Entrevista - Fernanda França
>> quinta-feira, 28 de julho de 2011
Com um chick-lit brasileiro muito divertido e personagens que nos remetem aos contos de fadas modernos, a escritora e jornalista Fernanda França fala principalmente sobre a busca do amor verdadeiro. “Acredito que a Blanda é um pouco de muitas mulheres que, mesmo buscando um bom emprego e aprendendo que é possível ser feliz sozinha (acho que a maior lição que ela aprende), sempre se questiona sobre o amor.”
No romance Nove minutos com Blanda ela mostra uma mulher moderna e independente, que deseja se realizar em sua carreira e também no amor. Para ela, Blanda é um ótimo exemplo para pensarmos sobre nossa vida e o que estamos fazendo com ela. “Por que muitas pessoas aceitam estar em um relacionamento sem amor?” Já pensou em quantas de nós estamos com um sapo só para não ficar sem príncipe?
Nesta entrevista ao blog Viagem Literária, ela fala de amor, de contos de fadas, do mercado editorial brasileiro, e novos projetos e de como a profissão de jornalista influenciou na escrita gostosa, sem rodeiros ou excessos, do seu primeiro livro.
Fer, você é jornalista, pós-graduada na área e trabalha neste meio há bastante tempo. Você acha que todo jornalista é formado para escrever ficção? Ou o talento parar criar é diferente do talento para escrever e é algo que não se aprende na Escola?
Fernanda - Nanda, em primeiro lugar, obrigada pelo carinho com meu trabalho e um abraço enorme a todos os leitores e leitoras do seu blog. Adorei os comentários na resenha e quero agradecer cada um pelas palavras! :-)
A formação como jornalista com certeza me ajuda como escritora, mas não creio que todo jornalista seja formado para escrever ficção, não, muito pelo contrário. Quando digo que a formação me ajuda é no aspecto da disciplina da escrita, da revisão (como repórter eu revisava muitas vezes cada matéria que escrevia) e a preocupação com a linguagem correta. Muita gente acha que para ser escritor não é necessário escrever bem, que isso “é papel de revisor”, mas discordo. Acho que o revisor é essencial, mas gostar do idioma e saber escrevê-lo corretamente é um grande passo para que sua história seja entendida por todos.
No caso do jornalista, ele escreve fatos. A estrutura do texto é outra, há entrevistas, o tempo para escrever o material é bem menor. É completamente diferente de ficção, aliás, o oposto, já que o escritor tem a liberdade de criar fatos e pessoas, o impensável no jornalismo. Acho que o talento para escrever não se aprende em escola, a pessoa “nasce escritora”, mas o que se aprende é como trabalhar melhor um texto. Escrever exige dedicação.
Apesar de escrever desde pequena, Nove minutos com Blanda é seu primeiro romance publicado. Como foi a construção desta história até chegar à publicação?
Fernanda - Eu já havia escrito dois livros infantis quando comecei a escrever Nove Minutos com Blanda. Já havia escrito também vários contos, todos no estilo “comédia romântica”. Quando comecei a escrever a história de Blanda, achei que seria um conto, mas ele ficou imenso e logo percebi que se tratava de um romance! :-)
O gênero chick-lit vem crescendo no Brasil e é muito apreciado pelo público feminino. Nove minutos com Blanda começou sendo um chick-lit ou foi algo que você percebeu depois? Você pretende seguir neste gênero em seus próximos livros?
Fernanda - Eu só descobri a palavra chick-lit depois que o livro havia sido publicado! (risos). Nunca pensei em escrever determinado gênero por causa de moda ou qualquer outro motivo. Eu gosto de verdade de escrever romances com comédia (ou comédias com romances), tanto que prefiro chamar de comédia romântica. Meu próximo livro segue o mesmo estilo e o seguinte, sua continuação, também. Mas nada me impede de escrever outros gêneros. Como escritora, estou aberta para todos os textos.
"Nove Minutos com Blanda" é um livro escrito de forma bem simples, sem rodeiros ou excessos. Simplificar é a melhor forma, na escrita e nas relações humanas?
Fernanda - Talvez a escrita sem rodeios ou excessos seja uma lembrança da Fernanda jornalista! (risos). Acho que simplificar é uma ótima saída, sim, para tudo na vida. Mesmo no próximo livro, que é um pouco maior e com mais detalhes (já que a personagem passa por mais de 30 cidades, então o cenário é um pouco mais complexo), acredito que mantive a escrita simples. Quero que os leitores se identifiquem com as histórias.
O que há de Blanda na Fernanda França?
Fernanda - Eu não gosto de acordar cedo como a Blanda (risos!!!), mas ela tem uma personalidade própria. Não gosta de brilhos como sua mãe e eu adoro brilho em tudo, se pudesse seria uma árvore de Natal ambulante!
De uma forma geral, podemos dizer que Blanda é a representação de uma geração que deseja se encontrar num bom emprego, numa boa formação, e de certa forma posterga as questões amorosas?
Fernanda - Acredito que a Blanda é um pouco de muitas mulheres que, mesmo buscando um bom emprego e aprendendo que é possível ser feliz sozinha (acho que a maior lição que ela aprende), sempre se questiona sobre o amor. É o que a Blanda faz desde o começo do livro, pensando sobre o que é o amor de verdade (o que seria, já que ela não acredita em histórias de cinema até que vive uma). Não acho que ela deixa as questões amorosas para depois, mas simplesmente não encontrou o amor da sua vida.
E entre essa intensa busca de colocação e afirmação profissional, principalmente pelas mulheres, é valido se relacionar com um alguém não tão perfeito, assim como fez Blanda ao lado de Max, já que o tal 'homem dos sonhos' não aparece?
Fernanda - É válido se relacionar com quem te faz feliz. Perfeitos não somos e vale pensar “se eu não sou perfeita, como vou exigir um companheiro perfeito?”. Ninguém é perfeito! Mas não é válido se relacionar com alguém só para não estar sozinha. Precisamos nos amar para entender que só poderemos ser felizes com outra pessoa se somos plenamente felizes em nossa própria companhia. Mas a história de Blanda é um ótimo exemplo para pensarmos sobre nossa vida e o que estamos fazendo com ela. Por que muitas pessoas aceitam estar em um relacionamento sem amor?
Príncipes existem ou é necessário que cada um de nós busque encontrar o príncipe dentro do sapo? (rs)
Fernanda - Não existem príncipes nem princesas, mas pessoas maravilhosas. Acho que existe a pessoa certa para cada um, isso sim. O que não significa que é uma pessoa perfeita, mas aquela que te faz feliz. Aquela que faz seu coração bater mais forte, que transforma a sua vida para melhor, te apóia e está ao seu lado em todos os momentos. Eu acredito no amor! :-)
Blanda tem personagens bem marcantes, a mocinha, o namorado ogro, a vizinha meio fada madrinha, o príncipe, a bruxa má rs. Ao ler me pareceu um conto de fadas adaptado, isto foi intencional ou foi apenas uma impressão pessoal?
Fernanda - Eu achei linda essa impressão! Acho que foi sem intenção. Enquanto escrevia, só pensava em cinema, na verdade, já que Blanda sempre comenta que não acredita em histórias de cinema, ou seja, aquelas com finais felizes. Ainda imagino Blanda sendo adaptada para a telona, é um sonho que quero ver acontecer. Mas acho que Blanda é isso mesmo, um conto de fadas moderno, é o que percebi quando ele estava pronto e precisávamos escrever o release. Então surgiu essa expressão: “conto de fadas moderno”.
O que você pode nos adiantar sobre seu próximo livro? Conte um pouco sobre a trama e o processo de lançamento.
Fernanda - Muito ainda é segredo (risos), mas posso adiantar que é uma comédia romântica narrada pela protagonista Melissa, uma jornalista que se descobre mochileira. Ela nos leva a várias cidades e um dos pontos principais do livro é a busca pelos sonhos. E, claro, há histórias de amizades e romance! :-)
Nove minutos com Blanda está tendo o retorno que você esperava? Como está o processo de venda, divulgação e retorno dos leitores? A Leila já falou sobre isso por aqui, mas fale um pouco também sobre o Novas Letras.
Fernanda - Nove Minutos com Blanda é a maior surpresa da minha vida. Eu batalhei, trabalhei e nunca desisti, mas o retorno dos leitores é muito importante para o processo continuar. Na Bienal de São Paulo, em 2010, eu percebi que o livro já tinha chegado a muito mais pessoas do que eu poderia imaginar. Até hoje eu me surpreendo com leitores me escrevendo e-mails ou recadinhos no Twitter dizendo que adoraram o livro, porque sei da batalha que foi levá-lo ao público. Quero agradecer aos leitores e blogueiros e blogueiras pelo carinho com a literatura nacional. Vocês estão ajudando a mudar o cenário dos livros nesse país!
O Novas Letras é um grupo de jovens escritores em turnê pelo Brasil. Estamos há mais de um ano na estrada, buscando divulgar a literatura nacional para os brasileiros, com o objetivo de mostrar que livros nacionais são bons, sim, e que merecem mais espaço nas prateleiras das livrarias e dos leitores. Somos eu, Enderson Rafael, Leila Rego, Patrícia Barboza e Tammy Luciano, com a assessoria de Bruno Borges. Sei que o Novas Letras está fazendo história na literatura nacional e ficamos muito felizes quando vemos novos grupos surgindo inspirados no Novas Letras. É o que queremos, inspirar pessoas, levar os brasileiros a acreditarem mais nos livros do próprio país, mudar as estantes das livrarias e levar os livros nacionais aos destaques que merecem.
Um breve bate-papo:
Quando escrevo, sou plenamente feliz.
O que me inspira A vida.
No meu tempo livre Eu leio, viajo, brinco com meus gatos, assisto a filmes e saio com meu marido e amigos. Eu também escrevo no meu tempo livre, acredite se quiser!
Não saio de casa sem Óculos ou lentes de contato de grau, senão não enxergo nada (risos).
Estou lendo Na verdade, estou relendo o livro Almas Gêmeas do meu amigo e escritor Yair Alon.
Meu livro de cabeceira é sempre uma pilha dos que estou lendo naquele momento.
Sou fã de bom humor :-)
Não gosto de gente mentirosa, gente falsa, gente que pisa nos outros para conseguir o que quer e... cigarro (eca!).
Meu maior sonho é, em caráter pessoal, ter meus livros publicados em vários países, principalmente Portugal e Itália por causa da ascendência e do amor que tenho por esses países (mas também em outros lugares!), além de ver os livros adaptados para o cinema. Para a humanidade, eu sonho com o dia em que o preconceito acabe, qualquer preconceito.
Não viveria sem minha família, meus amigos e fé.
Estou à procura de aprendizado, sempre.
Um livro nacional que eu li e gostei Adoro A Máquina, da Adriana Falcão, e todos os livros dos meus amigos do Novas Letras!
Meu personagem preferido é Cebolinha e Magali (da Turma da Mônica) e Hermione e Snape (do Harry Potter). Mas minha personagem do coração é a Blanda, minha primeira protagonista publicada.
Nove minutos com Blanda é para mim o início da minha segunda carreira, pela qual sou apaixonada!
Uma frase “Em algum lugar do mundo, que é grande demais, eu sabia que existia uma pessoa para cada outra. E que amar é possível” (Nove Minutos com Blanda).
Fer quero agradecer novamente pela entrevista e pela oportunidade de conhecer sobre você e seu livro. Quer deixar alguma mensagem aos leitores do blog?
Fernanda - Quero agradecer o apoio e carinho de todas as leitoras e leitores. Muito obrigada, vocês me dão energia para querer escrever sempre mais. Obrigada, Nanda, pela entrevista e pela oportunidade de ser a autora do mês no seu site. Amei! Quero dizer que será um prazer imenso conhecer os leitores aqui do blog e que sempre respondo a todos pessoalmente, é uma alegria. Meus contatos são:
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Para comprar o livro Nove Minutos com Blanda autografado, embalado para presente com muito amor e diretamente com a autora: http://fernandafranca.com.br/livros/
Alegrias!!!
Fernanda França.
Fernanda França é o autora nacional do mês de julho no Viagem Literária. Se você ainda não conhece o trabalho da autora confira a resenha e participe da promoção que fica no ar até dia 30.07.2011 (sábado) e concorra a 1 exemplar de Nove minutos com Blanda.