Fome - Michael Grant
>> sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
GRANT, Michael. Fome. Rio de Janeiro: Galera Record, 2011. 532p. (Gone, V.2) Título original: Hunger.
“Eu amo esses livros.” – Stephen King e Eu =]
Em Gone todas as pessoas com mais de 14 anos desaparecem misteriosamente, as crianças ficam na cidade, sozinhas, apavoradas e cercadas como se estivessem em uma bolha. Logo alguns grupos tomam a liderança e algumas crianças precisam agir como adultos e tomar as decisões: distribuir a comida, organizar as moradias, colocar os bebês na creche e muito mais. Porém quando alguns deles começam a desenvolver poderes fora do normal, uma guerra irá definir quem estará no comando da cidade.
A partir daqui contém spoilers para quem não leu Gone.
“A única constante parece ser que as mutações estão tornando as criaturas – humanas e não humanas – mais perigosas. As mutações são quase todas em forma de arma. Armas ou mecanismos de defesa. Claro que talvez eu simplesmente não tenha observado mutações suficientes para saber. Mas não seria exatamente uma surpresa se as mutações tendessem a ser mecanismos de sobrevivência. Esse é o objetivo da evolução: a sobrevivência.” P.306
Três meses já se passaram, desde que todos com menos de 15 anos ficaram presos dentro do LGAR (Limitado à Garotada da Alameda da Radiação), uma área de 32 km cujo centro é uma usina nuclear. A água e a luz ainda funcionam, mas tudo o mais é uma bola de neve. A comida está acabando e ninguém está plantando, ninguém está fazendo nada, só comendo, dormindo e jogando vídeo game. A maioria daquelas crianças só querem sobreviver até os 15 anos, quando também farão puft e desaparecerão. O problema é que eles não sabem o que acontece quando desaparecem, se voltam para perto dos pais, se morrem ou se vão para um lugar ainda pior.
A situação está cada dia mais crítica, primeiro acabaram os doces e salgadinhos, depois tudo que estava armazenado no Mc Donald’s. Para piorar toda a carne, frutas e legumes simplesmente apodreceram. Todos estão passando fome, ninguém quer fazer nada para ajudar. E cada dia mais crianças estão desenvolvendo mutações, capacidades sobrenaturais que as diferenciam de crianças normais. Mas, não é só os humanos que sofreram mutações... temos cobras que voam, morcegos que nadam e as terríveis minhocas, as Ezecas.
“E. Z. veio cambaleando loucamente na direção de Sam, andando como se estivesse sendo eletrocutado, sacudindo-se, balançando os braços como uma marionete louca com metade das cordas cortadas.
A um metro, um metro e meio, a pouco mais do que a distância de um braço, Sam viu a minhoca sair de baixo da pele do pescoço de E.Z.
E então outra saiu do maxilar, bem na frente do ouvido.
E. Z., não estava mais gritando, tombou frouxo, simplesmente ficou sentado de pernas cruzadas.
- Me ajuda – sussurrou E.Z. – Sam...
Os olhos de E.Z. estavam fixos em Sam. Implorando. Perdendo o brilho. Depois simplesmente espiando, vazios.
Agora os únicos sons vinham das minhocas. As centenas de bocas pareciam fazer um som único, molhado, como uma boca enorme mastigando. ” p.18
Agora Sam que é apenas um garoto – apesar de soltar fogo pelas mãos-, sua namorada Astrid “gênio” e seus poucos aliados terão que encontrar uma maneira de combater as terríveis minhocas, colher as plantações e não morrerem de fome. Eles também precisam esconder os poderes do pequeno Pete, o autista que tem mais poderes do que todos os outros. As refeições passam a ser um vidro de catchup no almoço, uma lata de couve em conserva no jantar e só está começando.
Eles precisam mudar, precisam se adaptar. Albert tem uma ideia perigosa, ele quer criar uma moeda de troca e obrigar os outros a trabalhar. Quinn em uma jogada de sorte pode conseguir comida e Edílio faz o possível para ajudar. Dekka e Brisa com seus poderes estão sempre ao lado de Sam, mas ninguém é tão adorado quanto Lana, a curadora. Do outro lado Caine, Diana e Drake tem planos nada agradáveis para combater Sam e sua turma.
Na floresta um ser vive nas profundezas de uma caverna, um ser aterrorizante que está ficando mais forte e que pode entrar na mente das pessoas. Ele manipula, ele busca, exige. A Escuridão está mais faminta do que todas as crianças da ilha. A guerra não terminou, agora eles estão famintos e a batalha está apenas começando.
Pergunta para o Michael Grant: Quantos personagens você pretende deixar vivo até o final da série? Sério!! O autor é muito louco, ele não poupa ninguém, seus protagonistas estão correndo tanto risco quanto os coadjuvantes e o livro é surpreendente. Eu amei, grudei na história e li sem parar, inclusive com um monte de gente rindo e falando ao meu lado em Ubatuba, só fui dormir as 3;30 da manhã depois de terminar.
A narrativa é densa, a narrativa é em terceira pessoa e alterna entre vários personagens – cortando em cenas de muito suspense e quase matando o leitor de agonia. As descrições são assustadoras, nunca li nada sobre fome descrito de maneira tão realista e cruel. Eu sofria junto com os personagens e pensava se algo poderia dar certo no final.
Eu disse na primeira resenha e repito, este não é um livro para qualquer leitor. Mas, se você gosta de um livro diferente e não tem receio das cenas mais fortes é imperdível. Uma das melhores séries que estou acompanhando, só não ganhou nota máxima porque algumas partes são muito pesadas, de me fazer sentir nojo, medo e sofrer junto com eles. O autor é negativo em excesso, a máxima dele é “se algo está ruim, pode piorar” rs. Eu leio e recomendo, se este é seu perfil de livro não deixe de ler! Estou roendo as unhas pela continuação. =]
Série Gone de Michael Grant
- Gone (Título original: Gone)
- Fome (Título original: Hunger)
- Mentiras (Título original: Lies)
- Praga (Título original: Plague)
- Medo (Título original: Fear)
- Light (ainda não lançado no Brasil).
Avaliação (1 a 5):