Em uma noite sem luar - Dai Sijie

>>  sexta-feira, 27 de agosto de 2010


SIJIE, Dai. Em uma noite sem luar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. 248p. Título original: Par Une Nuit Où la Lune ne S’est pas Levée.

A China de 1979 é o cenário do novo livro do autor Francês, nascido na China, Dai Sijie. O autor de “Balzac e a Costureirinha Chinesa”- que ficou conhecido mundialmente e foi aclamado pela crítica - em seu novo livro narra a historia de dois jovens de cultura distintas, uma paixão e a busca por um manuscrito perdido há muitos séculos. 

Na Pequim comunista de 1979 uma jovem francesa trabalha como interprete e estuda a língua chinesa. Enquanto trabalha com o cineasta Bernardo Bertolucci nas gravações do filme “O último Imperador” conhece o professor Tang Li que lhe conta a história de um tesouro perdido, rasgado ao meio em um momento de loucura, pelo último imperador Puyi. 

Morando em Pequim ela conhece o tímido Tumchooq, o verdureiro Chinês, filho de um Francês que traduzia textos budistas, e que procurou durante toda a vida pela outra metade do manuscrito perdido. Apaixonados, entre encontros noturnos furtivos e passeios por Pequim, passam a procurar pelo restante do manuscrito. 

Segundo a lenda, este manuscrito foi enviado pelo próprio Buda aos seus discípulos, escrito em uma língua desconhecida, entregue ao Imperador Puyi que nunca conseguiu decifrá-lo, até ser apreendido pelo regime maoísta. Em sua partida para o exílio Puyi rasga ao meio o manuscrito e o lança aos céus. Tudo que eles têm é a tradução do começo do texto “Em uma noite sem luar, um viajante solitário avança no meio da escuridão por uma longa trilha que se confunde com a montanha, e a montanha com o céu...”. 

Um dos belos quadros de Huizong
A busca pelo manuscrito é um pretexto para viajar pela China de ontem e de hoje, uma viagem minuciosamente descrita. Passando pelo império chinês, pela vida do imperador Huizong e seus famosos quadros, a loucura de Puyi e suas buscas sem limites, a cidade proibida, a vida na China comunista e diversas outras línguas e culturas. 

A parte histórica do livro é sensacional, descrita de forma minuciosa e muito bem ambientada, você quase consegue visualizar o palácio imperial e cada uma das loucuras do último imperador. Como contraste, os personagens são descritos superficialmente e trama  se perde. O resultado é que o livro não me conquistou, foi uma leitura arrastada, sonolenta e sem nenhuma emoção. 

A sensação é que você vai passando pelo livro e muito pouco acontece, o auge do livro é a história passada do império Chinês e os personagens do romance são meros figurantes. As descrições do autor também me incomodaram bastante, não sei se este realmente não é o meu tipo de leitura, mas você acompanhar o autor descrevendo durante 2 páginas inteiras a pintura de um cavalo em um calendário, é demais para a minha paciência.

Eu estava muito interessada no livro tanto pelos elogios do primeiro livro do autor, como pelo fato de ser um romance chinês. Desde que eu li A montanha e o Rio (Da Chen, Nova Fronteira) me apaixonei pela cultura chinesa.  E aqui o romance não se explica, não acontece.

Primeiro porque não consegui entender o fato da moça francesa, estudada, se apaixonar pelo verdureiro chinês do nada (do nada mesmo! Porque ele dava folhas de verdura velha para o coelho dela). Depois em uma certa altura do livro eles se separam e ela passa por uma série de novos países, novas línguas, sempre em busca de Tumchooq e o manuscrito que ele tanto queria descobrir. Sabe qual era o passeio romântico dos dois?! Andar de bicicleta e comer legumes crus! 

Resultado foi que li até o fim, esperando que a história acontecesse, que eu fosse conquistada pela escrita lírica do autor, mas não aconteceu. O ápice do livro é realmente a parte histórica e vale a pena para quem quer conhecer a fundo a cultura Chinesa e a história do país.  Quem ler, por favor, venha aqui e me diga o que achou ^^

Avaliação (1 a 5) :

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