Entrevista - Jones V. Gonçalves
>> quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Escrever uma antologia parece tão complexo, que é difícil acreditar que possa começar com uma brincadeira. Pois foi assim que começou a carreira de escritor de Jones Gonçalves, que descobriu este talento com 12 anos, enquanto criava histórias de RPG. Talvez esse seja o segredo do sucesso de D.E.I.S, com suas múltiplas histórias que nos levam para um mesmo caminho.
Que esse seja de fato, como ele mesmo diz nesta entrevista “o primeiro passo de um grande sonho, que ainda vai se realizar”. Nós, leitores, esperamos ansiosos.
Nesta entrevista exclusiva ao Viagem Literária ele nos fala de seus futuros projetos, da continuação do livro e do game baseado em um dos contos.
Boa leitura!
Para começar conte um pouco para os leitores sobre a sua carreira de escritor, quando e como começou a escrever e sua carreira profissional.
Jones V. Gonçalves - Bom, em 1992 comecei a jogar RPG, sempre como mestre, com 12 anos já era bom em criar histórias, elas pipocavam na mente e eu as transformava em aventuras, dez anos depois acabei parando com o jogo por um tempo, mas as historias continuavam a encher minha mente, precisava de uma válvula de escape, foi ai que um amigo (Marcio Baptista) me disse que estava escrevendo. Pensei e por que não, ali escrevi meu primeiro conto chamado o fim das aventuras de Noah. Depois disso descobri os fóruns, a Rede RPG, o fórum da Editora Jambo e passei a postar contos lá, fui convidado pra e-zine União do Vapor, ai em 2009 descobri o Nerd Escritor, devo muito ao Jaime Valério (Gunslinger), pois foi através de um post dele sobre a antologia pacto de monstros que decidi enviar um trabalho meu, a Mônica e a Rubia (Organizadoras) gostaram e publicaram o conto, ai de lá pra cá são duas antologias e o D.E.I.S.
Como foi que surgiu D.E.I.S.? Você já começou escrevendo o projeto do livro ou os contos foram surgindo separadamente?
Jones V. Gonçalves - Depois que publiquei na e-zine da União eu gostei da idéia de uma revista digital, tinha uma fãfiction de Tormenta que usei como teste, diagramei ela toda e pedi uns desenhos pra dois de meus amigos, um deles o Emanuel Braga, o cara desenha muito, lancei na rede e o pessoal gostou, então me veio a idéia de uma revista de contos, o pessoal escreveria contos sobre algo e eu diagramaria e disponibilizaria para download, só não sabia sobre o que escreveríamos, então surgiu a idéia inicial do D.E.I.S., escrevi os três primeiros contos e lancei a idéia nos fóruns, isso no inicio, ou no meio de 2008, não lembro ao certo.
Só lembro que ninguém quis participar, então o primeiro número nunca saiu. Ai em 2009 conversei com o Jaime e lancei a idéia no Nerd Escritor, o pessoal gostou, assim surgiu o D.E.I.S. Brasília do meu grande amigo e ídolo Vitor Vitali (Os textos deste guri são de arrepiar), o D.E.I.S. São Paulo do maior colobarador do D.E.I.S., o cara que depois de mim foi quem mais escreveu histórias do departamento, Felipe Ferraz, e o Colibri, D.E.I.S.(Ou quase D.E.I.S., por que o autor pegou a idéia) Portugal de Atmard, um gênio que promete e muito, o garoto tem 13 ou 14 anos e arrasa. Então a partir daí o projeto tomou forma, e as idéias surgiram, voltei a escrever sobre o departamento e a linha principal do livro apareceu.
Só lembro que ninguém quis participar, então o primeiro número nunca saiu. Ai em 2009 conversei com o Jaime e lancei a idéia no Nerd Escritor, o pessoal gostou, assim surgiu o D.E.I.S. Brasília do meu grande amigo e ídolo Vitor Vitali (Os textos deste guri são de arrepiar), o D.E.I.S. São Paulo do maior colobarador do D.E.I.S., o cara que depois de mim foi quem mais escreveu histórias do departamento, Felipe Ferraz, e o Colibri, D.E.I.S.(Ou quase D.E.I.S., por que o autor pegou a idéia) Portugal de Atmard, um gênio que promete e muito, o garoto tem 13 ou 14 anos e arrasa. Então a partir daí o projeto tomou forma, e as idéias surgiram, voltei a escrever sobre o departamento e a linha principal do livro apareceu.
Um dos fatores que gostei muito no livro foi que D.E.I.S. apesar de ser um livro com várias histórias diferentes, ele tem uma trama central e um final e para mim é bem melhor do que um livro de contos isolados. Fale um pouco sobre a estrutura do livro.
Jones V. Gonçalves - Certo, eu sempre gostei de seriados, principalmente daqueles que você para conhecer melhor os personagens precisa ver um episódio atrás do outro, mas também se quiser apenas se distrair pode olhá-los separadamente sem se perder muito na história como em CSI, por exemplo, você pode olhar episódios separados que são casos separados, mas nunca vai entender o relacionamento entre a equipe se não acompanhar o enredo da temporada. Então pensei em fazer algo parecido com o D.E.I.S., penso neste primeiro livro como a primeira temporada de um seriado. Tem pontas soltas que serão amarradas mais tarde, tem o relacionamento entre os policiais do departamento que serão explorados e muito mais. Então para fazer isso escrevo um tema principal e trabalho ele durante os dezesseis contos do livro, neste primeiro como pode ser percebido na degustação que tem no site do projeto, é sobre a vinda de um diabo a terra. No segundo começo a amarrar as pontas soltas e tenho tema para dois outros livros.
As histórias de D.E.I.S. abordam vários seres sobrenaturais diferentes, daqueles que assustam na hora de dormir. Então me diga, você acredita no sobrenatural?
Jones V. Gonçalves - Esta pergunta me lembra uma frase acho que do Chapolin, ou do pica-pau. “Não acredito em bruxas, mas que elas existem, elas existem!”, sério, acredito que há muitas coisas que não conseguimos explicar, mas que não necessariamente sejam sobrenaturais, enquanto não presenciar algo do gênero vou ficar como São Tomé, só acredito vendo.
Você é fã de séries, filmes e livros de terror? Quando você escreve normalmente é abordando este assunto ou tem outros projetos totalmente diferentes? Fale um pouco sobre seus próximos projetos literários.
Jones V. Gonçalves - Eu comecei com fantasia, o gênero terror só me veio depois de ler André Vianco, mesmo já tendo lido Lovecraft, Alan Poe e King, sempre pensei que histórias do cotidiano fantástico não se encaixavam com a nossa realidade, escrever sobre vampiros em São Paulo , nunca, então veio este cara e me abriu os olhos. Quanto aos novos projetos estou com um livro pronto de Fantasia heróica, não será de contos, mas sim uma história com inicio, meio e fim que já conta com 180 pgs de word, o que em livro deve chegar as 300 pgs. O projeto do segundo livro do D.E.I.S. está de vento em popa, tenho quatro capítulos de um outro projeto de fantasia medieval escritos, os rascunhos de um policial, e o que for surgindo vou rascunhando.
Um dos contos do livro “Os cães da Sra. Adelaide” irá virar game, conte um pouco sobre o projeto, como surgiu e sua expectativa em relação ao jogo.
Jones V. Gonçalves - O projeto surgiu de uma maneira inusitada, eu estava dentro do Ônibus que vai pra Unisinos (onde faço a graduação em Jogos Digitais ) e um dos meus professores ia conversando comigo, o prof. João Bittencourt, ele disse que vinha com a idéia de fazer um jogo baseado em um conto, havia lido alguns por ai e não tinha encontrado nada adaptável, até ai tudo bem, foi só quando ele disse que leu o Cães da sra Adelaide e teve vontade de fazer um game do conto que a ficha caiu, ali já firmamos parceria e começamos a trabalhar em cima do projeto. O que eu espero do jogo é que seja um sucesso, tivemos ótimas idéias que estamos implementando, e com certeza este será um piloto e tanto para a série que queremos lançar de jogos pequenos baseados no departamento.
Na sua opinião como está o mercado brasileiro de publicação? Como foi o processo para conseguir uma Editora para D.E.I.S.? O retorno foi o que você esperava?
Jones V. Gonçalves - Certo, pra publicar o D.E.I.S. foi um caminho fácil, afinal eu já tinha publicado com a Multifoco, agradeço imensamente a eles por me colocarem no mercado, porém o retorno ainda não é o que eu esperava, poderia ser muito melhor, já que vejo muitas pessoas falando que querem o D.E.I.S., que procuram o livro em várias livrarias, mas não o encontram, essa foi a minha decepção até agora com o mercado editorial, a falta de aposta das livrarias em ter autores nacionais em suas prateleiras. Ontem mesmo fui até a maior de Gravataí procurar livros da Martha Argel, Giulia Moon, André Vianco e não encontrei, nem mesmo A Batalha do Apocalipse do Eduardo Spohr, apenas os clássicos, fui pra prateleira dos internacionais e ali encontrei o Dragões de Ether, no meio dos internacionais, já das sagas importadas estava cheio, essa é a minha decepção, a falta de títulos nacionais nas prateleiras das livrarias.
O que você falaria se estivesse voltando para a casa andando a noite e encontrasse os cães da Sra. Adelaide? xD
Jones V. Gonçalves - Eu não falaria nada, simplesmente sairia correndo o máximo que pudesse he he he. E gritando de preferência que nem um louco alucinado he he he. Ou teria um ataque ali mesmo e morreria.
Uma coisa que senti falta durante a leitura, foi de saber um pouco mais sobre os personagens, tanto de suas histórias de vida quando do psicológico de cada um. Você pretende abordar a vida dos personagens principais nos próximos contos?
Jones V. Gonçalves - Pois é, esse é o feedback que o pessoal mais me dá, “Queria saber mais sobre os agentes”, eu pretendo sim abordar isso no próximo livro, seria louco se não o fizesse. E também é uma maneira de aperfeiçoar a minha escrita já tenho alguns contos prontos e acho que tenho tido sucesso nesta parte.
Como está o retorno dos leitores sobre D.E.I.S? E para você qual a importância da blogosfera neste processo?
Jones V. Gonçalves - O retorno esta excelente, até agora não teve ainda quem lesse o D.E.I.S. e dissesse: “Eu não gostei!”, pelo contrário, o pessoal reclama do livro ser pequeno que queria ler mais casos naquelas paginas; outra coisa que deve mudar no próximo livro, já que temos muito mais detalhes nos contos e que estes estão cada vez maiores. Quanto a Blogosfera só tenho a dizer que meu trabalho não seria conhecido se não fosse por vocês, então só tenho a agradecer e muito a esse pessoal, ou seja, a importância é total!
Um breve bate-papo:
Quando escrevo gosto de ouvir musica que tenha a ver com o tema que estou escrevendo.
O que me inspira musica, textos diversos, e situações em que estou parado sem fazer nada, nestes momentos a mente voa longe.
No meu tempo livre fico com meus filhos e esposa, gosto de acompanhar o crescimento deles e fazer parte disso.
Não saio de casa sem minha mochila! Tudo o que preciso carrego ali dentro, livros, cadernos, carteira, caneta, celular ta tudo ali!
Estou lendo A Jornada do Escritor e o Herói de Mil faces. Dois livros que recomendo a todos os escritores sejam amadores ou profissionais.
Meu livro de cabeceira é Miyamoto Musashi de Eiji Yoshikawa, são dois volumes com muitas, muitas páginas com a história romanceada deste grande samurai, com muita filosofia, aventura e um romance contido que se torna a maior batalha interior do personagem.
Sou fã de boas histórias, se a história é boa e me prende me torno fã!
Não gosto de Crepúsculo??? Brincadeirinha, eu não gosto de sopa! Sinceramente falando. Ta bom, ta bom, não gosto de ver pessoas passando dificuldades, não consigo ficar omisso quanto a isso, sou um tremendo coração mole.
Meu maior sonho é A paz mundial! Ta chega de brincadeira he he he, Viver o suficiente para escrever todas as histórias que quero escrever e olha que são muitas.
Não viveria sem meus filhos, estes são tudo pra mim. Posso até ficar afastado deles, mas não sem eles.
Estou a procura de momentos felizes, não da felicidade absoluta, por que esta não existe, mas sim dos momentos felizes que podem ser lembrados nos momentos difíceis.
Meu personagem preferido é Drizzt D’Urden, o elfo negro que rejeitou o seu povo malévolo por natureza para viver entre os povos livres, mesmo que sob o racismo existente no mundo, um grande herói.
D.E.I.S. é para mim O primeiro passo de um grande sonho, que ainda vai se realizar.
Uma frase “Evite acidentes, faça de propósito!” Eu sei que a frase é meio que comédia, mas reflita a respeito e você vai achar diversos significados, pra mim quer dizer que nada é por acaso, tudo são escolhas!
Quero agradecer novamente pela entrevista. Deixe uma mensagem aos leitores do blog, contato, divulgação do livro, fique a vontade. J
Jones V. Gonçalves - Bom pessoal, gostaria de agradecer o carinho da Nanda (A menina das balas de cachaça, sim este apelido pegou na Bienal) e a atenção de todos que continuaram até aqui, e dizer pra nunca desistir, se não deu certo agora continuem tentando que um dia dará certo.
E de merchan vamos lá me sigam no twitter @jones_alef não que eu fale muitas coisas interessantes, mas sempre levanto a bola pra alguma discussão, se quiserem acompanhar a trajetória do projeto D.E.I.S. entrem no site www.projetodeis.com.br , lá tem todas as novidades e muito mais material a respeito do projeto. Acho que era isso, quebra costela nos guris e beijo nas gurias, buenas e até mais!
É isso ai pessoal, espero que tenham gostado da entrevista e aproveitem para participar da promoção que vai até sábado e concorram a 2 exemplares de D.E.I.S. E não esqueçam da promoção cultural, façam as suas frases e participem.