? A grande mudança na vida de sua protagonista foi inspirada em sua própria historia?
Camila - Pois é, foram grandes mudanças, né? (rs) Mas não foi nada programado não. Simplesmente percebi, num determinado momento, que precisava de outros desafios, outras motivações... Então arrumei as malas e me lancei na aventura de ser uma habitante do planeta. A estória de Bia, minha protagonista em VOCÊ TEM MEIA HORA, é uma ficção sem nenhuma relação com as minhas experiências, mas não dá para negar que, na qualidade de autora, há muitos pontos de vista meus emprestados à personagem.

VOCÊ TEM MEIA HORA fala muito da carreira da protagonista como comissária de bordo. Você trabalha em um museu, como foi a pesquisa para construção da personagem?
Camila - Intensa. Tive de ler manuais, aprender procedimentos, compreender as aeronaves, observar o movimento nos aeroportos, conversar com comissários durante os meus vôos... Justamente por não possuir nenhum vínculo com o universo da aviação, tive muita preocupação em me aprofundar e retratar a rotina dessa belíssima carreira com o máximo de verdade e coerência, sem perder, no entanto, o toque bem humorado que cerca o dia à dia de toda profissão. Felizmente, tive o apoio de dois comissários de bordo muito generosos que me auxiliaram nesta empreitada, dando feedback e lendo os capítulos à medida que eu os escrevia.  

O fato de trabalhar com arte e cultura serviu como inspiração para o inicio de sua carreira literária? Como tudo começou?
Camila – Desde criança tive o senso artístico estimulado. Frequentava muito mais o teatro que o parque de diversões, lia muito mais livrinhos que jogava video games, minhas notas em português eram muito melhores que em matemática. Aos doze anos inventei que tinha poderes paranormais só para escrever as previsões astrológicas do jornalzinho de bairro que as crianças lá da rua haviam criado. Creio, portanto, que escrever é consequência desses estímulos e da minha necessidade de expressão. VOCÊ TEM MEIA HORA é apenas a publicação de algo que há tempos eu já fazia.

Em VOCÊ TEM MEIA HORA acompanhamos Bia se adaptando em uma nova vida. Quais são as maiores dificuldades de se viver em um novo país? O que você mais gosta em Londres?
Camila – As dificuldades são muitas, viu? O clima, a língua, a saudade, a comida... Mas esse processo de adaptação é também uma experiência muito enriquecedora. Eu sou suspeita para falar de Londres porque adoro a cidade! Adoro essa atmosfera cosmopolita, essa despreocupação com as aparências, o agito cultural... Depois do Rio, Londres é com certeza o meu lugar no mundo.

Os chick-lits são normalmente voltados para o público feminino, mas percebi que seu livro agradará também pessoas que não são tão fãs deste gênero. Você lê muito chick-lit? Quais autores do gênero você gosta?
Camila – Não me atenho muito a essa questão da classificação de estilo não. Quando escrevo, minha preocupação é contar estórias coerentes e ao mesmo tempo me divertir. Leio chick-lits sim e sou fã de Marian Keyes.  

Bia pentelha o leitor com toda sua fossa no começo do livro. Mas é palpável sua força de vontade em lutar pelo que quer, pelo menos foi assim com a carreira que ela tanto queria seguir.  O que há de Bia na Camila Silva?
Camila – Não há muito em comum entre nós, mas Bia é sonhadora, romântica e teimosa, né? Então acho que nesse sentido somos bem parecidas.

Quando li o livro a primeira coisa que vinham me perguntar era o porquê deste título. Quase no final da leitura descobrimos a importância da música linda da Adriana Calcanhoto na historia. Explique para os leitores o porquê do título e como foi esta escolha.
Camila – Uma amiga me contou uma experiência pessoal muito interessante envolvendo essa música e desde o primeiro momento percebi que eu tinha ali uma estória a desenvolver. Naquela madrugada mesmo comecei a pesquisar e construir as personagens. Mas várias coisas aconteceram, eu me mudei para Londres e o projeto se perdeu. Passaram-se anos até que eu resgatasse a ideia do livro e quando finalmente o fiz, Londres já exercia uma grande influência sobre mim. Resultado: A trama era outra! As personagens eram multiculturais e os conflitos tinham outros desdobramentos. Paralelo a isto, eu tinha muita vontade de falar com as mulheres da minha geração. Queria imprimir num livro a sensação de passar a tarde conversando com uma amiga e foi nesse processo tumultuado de muitos pensamentos e aspirações que nasceu VOCÊ TEM MEIA HORA.

Durante a leitura, rindo muito de todas as expressões engraçadas que você inseria e acompanhando a construção do texto foi difícil acreditar que este é seu livro de estréia. E agora o que vem por ai? Pode adiantar um pouco de seu novo livro? Já estou pensando em uma museóloga cheia de gatos, chichê eu sei, rs.
Camila – Opa! Já é uma ideia! (rs) O meu segundo romance está a caminho, mas ainda em fase inicial. Não tenho como adiantar muito por enquanto. Aguardem!

Em Londres o mercado editorial está a anos luz do Brasil. Porque optou ela publicação primeiro em português? Fale um pouco sobre a Editora Subtítulo que é nova no mercado.
Camila – Como disse, a ideia do livro foi concebida quando eu ainda morava no Brasil. De início, realmente considerei escrever VOCÊ TEM MEIA HORA em inglês porque eu já morava na Inglaterra e sabia das limitações e dificuldades do mercado literário no Brasil. Porém, após escrever os primeiros capítulos, percebi que era para o Brasil que eu queria contar essa estória. Nunca enviei originais do livro para nenhuma editora porque não acredito no critério nem no método, mas tive a sorte de ser convidada pelo Selo Subtítulo que, com uma proposta super profissional e inovadora, lançou VOCÊ TEM MEIA HORA pela editora Oficina de Livros e eu estou super satisfeita com a repercussão que o livro vem tendo.

O retorno com os leitores está sendo o que você esperava? Como se sentiu ao ler a primeira crítica positiva e negativa?
Camila – Estou muito feliz! Ver que o livro está cumprindo seu papel e que as pessoas não só captam como se emocionam com o meu trabalho, é indescritível! As críticas fazem parte do processo, acho válidas, importantes, mas não me deslumbram nem direcionam.

Um breve bate-papo:

Quando escrevo, descubro outras possibilidades de ser eu mesma sem ser eu de verdade.
O que me inspira, é geralmente o que me emociona.
No meu tempo livre, estou observando o mundo ao meu redor.
Estou lendo Azul Miosótico de Yuri Emanuel.
Meu livro de cabeceira é Os Cadernos de Dom Rigoberto de Mario Vargas Llosa.
Sou fã da santíssima trindade: Clarice Lispector, Cecília Meireles e Martha Medeiros.
Não gosto de frescura, filme dublado e ter que deixar um recado na caixa postal de alguém.
Meu maior sonho é formar uma "platéia" cada vez maior para os meus textos.
Não viveria sem teatro, música, ballet, cinema, livros e feijão preto.
Estou a procura de novas linguagens. Sempre!
Um livro nacional que eu li e gostei, o Menino no Espelho de Fernando Sabino, que me fez perceber aos 12 anos como a leitura pode ser libertadora.
Meu personagem preferido são as irmãs Lígia e Guida de A Serpente, de Nelson Rodrigues.
Você tem meia hora é para mim a transformação dos meus pensamento e percepções numa obra literária.
Uma frase: Escrever engorda.

Camila quero agradecer novamente pela entrevista e pela oportunidade de conhecer um pouco mais sobre você e de ler Você tem meia hora que eu amei. Quer deixar alguma mensagem aos leitores do blog?
Camila - Quero registrar o meu MUITO OBRIGADA a todos os leitores e blogueiros que tão generosamente recebem o meu trabalho e dizer que VOCÊ TEM MEIA HORA é um livro recheado de paixão, que inspira a vontade de viver e a coragem de mudar e, se for preciso, de recomeçar. Sempre. 


Camila Nascimento Silva é a autora nacional do mês de fevereiro no Viagem Literária. Se você ainda não conhece o trabalho da autora confira a resenha de Você tem meia hora e participe da promoção que fica no ar até dia 10.03.2012 e concorra a 1 exemplar do livro. O livro pode ser adquirido na Oficina dos livros.

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