As últimas quatro coisas - Paul Hoffman
>> quarta-feira, 9 de novembro de 2011
HOFFMAN, Paul. As últimas quatro coisas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. 304p. (As três visões, v.2). Título original: The last four things.
MORTE! JULGAMENTO! CÉU! INFERNO!
AS ÚLTIMAS QUATRO COISAS A QUAL ME APEGO!
O mundo de Paul Hoffman é regido por religiosos fervorosos; os Redentores punem com a morte todos aqueles contrários a sua fé e cultuam os ensinamentos do Redentor enforcado. Padres que são treinados mais para lutar do que para pregar, condenam a morte os infiéis pois acreditam na natureza pecadora da humanidade. No meio de tudo isto está um adolescente, Thomas Cale fora criado desde os 4 anos no Santuário dos Redentores e sua história começou a ser contada no primeiro livro desta trilogia – A mão esquerda de Deus. E hoje vou falar da aguardada continuação As últimas quatro coisas.
“De onde você acha que puxou o gênio para destruição e morte? Você mata com a mesma facilidade com que os outros respiram. Você apareceu na maior cidade do mundo e, apesar de todas as boas intenções, levou seis meses para deixá-la em ruínas. Você não atrai o desastre, você é o desastre. É o ceifador, o anjo da morte, goste ou não. p.22
Pode conter spoilers se você não leu A mão esquerda de Deus.
Thomas Cale e outros dois colegas – Henri Embromador e Kleist - fugiram do Santuário dos Redentores após Cale presenciar um assassinato grotesco, para salvar uma moça ele mesmo acaba por matar um dos redentores. Eles descobrem um mundo bem diferente da vida sofrida do santuário, longe dos castigos dos redentores acabam chegando a uma grande cidade. Mas onde está Cale, também está a morte e a destruição. Cale termina com seu coração partido, uma cidade destruída e novamente sobre as garras de Bosco.
De volta ao santuário Cale agora sabe que ele é o Anjo da morte, a Mão esquerda de Deus e a esperança do redentor Bosco para vencer a guerra contra os infiéis. Está em suas mãos deter o avanço de uma tribo inimiga e combater os inimigos de Bosco que almeja, nada mais, do que o cargo do Papa.
Agora Cale passa de foragido para líder militar, está em seu poder tudo o que ele sempre sonhou, todo o aparato militar dos Lordes Redentores e parte da influencia de Bosco. Ele precisa manipular com muito cuidado todo o poder que tem em mãos, mesmo sobre as garras do Santuário.
Enquanto isso Henri Embromador segue Cale de volta ao Santuário e Kleist prefere partir para um destino desconhecido. Mais do que seu dom para matar, Cale tem seu coração corroído pela traição; Arbell Materazzi partiu seu coração e ele só consegue pensar em vingança. Em morte. Em um cisne com o pescoço quebrado.
O que resta é saber se os redentores realmente têm controle sob Cale, o menino demonstra alguns atos de bondade e outros de crueldade estrema. Ninguém sabe qual caminho ele irá seguir. E é em Chartres – uma espécie da Vaticano – que uma importante batalha política se desenrola.
“- Eu vou mandar que façam muitas coisas que nunca fizeram antes. Se desobedecerem, serão punidos. Se desobedecerem em silêncio, serão punidos. Se reclamarem, serão punidos. E falharem, serão punidos. Se eu estive com vontade, serão punidos.” P.74
Eu adorei A mão esquerda de Deus, um livro denso, diferente, com personagens marcantes e uma trama sinistra e imperdível. Cale é um personagem que causa arrepios, um anti-herói capaz de grande atos de crueldade e mesmo assim mantém o leitor fiel a ele. Torci por Cale, odiei os redentores e mal respirei até o final. Então claro que estava muito ansiosa por esta continuação.
Ainda não sei como descrever o segundo livro, no começo parecia outro autor narrando a história... era monótona, chata e cheia de passagens maçantes onde pouco acontecia e só se discutia a doutrina dos redentores. O segundo livro perde as cenas emocionantes e a narrativa cativante.
Por outro lado é muito interessante observar o comportamento de Cale diante do poder, seu dom natural para a guerra e sua inegável coragem e falta de sentimentos. Qualquer atitude gentil que ele tem, qualquer ato de bondade é comemorado pelo leitor, o protagonista é único, sem dúvida. Temos também as histórias de Henri e de Kleist que se desenrolam em locais diferentes.
Aqui muitas coisas são explicadas, ficamos conhecendo o que tem por trás das atitudes do Redentor Bosco e o por quê de sua sede interminável de poder. A fé cega dos redentores é explorada por vários ângulos, a falta de importância pela vida humana é chocante. Podemos perceber também a grande crítica que o autor faz por trás da ficção, questionando crenças cegas e atitudes extremas por causa da religião; e claro, da sua inegável força política.
Para mim nem se compara ao primeiro livro, me decepcionei um pouco, talvez porque tivesse grandes expectativas para a continuação. Quem leu me conte se gostou, eu continuo recomendando a trilogia, pois o livro é muito diferente do comum e a narrativa e a trama são muito interessantes.
Trilogia As três visões de Paul Hoffman
In: http://www.lefthandofgodtrilogy.com
In: http://www.lefthandofgodtrilogy.com
- A mão esquerda de Deus (Título original: The left hand of God)
- As últimas quatro coisas (Título original: The last four things)
- Ainda sem título definido.
Avaliação (1 a 5):