A lição de Chico
>> segunda-feira, 11 de julho de 2011
Um dos assuntos mais comentados da última semana foi o vídeo de Chico Buarque, que está em processo de divulgação de seu novo disco. Nele, o compositor conta que, por curiosidade, resolveu ler os comentários da internet sobre ele e aí descobriu, ao contrário do que pensava, que é odiado. Na rede, é chamado de velho, ultrapassado, bêbado. E sabe o que ele faz? Ri. E ri muito. Ri gostoso.
Gente, tem como não amar esse Chico? Aderi. A gargalhada incendeia, contamina, ilumina. Quando compartilhada por mais de uma pessoa,contagia, vira ímã, atrai. Vira luz, se acende e propaga no espaço. A gargalhada é revolucionária. A mesma risada gostosa que provoca Nove minutos com Blanda, da brasileira Fernanda França.
Por exemplo, o carro pifou às 18 horas de sexta-feira na avenida mais movimentada da cidade. O que fiz? Tive uma crise de riso. O salto quebrou no exato momento em que entrei na sala de reunião. Onde botei a vontade de jogar o sapato pela janela? Guardei no fundinho do peito e cai na gargalhada. Uma amiga se esqueceu de desmarcar o encontro e me deixou sozinha no restaurante combinado, com cara de tacho. Tcharãm: pedi um chope e brindei ao Chico.
Muita gente não sabe o valor de uma boa gargalhada. Em tempos de trânsito caótico, de disputas conjugais e extraconjugais, em tempos de mesquinharias, gentilezas escassas, valores corrompidos e ambições sem limite, o sorriso sincero nos marca com a sua ausência.
Perdemos o sono, a paciência, a razão. O estresse e a tensão imperam, as horas são curtas. Mas um belo dia a gente acorda e decide mudar o mundo. O nosso mundo. Respira fundo e dá uma boa gargalhada. Não se pode esperar pelos momentos engraçados na vida para rir. Este é o segredo: rir sem motivo. Dizem que uma vez aprendida a técnica, uma pessoa pode ter crises de riso até em funerais.