Bumbum fake pra levar, por favor

>>  segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Faça um teste. Pare em frente a uma banca e conte quantas vezes a expressão "operação verão" salta aos seus olhos. Garanto que ao menos dez vezes. É natural a preocupação com o corpo num país como o nosso - onde a praia revela quase tudo. Perto da estação mais celebrada do ano somos bombardeadas com "conselhos" de todos os tipos.

E em cada chamada de capa ela vem em um formato diferente, é só escolher. Bumbum em forma em cinco passos ou bumbum durinho em três semanas? Tem até "bumbum empinado em uma hora, com novos métodos de cirurgia plástica". Isso mesmo, não há tempo a perder. Tanta vida pra viver e você vai perder cinco horas da semana com a bunda? Bumbum fake pra levar, por favor.

Que apelar para o bisturi virou mania nacional, todo mundo já sabe. Hoje existe cirurgia plástica para tudo. Lipo no tornozelo, implante de covinha, redução do dedo do pé, narizes novos e próteses de queixo. A nova onda é o bumbum de silicone.

A histeria coletiva que vivemos nas academias, praias e clínicas de cirurgia plástica, está fazendo surgir os tratamentos mais descabidos, as propostas mais ousadas e resultados bem duvidosos. Tudo isso é uma overdose de vaidade perigosa. Retrato de uma geração obcecada com a "beleza" e a "juventude". Que tipo de homem uma mulher quer atrair quando compra uma bunda artificial?

Eu entendo o poder de um bumbum empinado e uma barriga sequinha sobre a nossa auto-estima. Nem todos somos Dotados, como em Graceling: o dom extraordinário. Digamos que muitas de nós já tivemos dias de autocrítica exacerbada. Não estou aqui levantando a bandeira do partido "plástica never", ok?

São vários, e muitas vezes insondáveis, os motivos que levam uma pessoa a fazer uma plástica. O problema é a banalização estimulada pela massacrante cultura do perfeito. Uma preocupação excessiva com um detalhe mínimo da aparência pode esconder uma insatisfação crônica, que plástica nenhuma vai resolver sozinha.

Nossos defeitos ou as marcas que aparecem com o tempo não nos tornam menos bonitas. Ao contrário: dão graça, suavidade e naturalidade. E o principal: nos dão dignidade. Não dá para consertar tudo com cirurgia plástica. Se nem no físico, quanto mais no emocional. Melhor ter celulite na bunda, do que na alma.

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