Entrevista - Laura Elias
>> quarta-feira, 25 de agosto de 2010
É possível inovar no mercado editorial, mesmo transitando em temas já bastante explorados pelas editoras? A escritora Laura Elias provou que sim, ao levar ao público nacional a obra Crepúsculo Vermelho, que apesar do título e do tema ‘vampiros’ segue caminhos totalmente diferentes da saga Crepúsculo.
Autora de livros de sucesso há muitos anos – embora em muitos dos quais tenha assinado com pseudônimos – Laura Elias garante que “há vida além dos modismos” e diz acreditar que sua obra vá durar “além da moda, por ter uma história foge do habitual”.
Nessa entrevista exclusiva ao Viagem Literária, ela comenta a importância da musica no seu processo criativo, fala sobre o início de sua carreira como escritora, e conta que criou os personagens do livro Tristin Mckey e o Mistério do Dragão Dourado pensando em seus filhos. Também revela que está trabalhando em dois novos projetos – uma história de fantasmas e outra de ficção científica.
Boa leitura!
Você sempre sonhou em ser uma escritora? Fale um pouco da sua experiência como autora e do processo de publicação.
Laura Elias - Sempre amei livros e tive muito jeito para escrever, mas nunca pensei que me tornaria escritora, foi algo que simplesmente aconteceu na minha vida sem que eu tivesse planejado. Escrevi algum tempo para a Revista UFO e foi através da indicação do editor da revista que cheguei à Mythos. Isso aconteceu em 2005 e de lá para cá já foram 35 livros.
Diferentemente da maioria dos autores, eu não escrevi e fui atrás de editora, foi a editora que veio até mim, por assim dizer. Eles estavam procurando um autor para lançar uma linha de romances femininos e estavam encontrando dificuldades para conseguir uma pessoa que entendesse exatamente o que eles tinham em mente. Fiz um livro, apenas como teste, e ele foi aprovado e publicado. Durante dois anos escrevi 32 ou 33 livros, nem todos publicados. Mês passado eu soube que alguns textos inéditos estão sendo preparados para publicação, então tem mais novidades a caminho.
Vi que você publicou vários livros antes desta série, alguns assinados por pseudônimos. Este é seu primeiro romance sobrenatural? Como foi mergulhar no mundo dos vampiros e quais autores do estilo a influenciaram?
Laura Elias - Este é meu primeiro livro sobre vampiros, mas não sobre o fantástico. Ao contrário, a maioria dos meus textos mexe com o sobrenatural. Alguns mais, outros menos, mas sempre há um toque diferentes neles.
Mergulhar no universo sangrento e sombrio das histórias de vampiros me fez querer sair dele o máximo possivel (risos). Optei por uma história mais moderna, mais antenada e mais de acordo com o século 21, então tirei do texto as cruzes, a prata e a água-benta, e introduzi conceitos de genética, mistura de raças, hibridização e coisas afins. E muita música. Eu queria que ao ler o livro a pessoa conseguisse se identificar com o sentimento e com as angústias dos personagens, e parece que consegui.
Por mais incrível que pareça, os únicos livros de vampiros que li foram os da saga Crepúsculo, porque não queria escrever nada parecido com a série. Embora a editora tenha insistido em colocar títulos parecidos, o texto é diferente e segue por outros caminhos.
Quando falamos sobre os livros normalmente perguntamos sempre sobre influências literárias, mas percebi que sua saga tem também uma grande influência musical, certo? Fale um pouco sobre a ligação da música com a obra, as letras românticas serviram de inspiração...
Laura Elias - Eu amo música. Assim como a personagem, não fico sem, de jeito nenhum. Todos os livros que escrevo são criados com algum tipo de trilha musical ao fundo, embora eu não cite isso no texto. Neste, em particular, decidi fazer da música mais um personagem. Na minha concepção, a música atapeta as cenas, deixa tudo mais profundo e agradável ao mesmo tempo. Busquei canções cujas letras fossem pertinentes ao momento dos personagens e da trama. Algumas são românticas, outras são pesadas. Foi também uma maneira de homenagear bandas e cantores de quem eu gosto e que sempre ouço.
Você acredita que o mercado está estafado com o tema vampiros? É um tema que fascina e virou febre entre os jovens e com isso estão sendo lançadas diversas séries. Isso ajuda ou atrapalha Red Kings?
Laura Elias - Nós vivemos a época do modismo e isso não apenas na literatura, ele está em tudo, da moda ao cinema, das expressões de liguagem aos conceitos sociais. Não que eu tenha algo contra isso, mas cansa. Acaba esgotando tanto os temas, que ninguém aguenta mais ouvir falar neles. O que aconteceu com os vampiros não foi diferente, porém não se pode esquecer que há vida além dos modismos e que livros e filmes sobre e com vampiros sempre foram um imã para o imaginário humano. Não acho que vá passar, acho que vai normalizar. Quanto ao Red, não sei lhe dizer o quanto isso ajuda ou atrapalha, só o tempo vai responder a essa pergunta. Como minha história foge do habitual, creio que ela vai durar além da moda. Ao menos eu espero que sim (risos).
Crepúsculo Vermelho e Lua Negra são cheios de ação, muitos personagens interessantes e várias histórias entrelaçadas, o que cria uma grande expectativa para o próximo livro. Você pode adiantar algo sobre ele? Já tem previsão de lançamento?
Laura Elias - Ele ainda nem terminou (risos). Ainda estou escrevendo. Não sei quando será lançado, mas creio que deve acontecer no começo do ano que vem. O que posso adiantar é que a verdade sobre Megan virá à tona e alguns personagens vão mostrar sua verdadeira face. Ando muito tentada a mudar o fim da história e criar algo totalmente imprevisível, mas não creio que a editora vá gostar muito, então estou pensando em fazer um final alternativo e publicá-lo depois de alguns meses do lançamento do livro.
Crepúsculo Vermelho foi muito elogiado nas resenhas publicadas nos blogs, no skoob, etc. Como você se sente em relação ao sucesso da trama? Você já tem outros projetos em andamento? Se sim, também no mundo sobrenatural?
Laura Elias - Olha, Fernanda, os elogios ao livro me enchem de satisfação. Eu demorei para aceitar o projeto, não queria fazer esses livros de jeito nenhum, demorei para ter uma idéia bacana, enfim, foi tudo muito confuso pra mim. Quando criei os rovdyr, misturei isso com rock’n’roll e coloquei as tradicionais histórias de vampiros em segundo plano, a editora não gostou muito, então a aposta foi minha mesmo. Eu queria fazer uma coisa diferente, criar uma mitologia, explicar o porquê de tudo, sair do convencional. Deu certo! O pessoal curtiu e o livro acabou tornando meu nome conhecido. Eu só posso estar feliz. E de quebra conheci muita gente bacana, que adora ler e que acabou me dando toques e sugestões bem legais para a trama. Virou um livro participativo (risos).
Quanto a novos projetos, estou com algumas ideias cozinhando na cabeça sobre uma história de fantasmas e outra de ficção científica, bem ficção mesmo. Vamos ver o que rola.
As semelhanças no título, o triângulo amoroso e o tema voltado para adolescentes fizeram com que muitas pessoas comparassem a série com Twilight. Quem leu o livro sabe que são bem diferentes, como, por exemplo, a criação dos rovdryrs. Foi difícil fugir do “comum” quando se trata de vampiros?
Laura Elias - Deu trabalho. O que faz o povo achar que os livros são semelhantes, são títulos. Não gostei deles. O texto tem qualidade suficiente para não precisar deste tipo de gancho, mas a editora insistiu. Como eu já tinha batido o pé em outras coisas, acabei concordando com eles.
Só consegui fugir das repetições quando parei de ver os vampiros pelo lado mitológico e fantasioso e passei a vê-los por um viés mais científico. A ideía veio de um documentário que eu estava vendo no Discovery sobre espécies desconhecidas que foram descobertas por uma equipe de biólogos na Amazônia equatoriana. Mudei o foco e pensei: e se os vampiros fossem apenas uma raça real, porém desconhecida? Depois disso, o texto fluiu redondo.
Fale um pouco de alguns dos seus outros livros publicados. Me interessei muito por Tristin Mckey e o Mistério do Dragão Dourado – o que pode contar sobre a trama?
Laura Elias - Tristin é um livro para crianças de 10 a 12 anos, que conta a história de uma menina que descobre que veio de outro lugar para morar entre nós. Ela acaba fazendo novas amizades e vivendo muitas aventuras, porque o lugar de onde veio – Antares – está passando por um momento terrível, dominado por uma criatura cruel e muito poderosa. O livro é uma brincadeira, que mexe com vários conceitos de realidade e tem coisas muito legais. Particularmente gosto muito deste livro, já que tanto a Tristin, quanto seu irmão mais novo foram baseados em meus dois filhos. O livro acabou virando peça de teatro e nós fizemos várias apresentações dele nas lojas da Livraria da Vila, foi bem legal.
Sobre os outros livros, gosto muito do Pacto Eterno, que é uma história de fantasmas meio para o terror, e do Sendas do Tempo, onde o perosnagem se apaixona por um quadro de uma mulher e fica louco para voltar no tempo e encontrá-la.
Uma rapidinha:
- Um livro? Tem vários, mas vou citar a série Os Reis Malditos, de Maurice Druon
- Um(a) autor(a)? Isaac Asimov.
- Um filme? Matrix e Mr. Smith Goes to Washington – não lembro o nome em português, mas é um filme dos anos 30 muito bom, que mostra os bastidores da política. Excelente.
- Um personagem sobrenatural? Lancelot, o Cavaleiro do Lago, das Brumas de Avalon.
- Qual ator você escolheria para interpretar Bill Stone? Esse é dificil! Amo o Johnny Depp, mas acho que não ficaria legal com ele. Tinha que ser o Adam Lambert, mas aí ele não poderia ser gay (risos).
- Uma pessoa? Albert Einstein.
- Uma frase? Quanto mais aprendo, mais vejo o tamanho da minha ignorância.
- Se Red Kings tivesse um tema musical, qual seria? Acho que seria o que está no livro. As músicas são um mosaico, mas se eu tivesse que escolher uma banda para fazer a trilha, escolheria Pink Floyd ou Metallica.
Laura, gostaria de agradecer pela entrevista e parabenizar pelo belo trabalho. Quer deixar alguma mensagem aos leitores do blog? Seus contatos e onde comprar seu livro?
Laura Elias – Fernanda, eu agradeço a oportunidade e a sua simpatia e disponibilidade. Aos leitores, agradeço por terem tido paciência de ler até aqui, e aos meus leitores agradeço o apoio e o carinho que sempre recebo. Vocês são o máximo! A todos peço um olhar mais carinhoso sobre a literatura nacional. Temos ótimos autores, vamos prestigiá-los!
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Participem, vou adorar ver vocês por lá!
A Laura foi a autora nacional do mês de agosto no Blog, espero que tenham gostado da resenha dos 2 livros e da entrevista, eu amei conhecer o mundo sobrenatural criado pela autora.
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